Na França, em março de 1962, surgiu Le Club des Bandes Dessinées (CBD), com o quadrinista Jean-Claude Forest, o cineasta Alain Resnais, críticos como Francis Lacassin e Pierre Couperie, entre outros. Contando com a presença de intelectuais e artistas do cinema no auge da Nouvelle Vague, o CBD conquistou um prestígio raro para os quadrinhos, proclamando em sua primeira assembleia geral as HQs como a nona arte. No mesmo ano, lançaria o fanzine de quadrinhos Giff-Wiff, publicado até 1967, com 23 números. Dois anos depois, em 1964, ocorreria um racha, o CBD receberia um novo nome, Centre D’études Des Littératures d’Expression Graphique (CÉLEG), e os dissidentes formariam a Société Civile d’Études et de Recherches des Littératures Dessinées (SOCERLID). Esta, por sua vez, em 1966, lançaria sua própria revista, Phénix.
O motivo da separação seria a ênfase demasiada na chamada era de ouro dos quadrinhos americanos, anos 1930. Por isso, um grupo que contava com Claude Moliterni e Pierre Couperie, desejando escrever também sobre quadrinhos contemporâneos, criou seu próprio espaço. Enquanto a CÉLEG co-organizaria, junto do Istituto di Scienza delle Comunicazioni di Massa, em 1965, o primeiro congresso internacional de quadrinhos, em Bordighera, e a edição do ano seguinte em Lucca, a SOCERLID montaria a exposição de 1967, Bande Dessinée et Figuration Narrative, também exposta no MASP em 1970. Embora os dois grupos não reclamassem uma valorização artística dos quadrinhos, e ainda fossem mais ou menos filiados ao culto da nostalgia, a criação de um espaço amplo de debate, o diálogo com a academia e o museu e a investigação estética foram importantes para toda a escrita sobre os quadrinhos que seria desenvolvida – como é o caso dos Les Cahiers de la Bande Dessinée, de 1971 a 90, dedicados a divulgar fanzines de vários países, reeditar clássicos europeus, promover dossiês e encontros de autores, teorizar quadrinhos e publicar desenhos inéditos
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