COOPERATIVAS
O alemão Roland Schaffner chegou a
Salvador em 1970 para dirigir o Goethe Institut – Instituto
Cultural Brasil
Alemanha (Icba) e ficou até 1977, Na época criou cooperativas artísticas,
construiu um teatro, barracas para montagem de cinema, de cenário, artes
plásticas, direção teatral, núcleo de vídeo, formação de ator e música
eletrônica. Também no Icba que a atual Jornada Internacional de Cinema da
Bahia, fundada por Guido Araújo em 1972 como Jornada Baiana, pode se
desenvolver. O Icba produziu o primeiro curso profissionalizante de cinema da
Bahia, de onde surgiram cineastas como Edgar Navarro e Fernando Bélem. Também
trouxe a primeira moviola, para fazer a montagem dos filmes. Schaffner também
promoveu a vinda de artistas de outras localidades.
No início de 1992, Schaffner recebeu o
título de cidadão soteropolitano e, em agosto, voltou a assumir o Icba em
Salvador, que estava semimorto. E mais uma vez o Icba foi transformado num
centro de produções alternativas, em relação ao que estava estabelecido.
Realizou o I salão de Arte Digital, além de fundar o primeiro núcleo do vídeo
baiano. Quando saiu do Icba, em 1999, ele começou a escrever um livro com suas
experiências interculturais.
ALQUIMISTA
Anton Walter Smetak (1913 - 1984),
músico, filósofo, artista plástico, poeta, professor, homem de teatro e,
sobretudo, inventor de instrumentos musicais, suiço que adotou o Brasil em
1937, fixando-se na Bahia em 1957. Violoncelista, criador de música e de
instrumentos-esculturas, a partir da combinação cabaça & cordas. Ele foi
também teórico, e expressou suas ideias cósmico musicais em textos e entrevistas.
No plano musical caminhou com resolução para o microtonalismo. Produziu um
grande acervo de textos e partituras musicais na improvisada
oficina-laboratório no porão da Escola de Música da UFBa.
Seu primeiro disco só veio a ser gravado
em 1974. Produzido por Roberto Santana e Caetano Veloso, foi montado por Cae e
Gil. Em 1980 grava o segundo disco, com os microtons Interregno. Além de 150
instrumentos criados e fabricados por ele, com as formas mais inusitadas,
Smetak escreveu 36 livros onde estão quatro peças de teatro e vários volumes de
poesia, literatura, filosofia e teoria musical. Escreveu também partituras. Em
vida foi chamado de alquimista dos sons.
CARICATURISTA
Pintor, caricaturista, desenhista de
quadrinhos. Raymundo Chaves de Aguiar (1893 – 1989) nasceu em Lisboa e chegou à
Bahia em 1913. Trabalhou no comércio e sua vida artística começou como
caricaturista do jornal A Tarde em 1917. Em 1927 foi premiado com a Medalha de
Prata pelos seus desenhos. Em 1928 ingressou na Escola de Belas Artes. Abandona
o comércio e passa a viver dos desenhos que faz para a imprensa e serviços
gráficos para litografias e clicherias. Terminou o curso em 1933 e recebeu o
Prêmio Legado Caminhoá.
Revelando-se sempre em seus trabalhos,
passa a ser assistente das cadeiras de Geometria Descritiva, Perspectiva,
Sombra e Luz e Estereotomia da Escola de Belas Artes da qual tornou-se
catedrático. Premiado em todas as modalidades a que se dedicou (charges,
quadrinhos e desenhos humorísticos, sob o pseudônimo de K-Lunga). Como
caricaturista trabalhou nos jornais O Imparcial, A Tarde, Jornal de Notícias, A
Noite, e nas revistas A Luva, A Fita, A Garota, A Farra, Melindrosa, Cegonha,
Renascença, Revista da Bahia e Única. Satirizou políticos, personalidades e
costumes. Ao se dedicar exclusivamente a pintura, com interiores, dominou
perfeitamente os jogos de luz e sombra.
INTELECTUAL
Educador, ensaísta, tradutor, poeta,
biólogo, ficcionista, professor e pensador, Agostinho da Silva (1906 – 1994)
foi, acima de tudo, desafiador de pessoas para uma liberdade e ousadia
plenamente vividas. Intelectual português que foi perseguido por Salazar chegou
ao Brasil em 1944. Era um erudito (especialista em filologia clássica) pouco ou
nada ortodoxo. Doutor pela Faculdade de Letra do Porto, exibia, em meio às suas
teses originais, uma admirável alegria para a ação prática, a intervenção
criativa no mundo objetivo e uma surpreendente versatilidade.
Chegou à Bahia em 1959 trazendo consigo
a criação de um centro de estudos da África e das relações com o Brasil,
estudando o papel que poderiam ter os vários povos dos territórios,
independentes ou não, cuja língua de Estado fosse o português, na América do
Sul, na África e na Europa. Durante o período dos grandes projetos culturais da
Universidade da Bahia e no fim dos anos 50 e início dos 60, organizou e dirigiu
o Centro de Estudos Afro-Orientais em Salvador e disseminou uma forma de
sebastianismo erudito de inspiração pessoana que atraiu muitas pessoas.
A historiadora Katia Mattoso (1932-2011)
nasceu na Grécia, morou na Suíça, chegou ao Brasil nos anos de 1950, São Paulo
e em 1957 veio para a Bahia. Ela mergulhou fundo nos testamentos e inventários
para revelar a história econômica da Bahia oitocentista.
Doutora honoris causa
pela Ufba e professora emérita da Universidade de Paris V – Sorbonne, em 1988
incentivou a criação da cadeira de história brasileira na Sorbonne, que
comandou até 1999, ano em que se aposentou.
Entre seus trabalhos estão “Ser
escravo no Brasil” (Brasiliense, 1982) e “Bahia século XIX – Uma província no
império” (Nova Fronteira, 1992). Ela foi responsável pela formação de diversas
gerações de historiadores.
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