O quadrinista francês Albert Uderzo (1927-2020) ao lado do roteirista René Goscinny (1926-1977) publicou 24 livros da série Asterix, que venderam, ao longo de seis décadas, mais de 370 milhões de exemplares traduzidos para mais de cem idiomas em todo o mundo. Após a morte de Goscinny, a franquia seguiu adiante, rendendo adaptações live action estrelando Christian Clavier e Gérard Depardieu, diversos filmes de animação e jogos de videogame inspirados nas tramas e cenários dos personagens, além de outros álbuns em quadrinhos, sendo alguns com arte do próprio Uderzo e outros, mais recentemente, com autoria de outros quadrinistas. A bande dessinée humorística de Asterix retratava a resistência de um vilarejo gaulês contra o irresistível avanço do Império Romano sobre suas terras no século 1º a.C. O tema pode até soar árido e mais adequado a um livro de história antiga do que ao entretenimento infantojuvenil, mas Goscinny e Uderzo provaram por décadas que eram magistrais em transformar assuntos delicados do passado em material para deleite. É surpreendente, aliás, que um quadrinho que retrata estereótipos étnicos e nacionais (do norte da África à península escandinava, praticamente todos os povos e países foram alvo de piadas de Uderzo e Goscinny), como Asterix, tenha sobrevivido tão bem na era do politicamente correto. Isso só demonstra a aptidão da dupla para fazer rir sem ofensas preconceituosas e desnecessárias - façanha não disponível a qualquer artista que trabalha com humor.
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