A passagem
da civilização oral
para a palavra escrita
é que desenvolve
a civilização. Até
a invenção da imprensa
a cultura de qualquer
sociedade fica amplamente
baseada na transmissão
oral. Até o fim
do século XV, o
fato de ler, e
ter algo para ler,
foi um privilégio
de pouquíssimo erudito.
É com a imprensa
de Gutenberg que a
transmissão escrita da
cultura se torna
potencialmente acessível
a todos.
Entre o
fim do século XVIII
e começo do século
XIX a reprodução
mediante a imprensa
foi lento mas constante,
alcançando o seu
ponto alto com o
advento do jornal
que é impresso todos
os dias. Mais tarde
veio a invenção do
telegrafo, do telefone
e do radio, todos
elementos portadores
de comunicação linguística.
A virada
começa com a chegada
da televisão que vai
modificar a natureza
da comunicação, deslocando-a
do contexto da palavra
(seja impressa ou transmitida
pelo radio) para o
contexto da imagem.
Uma diferença radical. Afinal,
a palavra é um
símbolo totalmente
resolvido naquilo que
significa, naquilo que
faz entender. A palavra
leva alguém a compreender
somente quando for
entendida, ou seja,
quando conhecemos a língua
a que pertença.
Já a imagem é
pura e simples representação
visual. Para entender
uma imagem é suficiente
vê-la. Por isso, a
televisão não pode
ser tratado por analogia,
isto é, como se
fosse uma continuação
e uma ampliação
dos instrumentos de
comunicação que a
precederam. A tevê
não é um acréscimo,
mas antes de mais
nada, uma substituição
que derruba a relação
entre o ver e
o entender.
Antes nós
tomávamos conhecimento
tanto do mundo como
dos seus acontecimentos
mediante a narração
oral ou escrita. Hoje
podemos vê-los com
os nossos olhos e
a narração é quase
apenas em função das
imagens que aparecem
no vídeo.
As palavras
que articulam a .linguagem
humana são símbolos que
evocam também “representações”,isto é, evocam na
mente configurações, imagens
de coisas visíveis.
Isso acontece somente com
os nomes próprios e
com as palavras concretas.
Quase todo o nosso
vocabulário cognitivo
e teórico consiste em
palavras abstratas
que não tem nenhuma
correspondência exata das
coisas visíveis e cujo
significado não pode
ser referido nem traduzido
em imagem.
A palavra
cidade, por exemplo,
corresponde ainda a
algo visível. Mas nação,
Estado, povo soberano,
burocracia, e assim
por diante, não representam
nada visual, são conceitos
abstratos, elaborados
por processos mentais dedutivos.
Assim toda nossa capacidade
de criar e gerir
o habitat politico econômico
em que vivemos, tem
o seu eixo exclusivo
em um pensar mediante
conceitos que são
entidades invisíveis
e inexistentes.
Todo o
saber do homo sapiens
se desenvolve de um
mundus intelligibilis (de
conceitos e de
concepções mentais) que
não é nosso sentido.
Por isso a tevê
inverte o progredir
do sensível para o
inteligível, virando-o
em um piscar de
olhos para o retorno
ao puro e simples
ver. A tevê produz
e apaga os conceitos,
atrofia nossa capacidade
de compreender.
Uma prova
disso é que o
ser humano que lê
está em rápida queda,
quer se trate de
leitor de livros como
também do leitor de
jornais. A imagem,
por si, não oferece
quase nenhuma inteligibilidade.
A imagem deve ser
explicada, e a
explicação da imagem
que é dada no
vídeo é constitucionalmente
insuficiente.
Os noticiários
da tevê dão ao
espectador a sensação
que aquilo que se
vê é verdadeiro,
e que os eventos
são vistos por eles
tais como acontecem.
Mas na realidade
não é assim. A
tevê pode mentir, e
falsificar a verdade,
exatamente como qualquer
outro instrumento de
comunicação. A diferença
está no fato que
a “força de veracidade”
contida na imagem
torna a sua mentira
mais eficaz e por
isso mesmo mais perigosa.
A televisão
privilegia a emotivização
da política, isto é,
uma política relacionada
ou reduzida a pencas
de emoções. Narra avalanches
de histórias lacrimosas
e peripécias tocantes.
Afinal, a cultura
da imagem gerada pela
primazia do visual
é portadora de mensagem
“quentes” que, justamente
esquentam os nossos
sentimentos, excitam nossos
sentidos e, em
suma, apaixonam.
Apaixonar implica
envolver, fazer participar,
criar sinergias, simpáticas.
Apaixonar-se é bom,
mas fora do lugar,
é mau. O saber
é logos, não é
pathos. E para
governar a cidade
politica é necessário
o logos. Na cultura
escrita o “aquecimento”
não pode passar disso.
E por mais que
a palavra possa inflamar
(por exemplo, no radio),
a palavra é de
fato menos aquecedora
do que a imagem.
Portanto, a cultura
da imagem quebra o
equilíbrio delicado entre
paixões e racionalidade.
A racionalidade do
homo sapiens está retrocedendo.
E a politica emotiva,
emotizada e aquecida
pelo vídeo levanta e
atiça problemas sem fornecer
qualquer ideia de
como resolvê-los. E
desse nincho os agrava
ainda mais.
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