O humor de Lage é assim, maduro, essencial, demolidor. Seu traço falava para todo tipo de público, poisera carregado de expressividade. O talento do chargista conquistou um espaço excepcional num jornal que sempre escolheu a opinião pela noticia sem comentários. Antes de se debruçar sobre a prancheta, Lage, cercado de fatos por todos os lados, gastava uma hora diária com a leitura dos jornais locais e nacionais. Depois deixava o lápis correr sobre a folha de papel em branco. Mais uma hora e a charge saia finalizada em nanquim.
A importância do desenho humorístico na imprensa, seja como documento histórico, como fonte de informação social e política, como fenômeno estético e como forma de expressão artística e literária, é inegável. O humor gráfico exige de seu criador um mínimo de destreza de traço e um mínimo de julgamento estético. Exige muita síntese, tanto de traços, por causa do impacto visual que deve provocar, quanto de significado, que precisa ser necessariamente claro para que a mensagem passe a todos os leitores.
A história de Lage e da sua obra vai contada aqui neste livro, que integra a Coleção Gente da Bahia, editada pela Assembleia Legislativa. É um registro inestimável para que as novas gerações possam conhecer gente que se deu à Bahia, como Lage. Esta obra traz o seu perfil em sete capítulos, escritos em linguagem simples, de leitura prazeirosa.
O leitor vai conhecer a família, a infância, juventude, a vida do artista na escola; sua formação na Faculdade de Arquitetura e o cartunista que foi crescendo em paralelo e acabou superando o arquiteto. Vai saber também sobre o trabalho de Lage na Tribuna e os diversos projetos paralelos em que se envolveu ao longo da vida, incluindo os já citados aqui.
O quarto capítulo é dedicado ao rádio e TV. O trabalho pioneiro no Irdeb e as iniciativas de criar e veicularas primeiras vídeo-charges na Bahia. Também há uma parte dedicada à face pouco conhecida de Lage, o artista plástico. Sua pintura era um hobby que reforçava o sentido de ser artista.
Depois, o livro fala do seu casamento, o nascimento do filho, sua vida em família, nos verdes pomares da sua casa no Cabula, em Salvador; e, por fim, o relato emocionante da última fase da sua vida, a partir da constatação da doença que o levou à morte, com depoimentos dos amigos que o acompanharam de perto, as tentativas de superação e a última charge. Entre o traço e o sorriso, o epílogo, tem o seu bom humor na vida, a graça em tudo, mesmo em situações difíceis.
Esse é o nosso Lage. Agora, vire a página e entre nessa viagem, entre risos e petiscos, num traço e num risco, tudo é preciso. Com humor se vive bem melhor. Refletir e expressar o seu tempo é essencial para o desenhista. Ter consciência de sua época. Como expressar seu mundo? De que forma? Que posições tomar frente à realidade do momento?.
Essas são perguntas que muitos desenhistas se fazem a todo instante, uns mais, outros menos. Uma obra de arte significa sempre uma tomada de posição do artista perante a vida. O trabalho daqueles que procuram uma arte de consumo fácil, de puro ócio, dificilmente resistirá ao passar do tempo. O de Lage ficará para sempre.
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