Os
jornalistas Otto Freitas e Washington de Souza Filho lançaram na última
terça-feira (22/09/2015) na Assembleia Legislativa (Alba) o livro da coleção
Gente da Bahia, Lage – o traço do humor.
Os autores mostram a aguçada visão de mundo do cartunista. Fiz o prefácio.
Em sua trajetória, o lúdico, o satírico e o real traçaram sua vida - e desde cedo teve contato com as formase a criação. Ainda criança, fazia bonecos de cera e ganhou prêmio no concurso da Toddy. Aos 15 anos se apaixonou pelo desenho. Em 1967, foi trabalhar como ilustrador na Revista de Turfe. Em 1969, começou a desenvolver charge e tiras de humor no jornal recém-fundado, Tribuna da Bahia. Na série Estorinha do
Lage, começou a publicar um herói espacial, sátira ao super-herói.
Nos anos 70 começou a desenhar uma página inteira de humor no jornal O
Dia, de Piauí. Durou um ano. Em seguida começou a ilustrar a coluna esportiva de Carlos Eduardo Novaes, no Jornal do
Brasil. Depois veio a serie Cartunzão, muito irreverente. Para o suplemento A Coisa, criou L´amu tuju L´amu, abordando os costumes e comportamentos populares.
Nos anos 80 começou outra serie de tiras diárias, Tudo Bem, onde a mulher, Kátia Regina, era a personagem principal, mesmo com a presença constante de Arlindo Orlando. Em 1989, foi ao ar na Radio Educadora FM o especial Lage, Cartunista Baiano, onde as tiras Tudo Bem foram transportadas para a linguagem radiofônica.
De 1976 a 1980, foi editor de arte da revista Viver
Bahia, onde começou a fazer quadrinhos coloridos. Em 1981 assumiu a editoria de arte da revista Axé Bahia e publicou os quadrinhos da sensual Dora Mulata. Em 1984, no Jornal
da Pituba, criou o quadrinho Pituboião, satirizando o dia-a-dia da comunidade. Mais tarde fez diversas ilustrações e cartuns para o jornal O Bocão, da Boca do Rio, bairro de Salvador. Em 1990 lançou a revista de humor e quadrinhos Pau de Sebo, deboche puro.
É bom lembrar que A
Coisa foi uma das primeiras publicações de humor e quadrinhos que surgiu em Salvador, na década de 70, e começou em formato de jornal, como suplemento da Tribuna
da Bahia. O seu editorial dizia: “Esquecidos como profissionais sérios, confundidos muitas vezes com o seu trabalho que faz rir ou divertir, os desenhistas de humor e quadrinhos lutaram com dificuldade até serem reconhecidos como artistas importantes, ou mesmo artistas (…). A importância do humor e quadrinhos é indiscutível hoje em dia, pois nunca se discutiu tanto a respeito (…). Trata-se então de tomar consciência de nossa própria importância como profissionais e nos impor através da qualidade de nossos trabalhos. Consciente disso, foi que nós de A Coisa, lutamos e conseguimos reunir um grupo de pessoas interessadas que tem como meta principal uma maior valorização do autor brasileiro e em particular baiano. Acreditamos ter chegado em momento oportuno, procurando suprir a falta de uma publicação desse gênero entre nós. Pretendemos também divulgar e abrir novas perspectivas aos humoristas e desenhistas que ainda não tiveram oportunidade de publicar seus trabalhos”.
A Coisa durou de 1975 a 1976. Ainda em 1976, a equipe se mobilizou e lançou o tabloide Coisa Nostra, cujas 20 paginas incluíam reportagens, colunas de cinema, música e cartuns. O editorial do número um alertava: “Importante é que o riso não fique na boca. Ele tem que dar uma chegadinha na consciência”. Coisa
Nostra só teve quatro números.
De 1985 a 1988 Lage produziu vídeo-charge (ou charge eletrônica) na TV Educativa. Foi o primeiro a trabalhar nessa área na Bahia. Participou de vários salões de humor no Rio de Janeiro, Bahia,
São Paulo/Piracicaba e Paraná/Curitiba, entre outros. Em São Paulo, foi premiado em duas edições do Salão de Humor da Universidade Mackenzie, em 1971 e 1973. - em um deles com a charge em que um mendigo bate à porta de uma
igreja e pergunta ao padre, que aparece por trás dela, meio escondido, como se
quisesse manter distância: “Deus está?”.
Conquistou ainda um prêmio internacional, no Salão de Humor em Stutgart, Alemanha,
em 1984, com a
charge Bem-vindo ao Terceiro Mundo. Mais de 400 trabalhos de
vários países participaram do concurso denominado Die Eine Welt. Foram
escolhidos os 20 melhores do mundo, sem ordem de premiação.
Em 1997, Lage recebeu o seu
último prêmio, o Trofeu HQ Mix, em São Paulo, reunindo alguns dos mais
importantes cartunistas e desenhistas de quadrinhos do Brasil, como Ziraldo,
Maurício de Sousa, Angeli e Chico Caruso. O prêmio foi concebido a Lage como
reconhecimento pelo seu trabalho realizado na Bahia.
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