02 maio 2022

CURIOSIDADES BAIANAS (08) Martim Gonçalves

 


O diretor, tradutor, cenógrafo, figurinista, crítico, jornalista e professor pernambucano Eros Martim Gonçalves (1919-2019) morou durante cinco anos na Bahia.  Mais do que emprestar o nome ao teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Martim foi fundador da primeira Escola de Teatro do país ligada a uma instituição de ensino superior. Com a criação da Escola de Teatro da Ufba, nos anos 1950, marcou a trajetória de  atores como Othon Bastos, Nilda Spencer (1923- 2008) e Antonio Pitanga, além do cantor Caetano Veloso e do cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Foi também um dos fundadores do Teatro Tablado no Rio de Janeiro. O diretor falava quatro línguas e tinha conexões em mais de 20 países. E No final dos anos 1950, conseguiu se articular de tal forma que a Escola reuniu um inédito poder, uma capacidade técnica que nenhuma outra instituição tinha. Daí vem o estigma. Ele teve uma contribuição decisiva na criação do Museu de Arte Sacra e do Centro de Estudos Afro- Orientais. Além disso, foi ele quem influenciou a criação do Museu de Arte Moderna da Bahia no Solar do Unhão, com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992). Durante sua passagem pelos Diários Associados, Martim conheceu o fotógrafo e etnólogo Pierre Verger (1902-1996), sendo responsável por promover suas pesquisas em solo africano. Eles articularam viagens juntos, detalhadamente para Nigéria e Senegal e, graças a Martim e ao dinheiro da [Fundação] Rockefeller, Verger conseguiu gravar no palco da escola a roda de xirê completa, que hoje está no acervo da Fundação Pierre Verger. Outro impasse que marcou a passagem de Martim Gonçalves pela Bahia foi com a primeira turma de atores profissionais que chegou perto de se formar na Escola de Teatro da Ufba, mas rompeu o vínculo com a instituição e fundou a Companhia Teatro dos Novos. Foi essa mesma companhia que criou, em 1964, o Teatro Vila Velha (TVV). A importância de Martim Gonçalves para o teatro baiano e brasileiro é inquestionável.

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