LITERATURA
É na literatura que o estilo melhor e
mais completamente se expressou. No Brasil, a Editora Aleph estreou, em 1989, a
coleção Zenith, totalmente dedicada à ficção científica. Em 1982, o escritor
canadense William Gibson começou a publicar uma série de artigos (reunidos num
livro chamado Burning Chrome) e trechos do que viria a ser seu primeiro romance
de ficção científica, Neuromancer, que, ao ser finalmente editado, em 1984,
ganhou todos os principais prêmios literários da categoria, do renomado Hugo ao
importante Philip K. Dick Award.
Gibson continuou a saga de Neuromncer
por mais dois livros, Count Zero e Mona Lisa Overdrive. A antologia Mirroshades
(1986), de diversos autores, e Schismatrix, The Artificial Kid e Islands in the
Net, por Bruce Sterling. No ano passado, o casal de jornalistas de informática,
Katie Hafner e John Markoff, lançou o livro Cyberpunk – Outlaws and Hackers on
the Computer Frontier. Relata casos reais de três hackers (cyberpunks) da
Europa e Estados Unidos pelo submundo do computador, com toques romanceados. O
livro traça o perfil de um novo tipo de fora-da-lei, o crime em alta tecnologia,
esses jovens gênios d arte de infernizar o mundo das grandes redes e retrata a
séria ameaça que representam na idade do acesso-a-tudo-e-a-todos.
Há quem aponte os pioneiros da
tendência, como William Burroughs, H.G. Wells, J.C.Ballard, Thomas Pynchon e Philip
K. Dick. Eles são considerados os pais modernos dos cyberpunks. Philip K. Dick
é autor de Do the Androids Dream About Electric Sheeps (na versão em português
O Caçador de Andróides, aproveitando o sucesso do filme de Ridley Scott, Blade
Runner). Outro ponto de partida do cyberpunk, Shockware Rider, escrito em 1975,
por John Brunner, trazia como protagonista principal um icebreaker, alguém com
capacidade de se infiltrar em sistemas.
MÚSICA E TV
Há muito pouca referência à música nos
textos dos autores cyberpunk, mas todos confessam fãs exaltados de rock,
incapazes de escrever se não estiverem, eles mesmos, plugados num sistema
portátil de som. William Gibson, por exemplo, conta que, ao escrever
Neuromancer, ele ouvia, sem parar, Velvet Underground, Joy Division e o álbum
“Nebraska”, de Bruce Springsteen. O reggae, em sua versão dub também é muito
ouvida. O rock tecnoindustrial, como Ministry, Skinny Puppy, Bomb the Bass,
Front 242, Revolting Cocks, Clock DVA (que tem uma música chamada The Hacker),
Fini Tribe, Severed Heads, Manifacture, Front Line Assembly e Beatnigs são bons
representantes da corrente. Tem, ainda, Brian Eno, Laurie Anderson, as várias
versões sintéticas de pop, principalmente pop russo. Vale lembrar os pioneiros
da techno music: Kraftwerk, Cybotron e Model 500.
O crítico de música da revista Mondo
2000 (a bíblia dos punks cibernéticos da Califórnia), Jas Morgan, cita nomes da
música pop que eles curtem: Kate Busch, Elvis Costello, George Clinton, Psychic
TV, Butthole Surfers, Enormous Ensemble, World Music, fusion, rock de garagem,
industrial disco e até o trabalho de Tom Zé gravado em Nova Iorque.
Na tevê, o melhor exemplo é Max Headroon
(criatura meio humana, meio cibernética, criada por efeito de computador) que a
TV Manchete exibia nos fins de semana; Dorfe, de Dóris para Maiores exibida
pela TV Globo e o programa Buzz, veiculado entre 1990 e 1991 pela MTV, e que
captou toda a essência da linguagem visual cyberpunk.
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