Nos anos
1960, Caetano Veloso proclamou:
“Chega de Saudade”.
A saudade, muitas vezes,
é associada a uma
espécie de fuga
da realidade atual, à
mitificação de outro
tempo em detrimento
daquele que está
aí. Hoje talvez ele
seja até necessário,
num mundo que dilui
todas as experiências
em segundos. Vamos relembrar,
em pequeno resumo, o
que foi moda em
cada década do século
XX:
ANOS
10:
Rui Barbosa
era o político forte
da década, o maior
coco da Bahia. O
visual da população
era fraque, cartola, bengala
e, bigode. O som
era de Chiquinha
Gonzaga com a
marcha Abre Alas e
Bahiano com Isto
é Bom. O filme
da década: O Nascimento
de uma Nação, de
Griffith, primeiro longa
metragem norte americano.
E a
frase mais pronunciada:
"Fora da lei
não há justiça"
ANOS
20:
Político mais
em evidência era Luís
Carlos Prestes. O visual
vai para as garotas:
Ar vamp para as
mulheres com boca
carmim, cabelos curtos
e grandes decotes. O
som de destaque era
para Bessie Smith com
Crazy Blues e Pixinguinha
com Carinhoso. Metrópolis,
de Fritz Lang era
o filme em questão
junto com Limite, de
Mário Peixoto. Modernismo,
surrealismo, fox trote
e expressionismo alemão
eram temas em discussão.
E Mickey Mouse era
o tal nos desenhos
animados. A frase:
"Parabéns, Sr. Ford.
Só daqui a cem
anos poderemos dizer se
o senhor nos ajudou
ou nos prejudicou.
No entanto, com certeza,
o senhor nos modificou".
ANOS
30:
Getulio Vargas
era o político que
mandava e desmandava.
E o visual baseado
na simplicidade e
praticidade: Chanel, não
tem outra.
Noel Rosa, Ari
Barroso, Duke Ellington,
Francisco Alves, Cartola,
Jackson do Pandeiro,
Nélson Gonçalves e Dalva
de Oliveira são as
estrelas da década.
O filme que se
destaca: ...E o
Vento Levou.
ANOS
40:
Getúlio Vargas
- condutor do país
num período conturbado.
O visual: Chapéu -
para homens, obrigatório.
Para mulheres, vitrine. Som:
Francisco Alves -
ele e Orlando Silva
aqui, Sinatra lá. Suspiros...A
música romântica embala a
geração do pós-guerra
e quer preparar o
mundo para dias melhores.
Emilinha e Marlene
são as cantoras do
rádio. Filme: Casablanca
- caso único: romantismo
para moçoilas ingênuas e
durões. Cantando na
Chuva encanta a todos.
A frase: "A guerra
acabou!", "o petróleo
é nosso!".
Chanchada da Atlântida marca a
década.
Difusão dos heróis dos gibis,
liderados por Capitão América.
Primeira montagem de Vestido de
Noiva, de Nelson Rodrigues.
ANOS
50:
Juscelino Kubitschek
foi o homem que
industrializou o Brasil.
Ovisual: Brilhantina
- o encosto do
sofá ficava todo manchado
de óleo. Na música,
Elvis Presley - o
garoto caipira canta, rebola
e inventa o rock.
Fera rebelde de primeira
hora, cede ao sistema
e fica mansinho.
Mas o estrago já
está feito.
Little Richard,
Chuck Berry, Bossa Nova
e João Gilberto,
cool jazz (com Chet
Baker e Milles Davis),
James Dean, Marlon Brando
e Marilyn Monroe se
destacam nas telas.
Filme: Assim Caminha a
Humanidade - três
horas de história do
Texas recheada de hormônios
em fúria com James
Dean angustiado, Liz
Taylor belíssima e Rock
Hudson ainda dentro do
armário. A frase:
"Oi, broto. Vamos
lá no vizinho que
tem televisão?".
Nos EUA começa o macarthismo,
ofensiva anticomunista
No Brasil, o nacionalismo
getulista cede lugar ao desenvolvimento de Juscelino Kubitschek
Inicio das transmissões de TV no Brasil.
Começa a Petrobrás.
Chegada da indústria
automobilística.
Rio 40 Graus inaugura o cinema
novo.
João Gilberto grava Chega de
Saudade.
JK usa o slogan 50 anos em 5
ANOS
60:
Jânio Quadros
entrou, saiu depressa
e marcou um estilo.
O visual era a
minissaia - a
menor bandeira da revolução
sexual. Roberto Carlos
- bicho, Jovem Guarda
é uma brasa, mora?
Os Beatles e os
Rolling Stones dão
as cartas lá fora,
mas aqui o que
vale é a calça
Calhambeque. Tem ainda
Alegria Alegria com
Caetano Veloso, Bob
Dylan, Jimmi Hendrix, Janis
Joplin, Jim Morrison,
Cinema Novo, Nouvelle Vague,
James Bond, O Rei
da Vela de Zé
Celson. Brigite Bardot
- E Deus criou
a mulher mais desejada
de todas enquanto que
Marcello Mastroianni
era o latin lover
da tela. A frase
da década era "É
proibido proibir"
ou "Faça amor, não
faça a guerra".
Revoltas estudantis em todo o
mundo.
Militares derrubam João Goulart e
iniciam o regime de força no Brasil.
Os Beatles se tornam o mais
popular que Jesus Cristo e influenciam comportamento juvenil com o uso de
cabelos compridos.
No Brasil os
programas Jovem Guarda e O Fim da Bossa dividem as preferências musicais.
Surge o
Tropicalismo e a minissaia está de volta.
Assassinato de
Kennedy, presidente dos EUA.
Revolução
Cultural na China.
Morte de Che Guevara.
O Pagador de
Promessas ganha a Palma de Ouro em Cannes.
Renuncia de Janio
Quadros.
Editado o AI-5 e
suspendes direitos políticos.
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