Ela está no coração do Brasil,
sintetiza antiguidade e modernidade e possui, de longe, o maior patrimônio
cultural do país. Com 500 anos de história, os baianos resistiram aos costumes
dos invasores europeus. Sentido estético exacerbado, exibicionismo, auto-suficiência
(bem do signo de áries) e uma impávida certeza de que o caos daí decorrente
será compensado por encantos que não se encontram em qualquer lugar do mundo.
Em outras palavras, decadência – mas com elegância.
Esse é um diagnóstico que
qualquer turista faz desde o momento em que enfrenta os inconvenientes do
Aeroporto Dois de Julho (mudado para Luis Eduardo Magalhães) até a hora em que
paga a última conta de restaurante na Barra ou Rio Vermelho.
Que fascínio é esse que vai bem
além de belas igrejas, museus, mulheres, paisagens e gastronomia?. Mas, quem
chega mais perto conhece o ridículo da obsessão do baiano pelo barulho (cada um
quer tocar seu aparelho em alto volume como se fosse um trio elétrico, seja no
carro, no bar ou em qualquer lugar, o espírito trio eletrizante parece ter
enraizado, e tome-lhe som na estratosfera. Haja ouvidos!!!), a pobreza de
urinar nas ruas e praças como se o privado fosse público (segundo os
estudiosos, esse defeito veio desde os político na época imperial e o poeta
Gregório de Mattos já denunciava em suas trovas), o falar alto e aberto em
qualquer hora (Caetano Veloso já confirmava na música Tieta), o misturar o
público com o privado, o apego a celulares (isso já é da modernidade insana) e
as músicas sem qualidades (que muitos a defendem como se fosse cultura popular,
ledo engano). Talvez esse apego aos gestos, mais do que ao bom comportamento, faz de cada encontro um
pequeno ritual erótico que transforma estrangeiros e visitantes em voyeurs,
desejosos de fazer parte do jogo.
Fazer xixi na rua, jogar lixo
pela janela, parar o carro no passeio, destruir o patrimônio público são maus
hábitos do baiano. Para os antropólogos este desleixo da população com o bem
púbico é porque tudo que é público é visto como terra de ninguém. O estado
desrespeita o cidadão, começando com mau exemplo.
Atravessar
pistas sem nem sequer esperar o sinal do semáforo, atender celular no trânsito,
levar cachorros para fazer cocô na calçada e na praia, falar alto dentro do
ônibus contando particularidades da vida privada de si ou do vizinho. A
deseducação começa dentro de casa. O filho vê os pais desrespeitando as vias
públicas, ou seja jogando lixo, atravessando as pistas longe dos semáforos,
desrespeitando as regras de trânsito como beber e dirigir, estacionar nas
calçadas, passar em fila duplas e outras atrocidades.
Salvador
precisa ser repensada sob o ponto de vista econômico, urbano e social. Na
década de 1940, foi criado o plano de Salvador urbanisticamente moderno. Hoje é
necessário um programa para melhorar a qualidade de vida do soteropolitano.
Na Bahia, 56%
dos domicílios foram considerados impróprios para se viver pela pesquisa de
Indicadores do Desenvolvimento Sustentável (IDS) do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), realizado com dados de 2008 e publicado em
2010. As estatísticas percentuais do Estado estão acima dos números nacionais,
que trazem 43% dos imóveis pesquisados
como inadequados, totalizando cerca de 24,7 milhões de lares dentre os 57, 5
milhões de casas pesquisadas.
No estudo, só
foram consideradas adequadas as residências com serviços de abastecimento de
água por rede geral, esgoto para rede coletora ou fossa séptica, coleta de lixo
direta ou indireta e com um máximo de duas pessoas por dormitório. A Bahia
apresenta um grande contingente de
domicílios no meio rural, o que interfere na média do Estado. Os dados mostram
que a Bahia enfrenta maiores problemas com esgoto.
Estamos na
Bahia, a terra do orgulho e da autoestima, mas a educação que é um bom sinal,
continua em baixa. É só olhar nas estatísticas. “A educação sozinha não faz
mudança, mas nenhuma grande mudança se faz sem a educação”, disse o educador
colombiano Bernardo Toro. Educação não é apenas atribuição das escolas.
Educação é responsabilidade também da família e da sociedade na formulação e na
validação dos valores básicos dos nossos jovens e das nossas crianças.
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nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
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