19 maio 2022

CURIOSIDADES BAIANAS (24) Cipriano Barata

 


O mais autêntico representante do pensamento liberal brasileiro dos fins do século XVIII e primeiras décadas do século XIX. Em 1798 ele foi um dos fundadores da Loja Cavaleiros da Luz, na Bahia, e manteve-se fiel à Maçonaria, sendo, algumas vezes, por ela socorrido financeiramente. Foi preso por se envolver nos movimentos de liberdade. Após prisão que durou mais de um ano, em 1799 foi libertado e dedicou à sua clínica e aos trabalhos agrícolas, como lavrador. Envolveu-se na Revolução Pernambucana. Após a derrota da revolução, foram remetidos, presos, para a Bahia, 104 insurgentes, que acabaram se salvando da morte em virtude do decreto de 1812, de D. João. Salvos do fuzilamento, permaneceram presos, mas, já ai, mantendo contactos abertos com os liberais baianos, Cipriano deles se aproximou e foi, logo, considerado “amigo dos presos”. Presidiu comitês para arrecadação de meios para o sustento dos presos. O real prestígio popular de Cipriano seria comprovado em 1821. Ele se pós à frente de um movimento popular visando prestar apoio à revolução portuguesa. Em 1821 realizaram-se as eleições para a escolha dos deputados brasileiros às Cortes Portuguesas. Cipriano foi o grande vencedor.  Desde a posse, procurou demonstrar ali estar para defender, incondicionalmente, os interesses de sua terra. Deixou patenteado não se considerar português e, sim, brasileiro. Enfrentou o clima de coação. Sua coragem e até mesmo audácia na defesa das coisas do Brasil o tornaram, desde logo, conhecido e odiado por todos. Não era só a coragem no debate que marcava sua qualidade de brasileiro. Também sua indumentária constituía-se numa afirmação de brasilidade e se tornava uma verdadeira provocação aos portugueses, pois calçado e vestido desde os pés até a cabeça com fazendas manufaturadas na Bahia. Para se ter uma idéia do prestígio que gozava junto às massas, basta atentar-se no relato do próprio Ministro da Guerra, na sessão do dia 20 de maio de 1833 da Câmara dos Deputados, segundo o qual, na Bahia, as pessoas que não queriam ser molestadas, colocavam nas portas de suas casas o letreiro Barata. Esse prestígio era facilmente constatável em todo o território nacional.

 

 

Nenhum comentário: