“O todo sem a parte não é todo; a parte sem o todo não é a
parte; mas se a parte o faz todo sendo parte, não se diga que é
parte, sendo todo”. Nada mais apropriado para começar nosso
passeio pelo estilo barroco do que interpretar os versos de Gregório
de Matos, o artista barroco mais crítico da Bahia. O barroco chegou
ao Brasil no século XVII, mais precisamente em 1601, daí ser
chamado de cultura e movimento seiscentista. Essa cultura já existia
há um século na Europa, tendo origem na Itália e na Espanha. A
arte barroca marcou um momento de crise espiritual da sociedade
europeia.
O
barroco, consequência direta da Contra-Reforma, nasceu para
enaltecer Deus de forma grandiosa e apaixonada, utilizando traços
exagerados, redundantes, que prendem o espectador pela emoção.
Atribui-se aos mestres da Renascença a criação do novo estilo,
para se opor ao equilíbrio, linearidade e harmonia do classicismo. O
barroco é a linguagem da abundância, do transbordamento, da
prodigalidade, do lúdico. Para alguns críticos e historiadores, o
barroco era o extremo do ridículo e do absurdo. Para outros, era uma
coisa desorganizada, exibicionista, o mau gosto. Era o sinônimo de
tudo que se considerava anti-artístico, que não era estético.
CURVA,
DELÍRIO & VERTIGEM -
Mas,
apesar
de
todas
as
críticas
acirradas,
no
século
XIX,
o
barroco
é
resgatado
como
uma
expressão
artística
e
estética
válida
e
poderosa.
De
acordo
com
o
escritor
e
poeta
Ferreira
Gullar,
em
sua
obra
O
Olhar
– Barroco
Olhar
e
Vertigem,
o
Brasil
é
um
país
barroco,
sobretudo
em
suas
paisagens.
Os
montes
recortados
brasileiros,
que
tanto
influenciaram
o
arquiteto
Oscar
Niemeyer,
são
uma
das
características
mais
fortes
do
barroco:
a
linha
curva,
suplantando
a
linha
reta.
“O
barroco
é
uma
arte
essencialmente
retórica,
que
explora
a
ilusão
de
ótica,
que
conduz
ao
delírio
e
à
vertigem
e
consequentemente
à
ilusão”,
afirma
Gullar
em
seu
livro.
Movimento
artístico
que
simboliza
a
ruptura,
no
campo
das
ideias,
entre
o
Brasil
colônia
e
Portugal,
o
barroco
floresceu
a
partir
da
descoberta
do
ouro,
em
Minas
Gerais.
Mas,
foi
na
Bahia
que
atingiu
todo
o
seu
esplendor.
A
Bahia, ainda no ciclo
do açúcar, produziu notável arte barroca. A riqueza da capital da
Colônia permitiu a renovação artística deflagrada pela
reconquista das terras pelos portugueses. A arquitetura sofreu
influência de Portugal e Itália. As fabulosas obras de arte no
interior das igrejas demonstram pompa e riqueza, e atraiam multidões
da Europa para o Brasil.
ESTILO A OURO - Foram as ordens religiosas - jesuítas, beneditinos, carmelitas e franciscanos - que trouxeram o barroco para o Brasil. Na Bahia, imperou o barroco das igrejas douradas, como se fossem cavernas de puro ouro. O melhor exemplo do movimento está na Igreja e Convento de São Francisco, em Salvador, que tem seu interior completamente forrado com folhas de outro e carrega a marca de ser uma das igrejas mais ricas do país. Deixando a capital baiana de lado, os municípios do Recôncavo constituem-se num extraordinário parque barroco ao ar livre.
A maior
expressão do barroco na região é a cidade de Cachoeira, mas quase
todos os municípios da região guardam verdadeiros tesouros da época
de ouro, como Santo Amaro, São Félix, Maragogipe, Jaguaripe,
Itaparica e Nazaré. Cachoeira, depois de Salvador, é a cidade
baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico no estilo
barroco. Seu casario, suas igrejas, seus prédios históricos
preservam a imagem do Brasil Império.
A
imponência do seu casario barroco levou a cidade a alcançar o
status de “Cidade Monumento Nacional”. Estando em
Cachoeira, não deixe de visitar o Convento e Igreja Nossa Senhora do
Carmo, imóvel do século XVIII, a Ordem Terceira do Carmo,
construído por volta de 1702, a Casa da Câmara e Cadeia, datado de
1700, o Chafariz Público, do século XVIII, a Igreja da Matriz de
Nossa Senhora do Rosário, do século XVII e a Capela de Nossa
Senhora da Ajuda, erguida em 1606.
Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras, 28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
Baiano, a obra encontra-se à venda no RV Cultura e Arte (Rua Barro
Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
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