Pense duas vezes antes de encher
o prato de comida. Desperdiçar é uma má cultura dos brasileiros e economizar é
a atual palavra de ordem. No país, 70 mil toneladas de alimentos plantados são
jogados no lixo a cada ano, sendo o Brasil um país de 46 milhões de famintos, o
desperdício chega a 37 quilos por pessoa/ano. Com a quantidade jogada fora
seria possível alimentar 62 milhões de pessoas famintas na América Latina,
sendo 9 milhões de crianças. Os dados são do novo relatório do Food and
Agriculture Organization (FAO), Programa das Nações Unidas.
A perda de alimentos começa no
campo com a retirada irregular na colheita, atingindo o montante de 10%,
seguido pelo mau uso no manuseio e nos transportes que chegam a assustadores
50%, com 30% nas centrais de abastecimentos e 10% entre supermercados e
consumidores, estes últimos que intensificam as perdas com o manuseio errado na
hora da escolha do produto e a hora da feitura dos alimentos. Só para lembrar,
dentro dos supermercados o consumidor é o principal agente de estrago, pois é
ele quem mais machuca o alimento para verificar se está apto para o uso, e
quando este alimento não é comprado, ele segue direto para o lixo.
De acordo com o Centro de
Agroindústria de Alimentos, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA), o que mais se desperdiça no mercado são frutas e hortaliças. As
frutas com maiores índices de ir parar no lixo são: banana (40%), Morango (40%),
Melancia (30%), Abacate (26%), Manga (25%), Laranja (22%), Mamão (21%) e
Abacaxi (20%). Nas hortaliças, os campeões de desperdiço são a Couve-flor
(50%), Alface (45%) e Repolho (35%).
ALTERNATIVAS VERDES - A
informação é um dos principais recursos para o consumo consciente. Saber
utilizar frutas e verduras em todos os seus aspectos nutricionais ajuda a
combater o desperdício e a ter uma alimentação mais saudável. As cascas, por
exemplo, servem para a feitura de muitos doces e bolos e receitas criativas e
saudáveis estão por todo canto, basta acessar a internet.
Mas, para quem não é mestre na
cozinha, e não tem a possibilidade de utilizar recursos digitais, o Serviço
Social da Indústria (SESI) desenvolveu o programa Alimente-se Bem, que oferece
cursos gratuitos sobre como aproveitar alimentos ricos e nutritivos que são
jogados fora e o custo sai por apenas R$ 1. O SESI desenvolve ainda o Projeto
Cozinha Brasil, com o objetivo de ensinar as comunidades de pequeno porte forma
de preparo dos alimentos com baixo custo e de grande valor nutritivo
priorizando os alimentos da própria região. O programa atende a 17 municípios
baianos. Uma outra alternativa verde serve para comerciantes de pequeno e
grande porte. A sugestão é doar frutas e verduras que não vendem, por estarem
amassadas, cortadas ou “feias”, para grupos sociais ou entidades que utilizam
para consumo próprio e/ou distribuição para segmentos carentes.
Já os empresários de restaurantes
podem doar os alimentos não consumidos tendo em vista o Estatuto do Bom
Samaritano, projeto de Lei nº 4.747/98, criado pela Comissão de Constituição de
Justiça da Câmara dos Deputados, que isenta de responsabilidade penal ou civil,
pessoas ou empresas privadas não prestadoras de serviço público que doarem
alimentos perecíveis para programas governamentais ao desperdício e combate à
fome. O receio anterior dos empresários era que esse alimento se deteriorasse
antes de chegar ao beneficiado e que as empresas fossem multadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Estima-se que atualmente, 30% dos
alimentos preparados em restaurantes são jogados no lixo, sem sequer serem
consumidos.
CRISE DE ALIMENTOS - Segundo
estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), de 6,5 bilhões de pessoas
em 2005, chegaremos a 8,3 bilhões em 2030. Com o crescimento populacional, o
aumento o número de pessoas que devem se alimentar cresce consideravelmente. O
medo das instituições internacionais é que a falta de distribuição de alimentos
nos grandes centros mundiais, gerem revoltas populares como já aconteceu no
Haiti, Indonésia, Camarões e Egito. Além do desperdiço, entenda que outros
sintomas são responsáveis pela crise que gerou o aumento nos produtos
alimentícios.
O petróleo e seus derivados estão
com o preço em níveis altíssimos, causando impacto a partir de cadeias
produtivas e distribuidoras, afinal, se precisa do petróleo para quase todas as
etapas de produção do alimento, desde a utilização de óleo diesel para gerar
energia nas máquinas, os fertilizantes utilizados nas plantações possuem em
seus componentes diversos derivados do petróleo, além de precisar dele para
gerar o combustível para transportar os caminhões que levam os alimentos para
venda. Além disso, o dólar, moeda usada para a cotação das commodities (matérias
primas) esteve em queda, o que levou os fornecedores a aumentar o preço dos
produtos para compensar a desvalorização. Outro fator para a crise que se
instalou, são as secas que alguns dos produtores mundiais sofreram. O Brasil,
por exemplo, teve problemas com a safra em
2005 e 2006, causando uma baixa de
estoque e um aumento no valor do consumo, gerando assim, um outro aumento,
agora no preço.
A ONU ataca o Brasil por afirmar
que um dos grandes problemas da crise mundial é o desvio da produção agrícola
para a produção de biocombustível sabendo que o país é o principal exportador
de álcool do mundo e utiliza a cana-de-açúcar para extrair o produto. Segundo
eles, a oferta cai em momento de alta demanda, causando a elevação dos preços.
Com todos esses aspectos reais de crise é necessário assumir uma postura mais
racional levando em conta as
perspectivas econômicas, sociais e ecológicas, porque se continuarmos a
desperdiçar como estamos fazendo, uma crise vai chegar, se instalar e não ter
fim.
----------------------------------------------
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Nenhum comentário:
Postar um comentário