05 abril 2011

O triunfo da música (2)

Estamos comentando o livro do professor Tim Blanning, “O Triunfo da Música” lançado recentemente pela Companhia das Letras. A obra de Tim defende a ideia de que, sobretudo a partir de Beethoven, os compositores ascenderam como nunca e mudaram o status social de sua arte.


RELIGIÃO DO POVO


Na pesquisa de Tim Blanning consta que nas civilizações antigas, a música era venerada como meio ideal de transmitir ordens divinas e agradecer por elas. Os músicos eram escravos. Enquanto a música permanecia parte da ordem divina imutável, seu servidor terrestre não era muito valorizado. A conquista de prestígio por parte de Beethoven (1770-1827) e seus sucessores como Paganini (1782-1840), Wagner (1813-1833) e Liszt (1811-1881) com um processo que sacraliza a música ao mesmo tempo em que a sociedade se secularizava. Com isso, a estética da expressão (o romantismo) une Wagner com John Coltrane (1926-1967).


À medida que a música foi sacralizada e colocada num altar, seus criadores foram alçados à posição de sumos sacerdotes daquela religião secularizada. Um sinal de mudança de atitude em relação à música do passado foi a fundação da Academy of Ancient Music em 1726, um grupo de músicos profissionais dedicados a reviver a música sacra e madrigais dos dois séculos anteriores. Em 1900, os grandes axiomas da “música de arte” estavam formulados.


Desde a época de seu surgimento no final do século XIX, o jazz se enquadrou bem, na estética romântica, devido à sua espontaneidade, improvisação e individualidade. Suas origens afro americanas também o tornaram um aliado potencial dos movimentos de libertação. Mas durante grande parte do século XX, apesar de toda a capacidade do jazz de expressar o sofrimento e as aspirações de uma comunidade oprimida, o gênero fez parte integral da indústria do entretenimento.

ROCK


Em 1967 quando o jazz perdia força como veículo para a sacralização musical, outro gênero começava a adentrar um território mais sofisticado. Tratava se do rock, que começava a adentrar um território mais sofisticado. Embora o rock´n´roll tenha liderado uma revolução cultural e social nos anos 1950, no início dos anos 1960 estava dominado por gerentes, empresários e gravadoras sem maiores ambições além de ganhar o máximo de dinheiro o mais rápido possível. A pura energia de seus primórdios dera lugar a um estilo mais ameno e menos apurado. Em 1956, Elvis Presley cantava “Heartbreak Hotel” com toda a sua alma; em 1962, cantava “Good luck charm” como um crooner com um acompanhamento suave de country music; e em 1965 interpretava canções piegas como “If everyday was like Christmas”.


A erupção dos Beatles no inverno de 1962-63 não mudou muita coisa. As letras triviais de seus primeiros sucessos -- Love me do, Please please me, From me to you, She loves you... -- ainda estava firmemente ancorados na tradição dos infortúnios e tribulações do amor jovem. Bem mais ousados foram os grupos que resistiram ao tipo de assepsia que o empresário Brian Epstein impôs aos Beatles: cortes de cabelo padronizados, uniformes, relações públicas. Os Bluesbreakers de John Mayahall, The Animals, The Yardbirds e The Rolling Stones, com sua música visceral, viva e enraizada, se mantiveram fiéis à tradição afro americana do blues que originalmente os inspirara.


Numa das grandes ironias da história musical do século XX, foram as bandas de blues inglesas que criaram um mercado de massa para os músicos afro americanos em seu próprio país, tornando palatável ao público americano branco como “The house of the rising sun” (The Animals) e “I just wanna make love to you” (The Rolling Stones)


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