18 maio 2016

Radio, força e convivência



Rádio AM Sociedade de Feira - Primeira Digital do Sertão é o título do livro do jornalista feirense Itamar Ribeiro de Souza. O lançamento aconteceu em outubro de 2015 no Museu de Arte Contemporânea em Feira de Santana. Já está agendado o lançamento em Salvador, Lisboa, entre outros locais. A obra retrata a história do rádio no mundo, no Brasil, na Bahia e conta a história da Rádio Sociedade de Feira, a segunda emissora AM de rádio da Bahia, além de contar sobre financiamento do rádio, mudanças de ondas, amplitude modulada (AM), frequência modulada (FM), redes de rádio via satélite, em ondas digitais, características, linguagem do rádio, script das entrevistas e galeria de fotos.

O autor também é professor acadêmico, radialista, teólogo, Membro da Academia de Artes de Feira de Santana, editor do portal www.soteropolisnoticias.com.br e integrante da Radio Sociedade de Feira-AM. Itamar é um profissional completo: jornalista, radialista, professor, cerimonialista, e muito mais – bem humorado, ético, humanista, gente que a gente gosta. Em sua obra, escrevi esse prefácio:

A força do rádio está no uso da palavra, da imaginação. E o que se ouve é diversidade. emissoras especializadas em notícias, outras de perfil mais populares e aquelas voltadas para uma programação onde mescla música e informação. Mas é preciso ter muito cuidado com o uso da palavra. O padre Antonio Vieira (1608-1697) afirmounada é mais forte e poderoso que a palavra. Com ela podemos vencer qualquer escuridão. Na Bahia muitas emissoras de rádio estão nas mãos de políticos, contrariando a função social do veículo.

É bom lembrar que em meados do século XX o rádio marcava o seu lugar no dia a dia do desenvolvimento lento, gradual, sem pressa, de uma das maiores cidades do estado da BahiaFeira de Santana. O rádio baiano criou ídolos lendárioslocutores, cantores, humoristas e compositorese projetou o futebol. Nos anos 50, nasce a paixão pelas radionovelas. A importância do rádio baiano sofre um golpe com a chegada da tevê em 1960 e com ela sai a publicidade das emissoras.


Nos anos 1970, o surgimento das FMs mudou o perfil do mercado. Assim, a qualidade maior do som, transmitido em frequência modulada, tinha uma estrutura de  emissora de rádio mais barata e exigia menos investimentos. A tecnologia permitia a manutenção da emissora no ar com apenas um locutor anunciando as músicas que eram tocadas pelo operador nos toca discos. Na década de 1980 os novos aparelhos com canal FM começam a estourar as vendas, e surge, com força, a nova música baiana, altamente dançante e com letras populares.

Com o surgimento de novas tecnologias, a exemplo da telefonia móvel, o celular serve para transmitir informações e virou ferramenta de produção de conteúdos. A presença de emissoras na internet agora oferece programação segmentada para públicos específicos. Assim, a programação do rádio vive um processo de fragmentação, mas para sobreviver é necessário se voltar para as referências locais. O que se observa é o crescimento dos modelos convergentes, multimídias e interativos. Uma sinergia entre rádio, internet e celular, veículos de programação sincrônica de rádio analógica com o tempo real de internet. As novas tecnologias estão convergindo as mídias para os mesmos aparelhos e, dessa forma, o rádio segue sua trajetória de quase 90 anos de sucesso.

É preciso compartilhar conhecimento com os jovens, reviver a forma de fazer rádio, acrescentando conteúdo a produtos existentes. E isso é o que o radialista, jornalista e professor Itamar Ribeiro faz. Reunindo suas experiências para contar a história de uma das mais importantes emissoras de rádio na Bahia: a Sociedade.

A Rádio Sociedade da Bahia foi inaugurada em 1924, 90 anos. Um programa marcante para a emissora, que se chamava Hora da Criança, começou a ser transmitido em 1943, pelo professor Adroaldo Ribeiro Costa, e ficou no ar por cerca de 20 anos. É considerada a emissora AM mais ouvida do Estado.

Itamar conta a história da Rádio Sociedade da Bahia em Feira de Santana, seus fundadores, técnicos, radialistas, programas, avanços e recuos. O resultado do trajeto da pesquisa Rádio Sociedade de Feira: Na era digital -  hoje se apresenta a um público maior. São seis capítulos que mostram desde o histórico da rádio no Brasil, sua evoluções, linguagens e gêneros.

O pesquisador recua no tempo e insere o texto da relação da rádio com a Cidade Metropolitana de Salvador. Temos o privilégio de acompanhar a saga dos fundadores, percorrer com ele todos os programas criativos e interativos. Sentimos na densidade de seu texto, na forma fácil como ele flui, um universo múltiplo de conhecimentos e informações que Itamar tenta compartilhar com os que o leem. A obra que ora se apresenta é um instrumental teórico importante não para o estudante específico de Comunicação, mas para toda e qualquer pessoa que se interesse pela mídia de uma forma geral.

Apesar das inúmeras inovações tecnológicas, o rádio tem sobrevivido. Essa é a maior prova da capacidade de convivência dos diversificados meios de comunicação.

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