Há mais
de 15 anos, uma avançada degradação ambiental do Rio Paraguassu e
seus principais afluentes tem acontecido a olhos vistos. E hoje,
apesar das muitas denúncias, praticamente nenhuma providência foi
tomada, e a situação só agravou. Desmatamento, sucção irregular
de água para irrigação, assoreamento, esgotos sanitários, lixo,
pesca com bombas, retirada de argila e garimpo. Essa é a triste
realidade do rio Paraguaçu, que apesar da sua força, beleza e
importância para a Bahia, tem pedido socorro sem ser atendido,
correndo o risco de morrer, deixando o estado órfão do maior rio
genuinamente baiano.
O
Paraguassu nasce no cerrado da Chapada Diamantina, em Barra da
Estiva, atravessa a caatinga e o Recôncavo, até desaguar em Barra
do Paraguassu, na Baía de Todos os Santos. São 614 km de curso. Sua
bacia abrange uma área total de 55.317 quilômetros quadrados,
passando por 81 cidades no centro e ao leste da Bahia. Exatos 21
municípios baianos são abastecidos com a água do rio, inclusive
parte de Feira de Santana e Salvador. A pesca é possível em grande
parte do seu curso, além do seu forte apelo turístico, com partes
navegáveis, onde viajantes são contemplados com paisagens naturais
que, felizmente, ainda sobrevivem à poluição do rio.
Apesar de
todas essas valiosas contribuições para o Estado, o descaso e a
inoperância em defesa do manancial do Paraguassu são verificados
desde a sua nascente. Em Barra da Estiva, espera-se já há 8 anos
pela criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) para
preservar a nascente. Em tupi-guarani, o nome do rio quer dizer “Água
Grande”. Mas, com tanta falta de consciência e desmazelo, a
grandeza destas águas está ameaçada seriamente, e
consequentemente, ameaçará a vida de milhares de famílias que
dependem dessas águas. Pela primeira vez, em Barra da Estiva, está
sendo preciso fazer racionamento da água captada no Paraguassu para
abastecer a cidade. É irônico e trágico.
PROBLEMAS
- A
nascente
do
rio,
em
Barra
da
Estiva,
fica
em
uma
propriedade
particular,
sem
qualquer
proteção
contra
o
acesso
de
pessoas
ou
animais.
Desde
2000
que
existe
o
projeto
de
criação
da
APA
no
local,
mas
o
projeto
só
ficou
no
papel.
Segundo
especialistas,
um
dos
problemas
mais
graves
enfrentados
pelo
rio
Paraguassu
é
justamente
a
falta
de
proteção
à
nascente,
e
em
segundo
lugar,
o
desmatamento.
Para
a
criação
da
APA,
torna-se
necessária
a
desapropriação
do
terreno
pelo
governo
do
Estado.
Além dos
problemas citados acima, as constantes queimadas na vegetação da
Chapada Diamantina são um perigo para a preservação da bacia
hidrográfica, tendo em vista que elas ocasionam a extinção de
dezenas de nascente de riachos e rios que alimentam o Paraguassu. Na
região do alto curso do rio, a cidade de Andaraí é fundamental na
vida da “Água Grande”: é neste município que o rio passa da
fase de “criança” e “adolescente” para a fase “adulta”,
pois recebe, principalmente, as águas de dois grandes afluentes, os
rios Santo Antônio e o Baiano.
Contudo,
Andaraí é o local onde há grande parte da degradação. Esses dois
afluentes estão sendo assoreados há mais de 10 anos e, na época da
estiagem, como agora, ficam cortados, praticamente secos. Além do
assoreamento, o lixão da cidade de Andaraí também polui o rio
Paraguaçu há 12 anos. A degradação, principalmente desmatamento e
assoreamento, atinge ainda o Marimbus, um pantanal formado, também
neste município, pelo encontro dos rios Paraguaçu e Santo Antônio.
CONSCIÊNCIA
- Já
na
cidade
de
Iaçu,
a
agressão
ao
rio
ganha
um
detalhe
que,
se
não
fosse
trágico,
seria
cômico:
ao
lado
da
Ponte
Severiano
Vieira,
uma
tubulação
despeja
esgoto
nas
águas
do
Paraguassu
cotidianamente.
Ao
lado,
uma
placa
anuncia
o
Plano
de
Recuperação
de
Área
Degradada,
posto
em
prática
pela
prefeitura,
Ibama
e
pela
ONG
Raízes
do
Paraguaçu.
E
como
se
os
problemas
já
fossem
poucos,
há
ainda
a
sucção
de
água
para
irrigação
e
a
retirada
da
argila
em
cidades
como
Ipuaçu
e
Marcionílio
Souza
– mesmo
depois
do
Termo
de
Ajustamento
de
Conduta
(TAC)
assinado
pelos
donos
de
olarias
da
região
com
o
Ministério
Público.
Outro
problema flagrado na cidade de Iaçu é o despejo de restos de
salgadeiras que tratam do couro de animais e funcionam nas margens do
rio. O cenário é um mau cheiro intenso e restos de animais em volta
das salgadeiras. Todos os resíduos líquidos e sólidos vão parar
no rio Paraguaçu. A cidade de Iaçu é uma das que mais agridem o
Paraguassu com esgotos. Há córregos e tubulações despejando
detritos todos os dias.
Dos sete
maiores municípios banhados pelo rio Paraguassu apenas 3 estão em
processo de implantação de sistema de esgotamento sanitário. Mesmo
assim, apenas um, Ibicoara, deve deixar completamente de jogar
dejetos no manancial a partir de abril de 2009, segundo o prefeito
Luciano Pereira dos Santos. “Não sei o que pode acontecer daqui a
10 ou 20 anos, se não houver medidas drásticas contra a degradação.
É muita falta de respeito por um rio que abastece a capital e tantas
outras cidade do interior”, desabafa o analista ambiental César
Gonçalves, do Instituto Chico Mendes.
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