Gilberto Freyre (1900/1987) – Historiador e sociólogo
pernambucano escreveu sem descanso e produziu uma obra imensa. Depois de
publicar Casa Grande e Senzala (1933), obra cujo subtítulo é Formação da
Família Brasileira sob o Regime de Economia Patriarcal, revolucionou a
sociologia no Brasil. Freyre continuou a série sobre a história do país.
Escreveu Sobrados e Mucambos (1936) sobre o império, e Ordem e Progresso
(1959), sobre os primeiros anos da República.
“Casa Grande e Senzala inaugura uma linha de análise
da realidade e formação da identidade do país, incluindo a contribuição
cultural de índios, portugueses e africanos. Seu grande diferencial é
transformar a mestiçagem, até então considerada um entrave ao desenvolvimento
nacional, em motivo de otimismo.
Se por um lado ele foi considerado pontífice da
sociologia brasileira do século XX, também é verdade que não poucas vezes foi
censurado pelo seu modo de escrever com excessivo e ostensivo prazer literário.
Muitos consideravam esse estilo uma intromissão impressionista demais numa obra
científica. A linguagem de Gilberto Freyre na obra Casa Grande & Senzala
foi por demais avançada para os idos de 1930. Ao abordar a formação da família
patriarcal brasileira, ele a tratou sob o viés da temática sexual. E, naquele
momento, apresentar e justificar qualquer assunto envolvendo sexo era chocante,
malicioso, erótico, pornográfico. Ele foi chamado de O Pornógrafo de Recife por
ousar infringir as regras de uma sociedade moralista e hipócrita. Contrariou
alguns pontos de honra. Companhia de Jesus (Congregação Mariana da Mocidade
Acadêmica/Igreja Católica) e valorizou o papel do negro no processo
civilizatório.
Tornou-se um alvo perfeito para ser desmoralizado,
execrado e perseguido. Sua temática chocava-se de frente com a moral vigente,
principalmente em se tratando de sexo. Os outros atributos: comunista,
anti-católico, anarquista, agitador, dissolvente, anti-lusitano, anti-nacional,
africanista, advieram em conseqüência do tema primeiro – a sexualidade, tema
mais do que tabu nos anos de 1930.
Quando Casa Grande & Senzala foi lançada houve
quem visse nas francas alusões ao sexo em suas páginas um exercício de pura
pornografia, ou impuro erotismo. Para os críticos mais conservadores, o autor
não fazia história social, e sim sexual. Para os mais avançados, esse
tratamento livre do assunto é um dos charmes de Gilberto Freyre, e o que dá à
sua linguagem uma sensualidade inigualada por seus pares sociológicos e
antropológicos. “Mais depressa nos libertamos, os brasileiros, dos preconceitos
de raça do que dos de sexo. Quebraram-se, ainda no primeiro século de
colonização, os tabus mais duros contra os índios: e no século
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