Não é pois de se estranhar que seja considerado perigoso e temido, posto que se trata daquele que é o próprio princípio do movimento, que tudo transforma, que não respeita limites e, assim, tudo o que contraria as normas sociais que regulam o cotidiano passa a ser atributo seu. Exu carrega qualificações morais e intelectuais próprias do responsável pela manutenção e funcionamento do status quo, inclusive representando o princípio da continuidade garantida pela sexualidade e reprodução humana, mas ao mesmo tempo ele é o inovador que fere as tradições, um ente portanto nada confiável, que se imagina, por conseguinte, ser dotado de caráter instável, duvidoso, interesseiro, turbulento e arrivista.
SINCRETISMO - O sincretismo não é, como se pensa, uma simples tábua de correspondência entre orixás e santos católicos, assim como não representava o simples disfarce católico que os negros davam ao seus orixás para poder cultuá-los livres da intransigência do senhor branco, como de modo simplista se ensina nas escolas até hoje (Prandi, 1999). O sincretismo representa a captura da religião dos orixás dentro de um modelo que pressupõe, antes de mais nada, a existência de dois pólos antagônicos que presidem todas as ações humanas: o bem e o mal; de um lado a virtude, do outro o pecado.
Essa concepção, que é judaico-cristã, não existia na África. As relações entre os seres humanos e os deuses, como ocorre em outras antigas religiões politeístas, eram orientadas pelos preceitos sacrificiais e pelo tabu, e cada orixá tinha suas normas prescritivas e restritivas próprias aplicáveis aos seus devotos particulares, como ainda se observa no candomblé, não havendo um código de comportamento e valores único aplicável a toda a sociedade indistintamente, como no cristianismo, uma lei única que é a chave para o estabelecimento universal de um sistema que tudo classifica como sendo do bem ou do mal, em categorias mutuamente exclusivas.
No catolicismo, o sacrifício foi substituído pela oração e o tabu, pelo pecado, regrado por um código de ética universalizado que opera o tempo todo com as noções de bem e mal como dois campos em luta: o de deus, que os católicos louvam nas três pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo, que é o lado do bem, e o do mal, que é o lado do diabo em suas múltiplas manifestações. Abaixo de deus estão os anjos e os santos, santos que são humanos mortos que em vida abraçaram as virtudes católicas, às vezes por elas morrendo.
Dados sobre o orixá
Nome: Esú
Filiação: Osalá e Iyemonjá
Dia da semana: Segunda-Feira, porem todos os dias são de Esú
Data: 13 de junho
Cor: Vermelho e preto, mas todas as cores pertencem a Esú
Flores: cravos e rosas vermelhas
Símbolo: Ogó (bastão com cabaças que representa o falo)
Domínio: Estradas e Encruzilhadas
Oferenda: são bodes e galos, pretos de preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas no azeite de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo de azeite, o Adí, por ser extraído do caroço e não da polpa do dendê e portar a violência e a cólera.
Plantas - Pimenta, capim tiririca, urtiga. Arruda, salsa, hortelã.
Animais - Bode.
Metal - Bronze, ferro (minério bruto).
Comidas - Farofa de dendê, bife acebolado, picadinho de miúdos.
Bebidas – Cachaça.
Domínios – (variados) - Passagens, encruzilhadas, caminhos, portas, entrada das casas.
O que faz - Vigia as passagens, abre e fecha os caminhos. Por isso ajuda a resolver problemas da vida fora de casa e a encontrar caminhos para progredir. Além disso, protege contra perigos e inimigos.
Quem é - Elo de ligação entre os homens e os Orixás; senhor da vitalidade; do sexo; da alegria, da vida, das sensações.
Características - Apaixonado, esperto, criativo, persistente, impulsivo, brincalhão, amigo.
Sincretismo: Em algumas regiões, Santo Antonio e comumente confundido com o demonio Cristão
Saudação: Laroiyê Esú Omojubá ! que significa o bem falante e comunicador
Toque: jexá, bravun, adarrun e toques rapidos
Elemento: Fogo
Atividade: Comunicação entre os Homens e os Deuses.
Referências bibliográficas:
BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia: rito nagô. 3A ed. São Paulo: Nacional, 1978.
MUSSA, Alberto. Elegbara. Rio de Janeiro: Editora Revan, 1997.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte. Petrópolis: Vozes, 1976.
VERGER, Pierre. Notas sobre o culto aos orixás e vodus. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Edusp, 1999.
Fonte:
http://cantodoorixa.blogspot.com/2008/11/o-orix-exu-bar-elegb-elegbar-ou-aluvai.html
http://www.jornalagaxeta.com.br/materias.php?opt=1&sub=82&mat=1669
http://www.culturabaiana.com.br/exu-o-orixa-da-comunicacao-e-do-movimento/
http://www.logunede.com.br/esu
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Há cinco anos, em abril de 2006, eu dava início a este blog sobre quadrinhos, cinema, música, literatura, moda, comportamento, vida. Estamos firmes, diariamente, de segunda a sexta (exceto nos feriados porque também sou filho de Deus), escrevendo (e escrevivendo) sobre esses assuntos. Na próxima semana estaremos abordando a censura nos quadrinhos, quadrinhos underground e sobre a trajetoria do escritor e poeta Florisvaldo Mattos. Agradeço ao público leitor que muito me estimula com sugestão e incentivo (Gutemberg).
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