Há 86
anos o cinema deixava de ser mudo para começar a falar. Em 1927, O
Cantor de Jazz chegava às telas com a novidade. Graças aos irmãos
Warner, os filmes já não tinham mais que ser mudos. Assim, o Cantor
de Jazz passa a ser o primeiro filme da história a utilizar o
invento do som no cinema, No ano seguinte, a técnica melhorou:
enquanto o primeiro filme era composto, basicamente de canções,
Lights of New York era composto inteiramente por diálogos.
Já foi o
tempo em que para se conseguir músicas de filmes atuais era preciso
procurar nas lojas discos importados. No Brasil, as trilhas de
novelas sempre deram dinheiro, mas foi só com a explosão do álbum
duplo Os Embalos de Sábado à Noite (1977), que os americanos
começaram a investir no mercado das trilhas que, até então, eram
considerados álbuns de faixas instrumentais inúteis, eu
interessavam apenas aos cinéfilos. Desde os anos 70, os filmes de
James Bond têm canções pop. A série Rocky também tem seus
hits. A relação rock/cinema tem seu grande momento em American
Graffiti (1973), The Rose (1979), Footloose (1984)
e muitos outros.
CULT
A trilha
do grego Vangelis para o cult movie Blade Runner é muito
procurada nas lojas de discos ou mesmo Carruagens de Fogo. Já
Maurice Jarre é conhecido internacionalmente pela música de
Lawrence da Arábia (1962), Doutor Jivago (1966),
Passagem para a Índia, Sociedade dos Poetas Mortos, A
Testemunha e Ghost. Ryuichi Sakamoto é mais conhecido
entre nós pela bela trilha de Furyo, em Nome da Honra. O
veterano Elmer Bernstein já produziu Os Dez Mandamentos, Meu
Pé Esquerdo, dentre outros. Ennio Morricone, um dos mais
conhecidos compositores de trilhas sonoras, assinou músicas dos
filmes: Pecados de Guerra, Os Intocáveis, Saló,
Era uma Vez no Oeste, Cinema Paradiso, Era Uma Vez
na América, A Missão, dentre outros. Nestes trabalhos,
as qualidades musicais extrapolam as situações dos filmes para os
quais foram escritos.
No
Brasil, há, também, grandes músicos ligados ao cinema. Wagner
Tiso, por exemplo, faz hoje uma música essencialmente descrita. A
cada som corresponde uma cor, um traço, uma imagem. “A Música
está muito próxima da imagem do que da palavra”, define. Primeiro
Wagner Tiso cria a cena para depois adequar, nos teclados, o
imaginário à música. Tiso é autor da trilha de Ele, o Boto.
“Para mim, a letra de minha música é a imagem”, responde David
Tiger, autor da trilha de O Homem da Capa Preta, premiada em
1986 no Festival de Gramado. Sérgio Serraceni é autor da trilha de
Nunca Fomos Tão Felizes; Victor Biglione é de Faca de
Dois Gumes e Radamés Gnatalli de Eles não Usam Black Tie.
A introdução do ruído ambiente, música e palavra vem conferir
mais espessura e densidade à imagem, aumentando o seu poder de
ilusão. É substancial a ajuda da dimensão sonora. Diante de cada
plano, o som é um fator decisivo de definição clara, enquanto que
se estende para além dos limites do quadro. Mas é importante saber
que a trilha sonora não é imagem acrescida de um acessório, e sim
imagem e som como elementos equilibrados para a fantasia do cinema.
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