Há 90
anos, no dia 2 de fevereiro, a rainha do mar, mãe de todos os orixás
no candomblé, é homenageada com a segunda maior festa religiosa do
estado.
Durante
todo dia, cerca de 500 mil baianos e turistas depositam nos mais de
300 balaios instalado na Casa de Pesos do Rio Vermelho milhares de
rosas e presentes à divindade vaidosa.
Para os
fiéis, ela é a única que o sincretismo não pegou. Com ela
aconteceu o inverso. A igreja católica construiu uma igreja para
tentar atrair os fiéis do candomblé.
A água é
um elemento de enorme carga simbólica que as religiões de matriz
africana. No caso da Bahia, onde toda essa influencia se evidencia,
tudo está mais que sacralizado na obra do mais marítimo dos poetas
brasileiros. “Em Salvador, vê-se o mar por todos os lados. Tenho
paixão por sua beleza plástica, pelo tanto de histórias que me deu
e de onde nasceram grande parte de minhas canções. Gosto,
sobretudo, da vista ao longe, do horizonte, de ondas quebrando
forte”, comentou certa vez o mestre de voz grave e doce, Dorival
Caymmi.
OXUM -
Dona das águas. Na África, mora no rio Oxum. Senhora da
fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos recém-nascidos,
lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e bela mãe,
mantém suas características de adolescente. Cheia de paixão, busca
ardorosamente o prazer. Coquete e vaidosa, é a mais bela das
divindades e a própria malícia da mulher-menina. É sensual e
exibicionista, consciente de sua rara beleza, e se utiliza desses
atributos com jeito e carinho para seduzir as pessoas e conseguir
seus objetivos.
Quando
Orumilá estava criando o mundo, escolheu Oxum para ser a protetora
das crianças. Ela deveria zelar pelos pequeninos desde o momento da
concepção, ainda no ventre materno, ate que pudessem usar o
raciocínio e se expressar em algum idioma. Por isso, Oxum é
considerada o orixá da fertilidade e da maternidade. Por sua beleza,
Oxum também é tida como a deusa da vaidade, sendo vista como uma
orixá jovem e bonita, mirando-se em seus espelhos e abanando-se com
seu leque (abebê ).
Em um
belo dia, Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù, avistou
aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um
rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com
Òsùn. Foi-se a tal ponto que Sàngó, viu-se completamente
apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de
morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó. Òsùn
rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Èsù.
Sàngó então irado e contradito, sequestrou Òsùn e levou-a em sua
companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.
Èsù,
logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar,
por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila
de anos de convivência. Chegando nas terras de Sàngó, Èsù foi
surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção
do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Òsùn,
triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do
Rei.Èsù, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que
de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para Òsùn
desvencilhar-se dos domínios de Sàngó.
Èsù,
através da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal
poção. Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e
transformou-se em uma linda pomba dourada, que voou e pode então
retornar a casa de Esù.
Diz-se na Bahia que há sete Iemanjás: Iemowô, que na África é a
mulher de Oxalá; Iamassê, mãe de Xangô; Euá (Yewa), rio que na
África corre paralelo ao rio Ògùn e que frequentemente é
confundido com Iemanjá em certas lendas; Olossá, a lagoa africana
na qual deságuam os rios. Iemanjá Ogunté, casada com Ogum
Alagbedé. Iemanjá Assabá, ela é manca e está sempre fiando
algodão. Iemanjá Assessu, muito voluntariosa e respeitável,
mensageira de olokun. Em Cuba, Lydia Cabrera dá sete nomes
igualmente, especificando bem que apenas uma Iemanjá existe, à qual
se chega por sete caminhos. Seu nome indica o lugar onde ela se
encontra.
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