O fruto
mais popular e generoso
do sertão baiano é
o umbu. Em todos
os quintais, praças e
plantações se veem
umbuzeiros carregados,
e os agricultores
aproveitam para participar
de cursos de capacitação
e se valer dos
benefícios que o
umbu pode oferecer.
Uma alternativa para
os produtores do semi
ariado baiano é o
vinho de umbu. A
bebida está sendo desenvolvida
por um projeto de
pesquisa do engenheiro
de alimentos Breno de
Paula, mestrando da Ufba.
A pesquisa
conta com a parceria
da Embrapa, Agroindústria
de Alimentos (RJ) e
do Senai de Vassouras
(RJ). Breno vai apresentar
o projeto na sua
banca de mestrado em
Farmácia na Ufba
neste mês de março.
Segundo ele, o
processo foi realizado
com a polpa da
fruta, da qual após
as fases de correção
da acidez e medição
do teor de açúcar,
parte para a fermentação
com a levedura selecionada.
Com 25 kg de
polpa de umbu, é
possível produzir cerca
de 50 litros do
vinho.
POPULAR -
Umbu, imbu, ombuzeiro,
ambu, giqui, imbuzeiro,
taperebá, são inúmeros
os nomes populares
dados ao umbuzeiro,
a árvore-símbolo da
Bahia. Árvore frondosa e
de bons frutos, originário
dos chapadões semi-áridos
do Nordeste brasileiro,
a exemplo da caatinga
baiana, a planta
encontrou boas condições
para seu desenvolvimento
encontrando-se, em maior
número, nos Cariris
Velhos, seguindo desde
o Piauí à Bahia
e até norte de
Minas Gerais.
No Brasil
colonial era chamado
de ambu, imbu, ombu,
corruptelas da palavra
tupi-guarani "y-mb-u",
que significava "árvore-que-dá-de-beber".
Suas raízes superficiais
exploram um metro
de profundidade, possuindo
uma estrutura conhecida
como xilopódio, uma espécie
de batata da raiz,
na qual se armazena
água, daí tal acepção.
Pela importância de
suas raízes foi chamada
"árvore sagrada do
Sertão" pelo escritor
Euclides da Cunha.
É uma
árvore de pequeno porte
(em torno de 6m
de altura), seu tronco
é curto, sua copa
tem forma de guarda-chuva,
a qual projeta sombra
densa sobre o solo,
além disso, sua vida
é longa, cerca de
100 anos. O fruto,
o umbu, contém proteína,
cálcio, ferro, fósforo,
vitaminas A, B,
C e B1. A
frutificação inicia-se
em período chuvoso e
permanece por 60
dias, cada planta chega
a produzir 300 kg
de frutos por sofra.
TUDO SE
APROVEITA - O
umbu tem bom valor
comercial, é consumido
in natura ou preparado
na forma de sorvete,
refresco e, principalmente,
como ingrediente da
tradicional umbuzada,
que é a polpa
do umbu “de vez”
(estágio entre o
verde e o maduro),
cozida com leite e
açúcar. Das batatas
da raiz do umbuzeiro
é fabricado um doce
de grande apreciação
nas feiras livres da
Bahia, prática que tem
contribuído para a
presença cada vez
menor da árvore na
paisagem nordestina.
Suas folhas
frescas podem ser
consumidas em saladas,
já as folhas verdes
bem como seus frutos,
são consumidos por bovinos,
caprinos, ovinos e
animais silvestres.
A casca do tronco
e dos galhos é
utilizada pelo sertanejo
no combate as diarréias
e verminoses, entre
outros males, se cozida,
tem propriedades adstringentes
e é usada para
combater infecções
da garganta. A água
que se acumula nos
ocos dos troncos e
galhos do umbuzeiro
serve para lavar olhos
doentes e inflamados,
já a água da
batata é usada como
vermífugo.
O sertanejo
também usa o umbu
para fabricação de "sabão
de decoada". A
sombra do umbuzeiro
é sempre procurada
pelo trabalhador nas
horas de descanso e
calor. A árvore fornece
ainda tinta extraída da
madeira, esta por
sua vez, é usada
como lenha, para carvão,
para fazer cachimbos,
para obras internas,
caixotaria e pasta
para papel. Como se
vê, o umbuzeiro
é merecedor do título
de árvore-símbolo do
Estado, no qual
as adversidades jamais
se sobrepõem ao desejo
maior da sobrevivência
de um povo, e
a natureza, generosa como
sempre, dá todos
os subsídios para garantir
a vida onde pensamos
não ser possível.
VÁRIOS PRODUTOS
- Segundo estudiosos,
a “ameixa do Nordeste”
pode gerar cerca de
48 produtos, entre doces,
farinha, bebida feita
com o caroço torrado
e moído, gelatinas,
umbuzada, sorvetes,
polpas, sucos, iogurtes,
acetona, extrato (semelhante
ao de tomate), vinagre,
vinho, entre outros. Todos
ricos em vitamina C
e muito saborosos.
É da
árvore sagrada do sertão
que centenas de famílias
do semi-árido nordestino
garantem sua sobrevivência
durante a seca.
Mas a fartura na
safra do umbu não
se limita a alguns
meses do ano. Em
pequenas comunidades
de Uauá, Canudos e
Curaçá, no Norte
da Bahia, o trabalho
com a fruta transformou
em fonte de renda
fixa. As famílias se
organizaram em cooperativa
e estão beneficiando
o umbu. O trabalho
que começa com a
colheita da fruta,
reúne principalmente os
jovens e as mulheres
da comunidade.
A integração
dessa fruticultura às
atividades de pequenas
indústrias de beneficiamento
e transformação dos
frutos em doces, geleias
e sucos sinaliza para
um mercado promissor.
Nos municípios de Curaçá,
Uauá e Canudos os
pequenos produtores
rurais aprenderam a beneficiar
esses frutos. O doce
de umbu produzido
no semi árido baiano
conquistou os europeus
e já está sendo
exportado para a
França.
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