04 março 2013

As eternas canções da sétima arte (3)

Há 86 anos o cinema deixava de ser mudo para começar a falar. Em 1927, O Cantor de Jazz chegava às telas com a novidade. Graças aos irmãos Warner, os filmes já não tinham mais que ser mudos. Assim, o Cantor de Jazz passa a ser o primeiro filme da história a utilizar o invento do som no cinema, No ano seguinte, a técnica melhorou: enquanto o primeiro filme era composto, basicamente de canções, Lights of New York era composto inteiramente por diálogos.


Já foi o tempo em que para se conseguir músicas de filmes atuais era preciso procurar nas lojas discos importados. No Brasil, as trilhas de novelas sempre deram dinheiro, mas foi só com a explosão do álbum duplo Os Embalos de Sábado à Noite (1977), que os americanos começaram a investir no mercado das trilhas que, até então, eram considerados álbuns de faixas instrumentais inúteis, eu interessavam apenas aos cinéfilos. Desde os anos 70, os filmes de James Bond têm canções pop. A série Rocky também tem seus hits. A relação rock/cinema tem seu grande momento em American Graffiti (1973), The Rose (1979), Footloose (1984) e muitos outros.

CULT

A trilha do grego Vangelis para o cult movie Blade Runner é muito procurada nas lojas de discos ou mesmo Carruagens de Fogo. Já Maurice Jarre é conhecido internacionalmente pela música de Lawrence da Arábia (1962), Doutor Jivago (1966), Passagem para a Índia, Sociedade dos Poetas Mortos, A Testemunha e Ghost. Ryuichi Sakamoto é mais conhecido entre nós pela bela trilha de Furyo, em Nome da Honra. O veterano Elmer Bernstein já produziu Os Dez Mandamentos, Meu Pé Esquerdo, dentre outros. Ennio Morricone, um dos mais conhecidos compositores de trilhas sonoras, assinou músicas dos filmes: Pecados de Guerra, Os Intocáveis, Saló, Era uma Vez no Oeste, Cinema Paradiso, Era Uma Vez na América, A Missão, dentre outros. Nestes trabalhos, as qualidades musicais extrapolam as situações dos filmes para os quais foram escritos.

No Brasil, há, também, grandes músicos ligados ao cinema. Wagner Tiso, por exemplo, faz hoje uma música essencialmente descrita. A cada som corresponde uma cor, um traço, uma imagem. “A Música está muito próxima da imagem do que da palavra”, define. Primeiro Wagner Tiso cria a cena para depois adequar, nos teclados, o imaginário à música. Tiso é autor da trilha de Ele, o Boto. “Para mim, a letra de minha música é a imagem”, responde David Tiger, autor da trilha de O Homem da Capa Preta, premiada em 1986 no Festival de Gramado. Sérgio Serraceni é autor da trilha de Nunca Fomos Tão Felizes; Victor Biglione é de Faca de Dois Gumes e Radamés Gnatalli de Eles não Usam Black Tie. A introdução do ruído ambiente, música e palavra vem conferir mais espessura e densidade à imagem, aumentando o seu poder de ilusão. É substancial a ajuda da dimensão sonora. Diante de cada plano, o som é um fator decisivo de definição clara, enquanto que se estende para além dos limites do quadro. Mas é importante saber que a trilha sonora não é imagem acrescida de um acessório, e sim imagem e som como elementos equilibrados para a fantasia do cinema.
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