03 novembro 2014

Violência (2)



Dos 48.345 óbitos por homicídios, registrados em 2004, 34.712 aconteceram em cidades do interior
do país. De acordo com o estudo, com base em dados de 1994 a 2004, isso mostra um crescimento da violência no interior do país, e não só nas grandes capitais e regiões metropolitanas.Assim, afirmou, pode-se buscar "uma integração de esforço de todos os setores do governo para que se possa formular políticas de prevenção de acidentes, promoção da saúde e a cultura da paz". Segundo ele, qualquer tipo de ação feita exclusivamente pelo Ministério da Saúde, no sentido de prevenção da violência, pode não gerar a repercussão necessária para realizar diminuir a violência. "Temos que estar juntos, tem que haver uma política integrada", disse.

"Existe um processo de interiorizar a violência, até pelos mecanismos de controle de segurança implantados nos grandes municípios. De qualquer forma, para mim, ficou a surpresa de verificar que muitos municípios que não estão em nenhum mapa, em nenhuma condição que o municípios possa se destacar por essa ou por aquela razão, mas estão sendo destacados agora com a questão da violência. São municípios pequenos, onde impera a lei da impunidade", critica.

De onde vem a atual crise de segurança que atinge a sociedade brasileira? A causa de tudo que vivemos hoje, com o crescimento desenfreado do crime organizado, com as facções criminosas tendo o poder de paralisar a cidade, com as drogas dominando a juventude, está na falta de perspectiva do jovem, da corrupção que atinge todas as esferas da sociedade e da impunidade. Alguns procuram saídas individuais e cometem furtos e encontram na criminalidade do tráfico uma alternativa de vida. Outros procuram manter sua dignidade e entram para o comércio ambulante e muitos deles são vítimas diárias da guarda municipal. Muitos enfrentam as filas do desemprego e acham que se tudo continuar como estar as coisas vão piorar ainda mais. A violência faz parte da ordem capitalista, é parte integrante deste sistema, que é movido pelo roubo do trabalho humano.

“A violência é a causa da pobreza”



A melhor forma de combater à violência é a educação. A opinião é do fundador do Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos Humanos, o médico e doutor em Saúde Coletiva Feizi Milani. “O que mais favorece a cultura da violência é o fatalismo, a ideia de que as coisas são assim, porque sempre foram assim e, portanto, sempre serão desta forma. Para a promoção da culturas da paz, a primeira coisa que devemos fazer é combater esse fatalismo. As pessoas precisam recuperar a sua percepção como sujeito, como protagonista da história e, portanto, capazes de mudar as suas vidas, a vida da sua comunidade, a sociedade”, disse numa entrevista ao jornal A Tarde (15/06/2008).

Para ele, “estamos mergulhados em uma cultura de violência”, e citou as cantigas infantis (“atirei o
pau no gato”), os desenhos animados (onde os heróis resolvem os problemas na base da força), além da “cultura da competição, que também gera violência”. Segundo o professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, “não ser violento exige muito mais coragem que ser violento”.

“A violência existe em todas as classes sociais. O tipo mais comum, mas frequente no mundo inteiro, é a violência doméstica, a intra-familiar. Essa  violência ocorre igualmente em todas as classes sociais”, disse na entrevista, acrescentando mais adiante que “a exclusão social, aliada a uma concentração excessiva de riqueza em uma sociedade extremamente materialista, isso sim gera violência. Pobreza não é a causa da violência, na realidade, a violência é a causa da pobreza. A relação é exatamente inverso”.

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