Uma
grande tribo que reúne surfistas, skatistas, praticantes de vôo
livre, bicicross, jet-ski erradicais de todas as tribos. A conexão
entre os esportes radicais e algumas correntes da pop music é uma
questão de afinidades culturais. Eventos conjuntos de skate e rap,
surf e reggae, bike e rock acústico já fazem parte do cotidiano de
disputas e demonstrações. Eles não usam roupas sóbrias e sim com
cores vibrantes. Engana-se quem pensa que os radicais reinam só nas
pistas. Alguns ex-praticantes do esporte de ação resolveram montar
griffes ou trabalhar em publicações ou programas especializados nos
esportes.
Há uma
relação direta entre os esportes radicais e o prazer. Independente
do resultado, a expressão de um surfista ou de um piloto de asa
delta é, em geral, de satisfação pelo que está fazendo e
sentindo. Surfistas, skatistas e outras tribos esportivas buscam
obsessivamente o prazer. Mesmo os profissionais. Saem empolgados e
felizes depois de uma boa manobra, vivem enturmados e não dispensam
muitas companhias do sexo oposto durante as competições. As
mulheres e garotões bronzeados que formam o público dos grandes
eventos do surf chamam tanto a atenção como os próprios atletas.
Ao
contrário do que muitos pensam, o consumo de drogas no meio é
inexpressivo. O prazer de um salto no motocross, de uma gostosa
manobra nas ondas ou no silêncio aéreo no vôo livre provoca
sensações bem mais inebriantes. Os atletas radicais são os maiores
consumidores de filmes, vídeos sobre surf, skate, motos e
publicações especializadas. Basta conferir revistas como Surfing,
Surfer, Fluir, Skatin, Overall, Trash, Transworld Skateboarding e
outras.
Em
Salvador, existem mais de 800 jovens que praticam o skate. Além da
Associação Baiana de Skate, há o Grupo de Skate de Salvador, a
União Incentivadora do Skate na Bahia, Associação de Resistência
ao Skate e a União dos Skatistas de bairros diversos. Eminentemente
jovem, o skate tem lugar cativo nas ruas de uma cidade cuja população
adolescente se multiplica a cada dia.
Nas
pistas improvisadas em parques e playgrounds, a exibição de
pequenos acrobatas em suas bicicletas: saltam obstáculos, empinam
bicicleta numa roda só, rodopiam no ar – é uma mistura de esporte
com espetáculo circense que atrai pessoas e virou mania na cidade,
principalmente na orla, onde existe uma pista de ciclismo. Lugar de
surfista é mesmo na água. Nas ondas do mar é que ele mostra que,
muito mais que moda surf é estilo de vida. Quem os vê, grupados num
canto da praia, corpo bronzeado, roupas coloridas e palavreado
estranho, sequer imagina as deliciosas sensações que eles
experimentam quando deslizam sobre as ondas do mar.
Os
surfistas, tal qual os skatistas, chamam a atenção pelo visual
exótico e gírias próprias. O bodyboard, inicialmente, era o
esporte das gatinhas dos surfistas que costumavam ficar na praia.
Hoje, porém, seus adeptos já disputam o espaço nas areias de igual
para igual. Para quem quer tirar os pés da terra, praticar vôo
livre pode ser uma grande pedida para entrar na tribo do asa delta.
Voar numa asa delta é a chance de marcar u, encontro com a liberdade
num ponto qualquer do céu.
Batedores
de cabeça
Fãs de
heavy metal que agitavam a cabeça no ritmo da música, jogando os
cabelos, geralmente compridos, para o ar. São os headbangers.
Descendentes mais fiéis dos ensinamentos do movimento original –
importado da Inglaterra no começo dos anos 80 – que ainda resiste
no País. O visual: cabelo comprido, camisa preta e tênis de língua
– marca poderosa nos domínios da tribo até pouco tempo. Eles
gostam de ouvir o som do grupo Sepultura. Não só visualmente o
metaleiro – ou headbander, como eles se autodenominam (e que
significa bater a cabeça – pode ser na quina do palco – e com o
som no último volume, claro) – mudou. Os adjetivos drogados e
vagabundos não se aplicam mais aos metalóides. Eles são, na maior
parte, adolescentes que sobrevivem como office boys, auxiliares de
escritório trabalhando com o pai, e morando na periferia.
E eles
estão mudando de visual. Os cabelos não precisam ser tão compridos
nem o jeans tão rasgado. Importante mesmo é a música e o espírito
do heavy metal. Sempre no último volume. O abandono do estereótipo
visual aconteceu por imposição da própria sociedade. Muitos não
conseguem emprego, por exemplo, por causa dos cabelos compridos, das
roupas. “Os metaleiros podem mudar de aparência, mas não de
preferência musical”, avalia um deles. O Camisa de Vênus foi um
grupo que apresentou a nova tribo jovem em Salvador.
Tribos urbanas 4
(Reportagem publicada originalmente no jornal A Tarde, 16/06/1991.
Texto de Gutemberg Cruz)
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3 comentários:
aodrei o blog, parabéns, muito bom o post !
muito bom o post, adorei o blog!
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