Dos 48.345 óbitos por homicídios,
registrados em 2004, 34.712 aconteceram em cidades do interior do país. De
acordo com o estudo, com base em dados de 1994 a 2004, isso mostra um
crescimento da violência no interior do país, e não só nas grandes capitais e
regiões metropolitanas. Assim, afirmou, pode-se buscar "uma integração de
esforço de todos os setores do governo para que se possa formular políticas de
prevenção de acidentes, promoção da saúde e a cultura da paz". Segundo
ele, qualquer tipo de ação feita exclusivamente pelo Ministério da Saúde, no
sentido de prevenção da violência, pode não gerar a repercussão necessária para
realizar diminuir a violência. "Temos que estar juntos, tem que haver uma
política integrada", disse.
"Existe um processo de interiorizar
a violência, até pelos mecanismos de controle de segurança
implantados nos
grandes municípios. De qualquer forma, para mim, ficou a surpresa de verificar
que muitos municípios que não estão em nenhum mapa, em nenhuma condição que o
municípios possa se destacar por essa ou por aquela razão, mas estão sendo
destacados agora com a questão da violência. São municípios pequenos, onde
impera a lei da impunidade", critica.
De onde vem a atual crise de segurança
que atinge a sociedade brasileira? A causa de tudo que vivemos hoje, com o
crescimento desenfreado do crime organizado, com as facções criminosas tendo o
poder de paralisar a cidade, com as drogas dominando a juventude, está na falta
de perspectiva do jovem, da corrupção que atinge todas as esferas da sociedade
e da impunidade. Alguns procuram saídas individuais e cometem furtos e
encontram na criminalidade do tráfico uma alternativa de vida. Outros procuram
manter sua dignidade e entram para o comércio ambulante e muitos deles são
vítimas diárias da guarda municipal. Muitos enfrentam as filas do desemprego e
acham que se tudo continuar como estar as coisas vão piorar ainda mais. A
violência faz parte da ordem capitalista, é parte integrante deste sistema, que
é movido pelo roubo do trabalho humano.
“A violência é a causa da pobreza”
A melhor forma de combater à violência é
a educação. A opinião é do fundador do Instituto Nacional de Educação para a
Paz e os Direitos Humanos, o médico e doutor em Saúde Coletiva Feizi Milani. “O
que mais favorece a cultura da violência é o fatalismo, a ideia de que as
coisas são assim, porque sempre foram assim e, portanto, sempre serão desta
forma. Para a promoção da cultura da paz, a primeira coisa que devemos fazer é
combater esse fatalismo. As pessoas precisam recuperar a sua percepção como
sujeito, como protagonista da história e, portanto, capazes de mudar as suas
vidas, a vida da sua comunidade, a sociedade”, disse numa entrevista ao jornal
A Tarde (15/06/2008).
Para ele, “estamos mergulhados em uma
cultura de violência”, e citou as cantigas infantis (“atirei o pau no gato”),
os desenhos animados (onde os heróis resolvem os problemas na base da força),
além da “cultura da competição, que também gera violência”. Segundo o professor
da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, “não ser violento exige muito
mais coragem que ser violento”.
“A violência existe em todas as classes
sociais. O tipo mais comum, mas frequente no mundo inteiro, é a violência
doméstica, a intra-familiar. Essa violência ocorre igualmente em todas as
classes sociais”, disse na entrevista, acrescentando mais adiante que “a
exclusão social, aliada a uma concentração excessiva de riqueza em uma
sociedade extremamente materialista, isso sim gera violência. Pobreza não é a
causa da violência, na realidade, a violência é a causa da pobreza. A relação é
exatamente inverso”.
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