12 janeiro 2021

Uma escritora tida como maldita e muito censurada

 

Adelaide Carraro (1925/1992) – Com 48 títulos publicados entre romances e contos, a escritora paulista teve 16 livros censurados e esteve diversas vezes presa por atentado ao pudor. Durante os anos 60 e 70 pela sua suposta militância comunista, sempre negada por ela. De família humilde perdeu os pais na primeira infância. Durante a adolescência viveu em orfanatos. Essa fase de sua vida está relatada no livro Eu Mataria o Presidente. A partir dos 17 anos teve diversos empregos públicos (nos quais se teria envolvido com políticos inescrupulosos) e da experiência como enfermeira (quando conviveu com a insanidade) ela extraía matéria-prima para a maioria de suas obras, muitas das quais utilizadas nos anos 70 como roteiros de filmes eróticos produzidos na chamada boca-do-lixo. A maioria de suas obras foram publicadas por editores obscuros.

 


A partir de 1973, Carraro começa nova fase. Passa a publicar pela Editora Global dedicando nos últimos anos à literatura infanto-juvenil e a campanhas contra o uso de drogas. Eu e o Governador (Editora Loren) publicado em 1963 é um dos seus títulos mais conhecido e polêmico. Narra o suposto caso de amor que ela teria mantido com Jânio Quadros, no período em que ele foi governador de São Paulo. Escritora Maldita, A Amante do Deputado, Adúltera, De Prostituta a Primeira-dama são alguns títulos da autora de livros considerados pornográficos. Chamada de “negociante do sexo”, de “dona do filão pornô”, de “escritora maldita”, etc, Adelaide rejeita a todas essas classificações acreditando em seu trabalho como forma de denúncia dos problemas políticos e sociais.

 


Em Literatura da Cultura de Massa, Waldenyr Caldas analisa a chamada “paraliteratura”, tendo por base a obra da escritora Adelaide Carraro. “Dizendo-se uma escritora de temas políticos e sociais e usando a sexualidade apenas como pretexto para denunciar a corrupção dos políticos Adelaide inverte toda a situação. A sexualidade assume o primeiro plano em sua obra e a corrupção política, os problemas sociais aparecem apenas como uma questão secundária, portanto, de menor importância”, informou Waldenyr Caldas. (Texto inédito da pesquisa que realizei nos anos 1980/90 sobre Erotismo e Pornografia na Literatura, Musica, Cinema, Artes Plasticas, Fotografia e HQ)

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