06 janeiro 2021

Negro como a noite, vermelho como sangue

Sujo, racista e extremamente perigoso. É o Velho Oeste trazendo sexo, mortes mais violentas e até estupro, alem do humor negro e o sarcasmo: o personagem tem uma visão bem pessimista de mundo. Longe do estereótipo do cowboy perfeito, silencioso e perigoso, ele é falho, cruel, vingativo e toma decisões questionáveis apesar de estar sempre tentando fazer a coisa certa e honrada. Estamos falando de Deadwood Dick de Joe Lansdale que em 2018 foi publicado pelo selo Audace Comics da Sergio Bonelli Editore. E em 2019 publicado pela Panini brasileira.


Nat Love, o personagem principal que também passa a ser conhecido como Deadwood Dick, realmente existiu (1854-1921). Nat ampliou seus feitos ao escrever a autobiografia Life and Adventures of Nat Love, Better Known in the Cattle Country as Deadwood Dick, by Himself.



É o retrato do Velho Oeste de maneira mais visceral. Deadwood Dick de Joe Lansdale é uma adaptação em quadrinhos das aventuras de Nat Love baseada nos livros e contos do famoso autor texano Joe Landsdale. As adaptações para HQs da Audace, que já contam com mais de 5 volumes, tiveram a participação de diversos roteiristas e desenhistas.


O primeiro volume, intitulado Deadwood Dick: Negro como a Noite, Vermelho como Sangue, contou com roteirização de Michele Masiero e arte de Corrado Mastantuono. Nat Love é um pistoleiro negro que fugia de um linchamento e decidiu se alista entre os soldados afro-americanos do Nono Regimento de Cavalaria do Exército americano. Ele aprende a domar cavalos, a suportar a vida no quartel, e também a caçar os índios rebeldes, até que, nos territórios selvagens das pradarias, acaba cara a cara com os apaches. O texto é cheio de alegorias e ao mesmo tempo direto. Dos dias de domar um cavalo até o confronto com os índios. A arte de Mastantuono é bela.

 


A trama é narrada em primeira pessoa pelo protagonista, o ex soldado búfalo Nat Love, e em uma sucessão de casos indo desde o salvamento de uma prostituta atacada por nativos numa estrada no fim do mundo até o livramento de outro negro que está sendo caçado por um bando. O que se evidencia é a extrema violência gráfica da trama.

 

No volume 2 o cowboy afro-americano socorre um desconhecido largado para morrer no deserto. Ao chegar a Hide and Horns, uma vila povoada pela pior escória do extremo oeste, Dick quer dar a seu amigo Cramp um enterro cristão, mas é difícil para os racistas permitirem que um negro infecte o solo de seu cemitério. Pistoleiros furiosos, prostitutas chinesas e um cadáver cada vez mais incômodo. Extraído de um conto de Joe R. Lansdale, esta é a premissa para Entre o Texas e o Inferno.

 

O terceiro volume que encerra as publicações no Brasil conta a história da Segunda Batalha das Muralhas de Adobe, que aconteceu em 27 de junho de 1874. Eram 28 caçadores de búfalos que defendiam o assentamento de Adobe Walls (onde hoje é o Condado de Hutchinson, Texas) do ataque de centenas de guerreiros Comanche, Cheyenne, Kiowa e Arapahoes.

 

Vale a pena ler as aventuras desse pistoleiro!.

 

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