21 fevereiro 2013

Surf, skate e asa-delta nos esportes radicais

Uma grande tribo que reúne surfistas, skatistas, praticantes de vôo livre, bicicross, jet-ski erradicais de todas as tribos. A conexão entre os esportes radicais e algumas correntes da pop music é uma questão de afinidades culturais. Eventos conjuntos de skate e rap, surf e reggae, bike e rock acústico já fazem parte do cotidiano de disputas e demonstrações. Eles não usam roupas sóbrias e sim com cores vibrantes. Engana-se quem pensa que os radicais reinam só nas pistas. Alguns ex-praticantes do esporte de ação resolveram montar griffes ou trabalhar em publicações ou programas especializados nos esportes.

Há uma relação direta entre os esportes radicais e o prazer. Independente do resultado, a expressão de um surfista ou de um piloto de asa delta é, em geral, de satisfação pelo que está fazendo e sentindo. Surfistas, skatistas e outras tribos esportivas buscam obsessivamente o prazer. Mesmo os profissionais. Saem empolgados e felizes depois de uma boa manobra, vivem enturmados e não dispensam muitas companhias do sexo oposto durante as competições. As mulheres e garotões bronzeados que formam o público dos grandes eventos do surf chamam tanto a atenção como os próprios atletas.

Ao contrário do que muitos pensam, o consumo de drogas no meio é inexpressivo. O prazer de um salto no motocross, de uma gostosa manobra nas ondas ou no silêncio aéreo no vôo livre provoca sensações bem mais inebriantes. Os atletas radicais são os maiores consumidores de filmes, vídeos sobre surf, skate, motos e publicações especializadas. Basta conferir revistas como Surfing, Surfer, Fluir, Skatin, Overall, Trash, Transworld Skateboarding e outras.

Em Salvador, existem mais de 800 jovens que praticam o skate. Além da Associação Baiana de Skate, há o Grupo de Skate de Salvador, a União Incentivadora do Skate na Bahia, Associação de Resistência ao Skate e a União dos Skatistas de bairros diversos. Eminentemente jovem, o skate tem lugar cativo nas ruas de uma cidade cuja população adolescente se multiplica a cada dia.

Nas pistas improvisadas em parques e playgrounds, a exibição de pequenos acrobatas em suas bicicletas: saltam obstáculos, empinam bicicleta numa roda só, rodopiam no ar – é uma mistura de esporte com espetáculo circense que atrai pessoas e virou mania na cidade, principalmente na orla, onde existe uma pista de ciclismo. Lugar de surfista é mesmo na água. Nas ondas do mar é que ele mostra que, muito mais que moda surf é estilo de vida. Quem os vê, grupados num canto da praia, corpo bronzeado, roupas coloridas e palavreado estranho, sequer imagina as deliciosas sensações que eles experimentam quando deslizam sobre as ondas do mar.

Os surfistas, tal qual os skatistas, chamam a atenção pelo visual exótico e gírias próprias. O bodyboard, inicialmente, era o esporte das gatinhas dos surfistas que costumavam ficar na praia. Hoje, porém, seus adeptos já disputam o espaço nas areias de igual para igual. Para quem quer tirar os pés da terra, praticar vôo livre pode ser uma grande pedida para entrar na tribo do asa delta. Voar numa asa delta é a chance de marcar u, encontro com a liberdade num ponto qualquer do céu.

Batedores de cabeça

Fãs de heavy metal que agitavam a cabeça no ritmo da música, jogando os cabelos, geralmente compridos, para o ar. São os headbangers. Descendentes mais fiéis dos ensinamentos do movimento original – importado da Inglaterra no começo dos anos 80 – que ainda resiste no País. O visual: cabelo comprido, camisa preta e tênis de língua – marca poderosa nos domínios da tribo até pouco tempo. Eles gostam de ouvir o som do grupo Sepultura. Não só visualmente o metaleiro – ou headbander, como eles se autodenominam (e que significa bater a cabeça – pode ser na quina do palco – e com o som no último volume, claro) – mudou. Os adjetivos drogados e vagabundos não se aplicam mais aos metalóides. Eles são, na maior parte, adolescentes que sobrevivem como office boys, auxiliares de escritório trabalhando com o pai, e morando na periferia.

E eles estão mudando de visual. Os cabelos não precisam ser tão compridos nem o jeans tão rasgado. Importante mesmo é a música e o espírito do heavy metal. Sempre no último volume. O abandono do estereótipo visual aconteceu por imposição da própria sociedade. Muitos não conseguem emprego, por exemplo, por causa dos cabelos compridos, das roupas. “Os metaleiros podem mudar de aparência, mas não de preferência musical”, avalia um deles. O Camisa de Vênus foi um grupo que apresentou a nova tribo jovem em Salvador.

Tribos urbanas 4 (Reportagem publicada originalmente no jornal A Tarde, 16/06/1991. Texto de Gutemberg Cruz)
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3 comentários:

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aodrei o blog, parabéns, muito bom o post !

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muito bom o post, adorei o blog!

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