05 outubro 2015

Guia dos saudosistas (01)



Nos anos 1960, Caetano Veloso proclamou:Chega de Saudade. A saudade, muitas vezes, é associada a uma espécie de fuga da realidade atual, à mitificação de outro tempo em detrimento daquele que está aí. Hoje talvez ele seja até necessário, num mundo que dilui todas as experiências em segundos. Vamos relembrar, em pequeno resumo, o que foi moda em cada década do século XX:


ANOS 10:

Rui Barbosa era o político forte da década, o maior coco da Bahia. O visual da população era fraque, cartola, bengala e, bigode. O som era de Chiquinha Gonzaga com a marcha Abre Alas e Bahiano com Isto é Bom. O filme da década: O Nascimento de uma Nação, de Griffith, primeiro longa metragem norte americano. E a  frase mais pronunciada: "Fora da lei não justiça"


ANOS 20:

Político mais em evidência era Luís Carlos Prestes. O visual vai para as garotas: Ar vamp para as mulheres com boca carmim, cabelos curtos e grandes decotes. O som de destaque era para Bessie Smith com Crazy Blues e Pixinguinha com Carinhoso. Metrópolis, de Fritz Lang era o filme em questão junto com Limite, de Mário Peixoto. Modernismo, surrealismo, fox trote e expressionismo alemão eram temas em discussão. E Mickey Mouse era o tal nos desenhos animados. A frase: "Parabéns, Sr. Ford. daqui a cem anos poderemos dizer se o senhor nos ajudou ou nos prejudicou. No entanto, com certeza, o senhor nos modificou".


ANOS 30:


Getulio Vargas era o político que mandava e desmandava. E o visual baseado na simplicidade e praticidade: Chanel, não tem outra.  Noel Rosa, Ari Barroso, Duke Ellington, Francisco Alves, Cartola, Jackson do Pandeiro, Nélson Gonçalves e Dalva de Oliveira são as estrelas da década. O filme que se destaca: ...E o Vento Levou.

ANOS 40:

Getúlio Vargas - condutor do país num período conturbado. O visual: Chapéu - para homens, obrigatório. Para mulheres, vitrine. Som: Francisco Alves - ele e Orlando Silva aqui, Sinatra lá. Suspiros...A música romântica embala a geração do pós-guerra e quer preparar o mundo para dias melhores.  

Emilinha e Marlene são as cantoras do rádio. Filme: Casablanca - caso único: romantismo para moçoilas ingênuas e durões. Cantando na Chuva encanta a todos. A frase: "A guerra acabou!", "o petróleo é nosso!".
Chanchada da Atlântida marca a década.
Difusão dos heróis dos gibis, liderados por Capitão América.
Primeira montagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues.

ANOS 50:

Juscelino Kubitschek foi o homem que industrializou o Brasil. Ovisual: Brilhantina - o encosto do sofá ficava todo manchado de óleo. Na música, Elvis Presley - o garoto caipira canta, rebola e inventa o rock. Fera rebelde de primeira hora, cede ao sistema e fica mansinho. Mas o estrago está feito.  
 
Little Richard, Chuck Berry, Bossa Nova e João Gilberto, cool jazz (com Chet Baker e Milles Davis), James Dean, Marlon Brando e Marilyn Monroe se destacam nas telas. Filme: Assim Caminha a Humanidade - três horas de história do Texas recheada de hormônios em fúria com James Dean angustiado, Liz Taylor belíssima e Rock Hudson ainda dentro do armário. A frase: "Oi, broto. Vamos no vizinho que tem televisão?".

Nos EUA começa o macarthismo, ofensiva anticomunista
No Brasil, o nacionalismo getulista cede lugar ao desenvolvimento de Juscelino Kubitschek
Inicio das transmissões de TV no Brasil.
Começa a Petrobrás.
Chegada da indústria automobilística.
Rio 40 Graus inaugura o cinema novo.
João Gilberto grava Chega de Saudade.
JK usa o slogan 50 anos em 5

ANOS 60:

Jânio Quadros entrou, saiu depressa e marcou um estilo. O visual era a minissaia - a menor bandeira da revolução sexual. Roberto Carlos - bicho, Jovem Guarda é uma brasa, mora? Os Beatles e os Rolling Stones dão as cartas fora, mas aqui o que vale é a calça Calhambeque. Tem ainda Alegria Alegria com Caetano Veloso, Bob Dylan, Jimmi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Cinema Novo, Nouvelle Vague, James Bond, O Rei da Vela de Celson. Brigite Bardot - E Deus criou a mulher mais desejada de todas enquanto que Marcello Mastroianni era o latin lover da tela. A frase da década era proibido proibir" ou "Faça amor, não faça a guerra".

Revoltas estudantis em todo o mundo.
Militares derrubam João Goulart e iniciam o regime de força no Brasil.
Os Beatles se tornam o mais popular que Jesus Cristo e influenciam comportamento juvenil com o uso de cabelos compridos.
No Brasil os programas Jovem Guarda e O Fim da Bossa dividem as preferências musicais.
Surge o Tropicalismo e a minissaia está de volta.
Assassinato de Kennedy, presidente dos EUA.
Revolução Cultural na China.
Morte de Che Guevara.
O Pagador de Promessas ganha a Palma de Ouro em Cannes.
Renuncia de Janio Quadros.
Editado o AI-5 e suspendes direitos políticos.


--------------------------------------------------
O "Breviário da Bahia" 
está sendo  vendido
com exclusividade 
no Pérola Negra, 
em frente a 
Biblioteca Central dos Barris.  
Tel: 3336-6997. 
Rua General Labatut, 137, 
Shopping Colonial (loja 01), 
Barris

Nenhum comentário: