Hilda Hilst (1930-2004) - Escritora que nunca se dobrou aos códigos e condutas reservados
às mulheres de sua época. Enveredou por textos ditos pornográficos – O Caderno
Rosa de Lory Lamb (1990), Contos D´Éscárnio/Textos Grotescos (1990) e Cartas de
um Sedutor (1991), desafiando editores, que a consideravam difícil demais. Em
1992 ela trocou o pornô pelo erotismo publicando o livro de poesia Do Desejo. E
em 1997 ela publicou Estar Sendo Ter Sido mesclando poesia e prosa, Deus e o
amor, machismo, pornografia e redenção pela escrita. A fase erótica da
literatura da escritora paulista Hilda Hilst foi uma reação à indiferença dos
editores e do público diante de sua obra.
É interessante observar a aposta no obsceno que
atravessa grande parte da obra hilstiana. Ao jogar luz sobre o que está
relegado às sombras, ao revelar o segredo que excede o valor moral – segredo do qual temos medo – o obsceno será
um dispositivo de transgressão das convenções sociais que obliteram uma
experiência integrada.
Autora de mais de 30 livros, Hilda Hilst foi procurada
pela equipe da revista francesa L´Infine, do escritor Philippe Sollers.
Perguntada sobre o que considera erótico, brincou: “Não sabemos o que é
obsceno. Outro dia entrei no banheiro sem notar que um amigo tomava banho e ri
tanto que tive que ser hospitalizada. Pensei: foi por esse detalhe que me
emocionei tanto no passado?”. Respeitada na Europa, mas incompreendida no
Brasil, a escritora paulista Hilda Hilst confessou ao Jornal do Brasil que a
opção pela literatura erótica foi uma reação à indiferença dos editores. Logo
que foi publicado suas obras, seus ex-amigos se afastaram, assustados.
Não foram poucos os críticos e leitores que
manifestaram seu repúdio ao fato de Hilda Hilst ter abandonado a literatura
dita “séria” e existencial em função de uma trilogia erótica. O Caderno Rosa de
Lory Lamby, Contos d´Escárnio/Textos Grotescos e Cartas de um Sedutor embora
pudessem chocar pela ousadia, deram à escritora uma notoriedade que ela há
muito merecia. Ao optar pelos universos da sexualidade e do erotismo, ela
propicia ao leitor um denso mergulho na arte de utilizar as palavras para
evocar, acima de tudo, o prazer da escritura.
(Texto inédito da pesquisa que realizei nos anos 1980/90 sobre Erotismo
e Pornografia na Literatura, Musica, Cinema, Artes Plasticas, Fotografia e HQ)
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