20 maio 2022

CURIOSIDADES BAIANAS (25) Emília Biancardi

 

Colecionar peças e objetos é uma prática tão antiga quanto a própria técnica de confeccioná-los. A pesquisadora de folclore, Emília Biancardi se dedica a juntar instrumentos musicais primitivos do mundo inteiro. Essa paixão vem desde os 19 anos de idade e pode ser avaliado nos enormes sacrifícios feito pela pesquisadora para a compra de suas peças, como, durante suas viagens, deixou muitas vezes de alimentar-se corretamente, a fim de poupar dinheiro. Ela não se arrepende, porém. Hoje já são mais de 2.000 instrumentos. Há instrumentos do mundo todo. De Katmandu, no Tibet, a vilarejos do interior da França. É um acervo interminável.

 


Criadora do primeiro grupo para-folclórico da Bahia, na Escola Normal, em 1962, Emilia começou a viajar pelo interior em busca das feiras livres, onde pudesse encontrar preciosos instrumentos primitivos. Mais tarde, já coordenando o grupo folclórico Viva Bahia, pôde viajar ao exterior, quando adquiriu instrumentos em países da Europa, da África e do Oriente. Mesmo dos países que não teve oportunidade de visitar, Emilia possui algumas peças presenteadas por vários amigos diplomatas que se encarregavam sempre de lhe trazer um exemplar novo para a coleção. No acervo de Emília, contudo, há espaço também para os instrumentos primitivos brasileiros. Da tribo dos Kamaiurás, no Xingu, ele trouxe, por exemplo – a flauta jacuí – considerada sagrada na tribo e exclusivamente dos homens. Outra flauta, a uruá, é usada às vésperas do quarup para limpar as casas dos índios contra os maus espíritos. Outras preciosidades da coleção de Emília são algumas réplicas de instrumentos pré-colombianos, trazidos do México, e o instrumento africano monocórdico que se chamava rucumbo e hoje é conhecido como berimbau.

 

Desde o início dos anos 60, a professora e musicóloga Emília Biancardi realiza pesquisa sobre cantos e danças do folclore baiano. Publicou seis livros sobre o tema, abordando diversos aspectos do folguedo, incluindo partitura musical, fotografias antigas de dançarinos e mestres e coreografias. “Lindro Amô” foi lançado em 1968 e narra a trajetória do folguedo típico de Santo Amaro da Purificação e de outras cidades do Recôncavo baiano que tem por finalidade tirar esmolas ou “missa perdida”, em louvor aos santos mais populares da região. Em 1969 ela lançou “Cantorias da Bahia” só dedicada a música folclórica da Bahia.

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