O Brasil nasce com
violência.
O país começa com os
colonizadores chegando aqui e dizimando os índios.
Depois temos os africanos
capturados para trabalhos à força na lavouram com extrema violência.
A nossa democracia racial
tão falada a partir da figura do mulato, mas esqueceram de que o mulato no
Brasil é fruto do estupro das mulheres negras pelos brancos.
A violência sempre esteve entre nós.
A falta de perspectiva dos jovens
leva ao caminho mais rápido para a afirmação dentro do seu meio,tanto como
elemento ou como graduação de riqueza. É difícil explicar a um jovem do
subúrbio que o caminho para realização é o trabalho árduo, quando se verifica a
malversação de fundos, a corrupção, o nepotismo, a sonegação e tantos crimes do
colarinho branco. O jovem, como é da sua natureza, tem pressa. A escola deixa a
desejar. O ambiente familiar é corrosivo, emprego não existe e, se existe, o
salário em sua maior parte, e de sobrevivência pura e irrestrita. Então, quando
ele vê um primo, tio, vizinho quase analfabeto circulando com carros caros,
roupas de grife e bebendo uísque importado, quer também o seu quinhão. Abandona
a escola e entra na marginalidade. Falta de garantia de futuro e da perda de
perspectiva.
Nossa criminalidade é uma doença
social. Temos uma sociedade injusta, perversa, milhões de pessoas vivendo na
miséria e sem nenhuma perspectiva. Para o analista Roberto Gambini, “em parte,
a violência que nos assola tem origem nessa frustração, nessa negação cabal da
possibilidade de ingresso no mundo do trabalho dignamente remunerado e do
crescente conforto. Um segmento urbano da sociedade brasileira – e aí entram a
influência de estruturas patológicas de personalidade, histórias de privação
afetiva, de abuso, falta de acolhimento e de experiência de pertencimento, etc
– opta pela violência como meio de consecução de objetivos basicamente
inatingíveis”.
NÚMEROS - Os números mostram que
a violência pesa no bolso de cada brasileiro, e sangra os cofres do país.
Muitas vezes o dinheiro gasto não compra proteção. Em 2006 os gastos dos
governos federal, estaduais e municipais com segurança chegaram a R$ 35
bilhões, com penitenciárias e com as polícias e servidores da área de
segurança. Empresas e cidadãos gastaram outros R$ 37 bilhões. Entraram na conta,
por exemplo, despesas com vigias e equipamentos de segurança, seguros de
carros, do comércio, indústria, setor de serviços e o gradeamento de prédios.
Um estudo divulgado pela
Organização dos Estados Ibero-Americanos para a educação, a ciência e a
cultura
mostrou que entre os anos de 1999 e 2004 a criminalidade cresceu no interior do
Brasil e, nos últimos anos aumentou também o número de jovens vítimas de crimes
violentos. Os casos de violência nas grandes cidades muitas vezes ofuscam o que
acontece no interior dos estados. O responsável pela pesquisa atribui esse
fenômeno a falta de medidas de segurança no interior e também no surgimento de
novos pólos de desenvolvimento econômicos nessas áreas.
Há uma percepção que se espalha
entre os cidadãos, da necessidade de buscar solução para o problema da
insegurança pública. O Brasil não vai ficar mais seguro com uma ou duas medidas
isoladas. Tem que começar com o cuidado com a educação, pois para muitos
especialistas, as escolas são um dos principais equipamentos para prevenção da
violência pois identifica jovens que começam a se envolver com a criminalidade,
delinquência e violência. Os profissionais que trabalham, no ensino devem estar
preparados para lidar com essa situação. Depois o diálogo com os pais. A
família unida reduz os índices da criminalidade.
PUNIÇÃO - Depois da década de 80,
uma série de crime fez os Estados Unidos mudarem as leis. Em vez de buscar
apenas a reabilitação dos presos, o país também passou a punir os infratores
com mais rigor. Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo:
mais de dois milhões de presos. A média per capita também é a mais alta, um
preso para cada 140 adultos. As penas de prisão para criminosos violentos são
longas, sem possibilidade de liberdade condicional.
Até os anos 80, prevalecia nos
EUA a filosofia de reabilitação dos presos. Mas uma onda de crimes nas grandes
cidades levou a população a eleger políticos que pregavam a punição dos
criminosos. Novas leis foram aprovadas, impondo penas rigorosas. E a
criminalidade caiu. A certeza da punição cria um forte incentivo para que
crimes não sejam cometidos. Para muitos especialistas no assunto, o Brasil
precisa reforçar a polícia, os tribunais e o sistema penitenciário para que os
criminosos tenham certeza de que serão punidos.
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