Em seu artigo quinzenal
(Socialismo de mercado) no jornal A Tarde (25/05/2013) o escritor Antonio
Risério informou que a questão central da esquerda brasileira hoje é o mercado.
“Trata-se de continuar favorecendo o enriquecimento dos que já são ricos e de
dar, aos pobres, um gostinho qualquer de ascensão social. O mercado é, na
verdade, o grande ímã. A referência fundamental” (…) “O que conta é a
manutenção do poder de compra de quem sempre pôde comprar e o aumento (mínimo)
da possibilidade de compra de quem nunca comprou”.
Em seu editorial Miséria sem fim
(28/05/2013) o jornal A Tarde informa: “A campanha da presidenta Dilma Rousseff
à reeleição, em 2014, certamente repetirá exaustivamente números do IDF (Índice
de Desenvolvimento da Família), segundo o qual o País está à beira de extinguir
a miséria. Leva em conta o crescimento da renda das parcelas da população
sitiadas na base da pirâmide social” (….).
“O fim da miséria exige mais do
que a simples elevação de renda. É fundamental ter acesso à educação de
qualidade, que leva a melhores posições no mercado de trabalho. Só assim é
possível ter um crescimento sustentável, de longo prazo. O IDF (cujas notas vão
de zero, no caso do pior nível, até um, para o melhor) revela que são muito
baixos os indicadores quando se trata de acessos tanto ao conhecimento (índice
0,38) quanto ao emprego (0,29). Isto é, apenas 38% dos direitos dos pobres p
quanto à educação estão sendo atendidos,
só 29% no que diz respeito ao
trabalho. Corre-se o risco, pois, de ver perpetuando o amparo de benefícios
diretos, como o programa Bolsa Família, hoje com um orçamento de R$ 24
bilhões”(...)
E encerra o editorial: “Não se
erradica a miséria apenas atacando sua dimensão monetária. Esta é apenas uma
parte da equação, hoje razoavelmente resolvida com os recursos do Bolsa
Família. É preciso considerar seriamente o pilar da educação, sob pena de ver
ruir todo o modelo de engenharia econômica”.
Com a economia estabilizada e a
inflação sob controle, a classe política não conseguiu criar um caminho para um
projeto futuro. O que se observa hoje é muito marketing. Sempre existiu.
Projetos sólidos, eficientes, está longe de surgir nessas bandas. Projetos
plausíveis, e com tempo determinado porque nosso metrô já se arrasta por
décadas...
A sociedade está anestesiada
diante do descaso, do abandono, do degrado, do caos no trânsito, da sujeira nas
ruas, da violência em cada bairro, da má educação das pessoas (ricas e
pobres...basta olhar o índice de pessoas alfabetizadas na Bahia). Salvador está
apática. A cidade vive hoje das glórias de um passado...
Para a escritora Aninha Franco
(Muito. A Tarde. 0/05/2013, p.33), o tempo passa lento na Baía. “Quem nos freia
temporariamente? Quem nos obriga à lerdeza de agir? Quem nos arma da destreza
de destruir o criado para criar outra coisa, prometida melhor, e jamais
realizada?, questiona.
“A política reflete o mundo
comercial e industrial guiado pelos seguintes lemas: 'Mais vale receber do que
dar', 'compre barato e venda caro', 'uma mão suja lava a outra'.”(Ema Goldman).
A política no mundo contemporâneo
se torna um exercício de fuga da verdade. A velha indagação
romana (cui bono?)
reveste-se de grande atualidade. Quem se beneficia com os dribles à realidade?.
O filósofo inglês Francis Bacon há quatro séculos já apontava que os políticos
são bons ilusionistas. No palco da política, a simulação e a dissimulação
tornam-se ferramentas indispensáveis para a grandeza do espetáculo e aplauso
das plateias. Por isso os atores se esmeram em artifícios para melhorar o
desempenho no teatro político.
“Certos homens públicos políticos
cavaram um abismo entre eles e a ética na vida pública, mas simultânea e
ardilosamente construíram uma aparente e paradoxal engenharia de pontes e
atalhos. Tanto mais se afastam das regras da coisa pública, mais dele se
aproxima cada vez mais sagrada e umbilical união, para extrair benefícios,
gozar com esmero as maravilhas de suas vidas privadas, até o último degrau da
privacidade, a intimidade” (Aloisio da França Rocha Filho. A Tarde,
11/09/2011).
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