07 fevereiro 2013

Homenagem vai marcar vida e obra do baiano Manuel Querino

Para marcar os 90 anos de morte do baiano Manuel Querino será realizado no dia 14 de fevereiro, às 18h na Igreja da Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, missa solene em sua memoria. No dia 19 de fevereiro, a partir das 14h no auditório do Centro de Estudos Afro Orientais, diversas personalidades baianas (diretor do CEAO, prof. Jeferson Afonso Bacelar, diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias, profa Arany Santana, presidente do IGHB, profa Consuelo Pondé de Sena, presidente da SPD, Dr. Pedro do Nascimento, prior da Irmandade dos Homens Pretos, Dr. Ubirajara Santa Rosa) estarão debatendo sobre o pesquisador Manuel Querino. Em seguida, 16h15 nova mesa redonda sobre Manuel Querino e o negro no pensamento social brasileiro. Em tempos de discussão sobre inclusão social e a contribuição do negro na formação do povo brasileiro, Manuel Raimundo Querino emerge como figura de destaque no rol dos que cumpriram papel relevante na sociedade brasileira

Essa homenagem busca marcar de forma significativa a passagem de Manuel Raimundo Querino. Escritor, jornalista, historiador, político, desenhista, músico, pintor, professor do Liceu de Artes e Ofícios e do Colégio dos Órfãos de São Joaquim, sócio fundador do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, aluno fundador da Academia de Belas Artes da Bahia (hoje Escola de Belas Artes da UFBA), antropólogo autodidata, por fim um dos mais importantes pesquisadores da História da Bahia, Querino foi precursor dos estudos da contribuição africana para a formação da sociedade brasileira. Na mesa redonda, será discutida essa personalidade ímpar e multifacetada, ressaltando a sua importância no cenário intelectual da Bahia e do Brasil.

TRAJETÓRIA - Manuel Raimundo Querino nasceu no dia 28 de julho de 1851, em Santo Amaro da Purificação, Bahia. A sua infância foi atribulada, como de resto toda a sua vida. A epidemia de cólera de 1855, em Santo Amaro, matou-lhe os pais. Foi confiado então aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras letras. Tendo apenas o curso primário, Manuel Querino, aos 17 anos (1868), foi convocado como recruta no Exército, viajando pelos sertões de Pernambuco e Piauí, e aí se unindo a um contingente que se destinava ao Paraguai, não foi mandado para a frente de batalha por motivos de saúde. Foi para o Rio de Janeiro no mesmo ano, servindo no serviço burocrático no escritório do quartel. Em 1870, foi promovido a cabo de esquadra, e logo depois deu baixa no serviço militar.

Ao voltar para a Bahia, começou a trabalhar nas fainas modestas de pintor e decorador. Sobrava-lhe tempo, porém, para estudar francês e português, no Colégio 25 de Março e no Liceu de Artes e Ofícios, de que foi um dos fundadores. Em virtude de sua grande habilidade para o desenho, matriculou-se na Escola de Belas Artes, onde se distinguiu entre os alunos. Obteve o diploma de desenhista em 1882. Seguiu depois o curso de arquiteto, com aprovações distintas. Obteve várias medalhas em concursos e exposições promovidos pela Escola de Belas Artes e pelo Liceu de Artes e Ofícios.

DESENHO - Foi lente de desenho geométrico no Liceu de Artes e Ofícios e no Colégio dos órfãos de S. Joaquim. Em 1903, publicou Elementos de Desenho Geométrico, e logo depois Desenho Linear das Classes Elementares. Interessou-se pela política. Foi republicano, liberal, abolicionista. Com outros do grupo da Sociedade Libertadora Sete de Setembro, assinou o manifesto republicano de 1870. Fundou os periódicos "A Província" e "O Trabalho", onde defendeu os seus ideais republicanos e abolicionistas. Manuel Querino foi um dos mais ativos trabalhadores do grupo. Escreveu para a "Gazeta da Tarde" uma série de artigos sobre a extinção do elemento servil.

Tornou-se um verdadeiro líder das classes populares, em campanhas memoráveis pelas causas trabalhistas e operárias que o conduziram ao Conselho Municipal (hoje Câmara Municipal), como o primeiro conselheiro negro da história daquela Casa Legislativa. E assim foi toda a sua vida. No seu modesto cargo de 3°. Oficial da Secretaria da Agricultura, sofreu os mais incríveis vexames. Foi consecutivamente preterido em todas as ocasiões em que lhe era de justiça a promoção. Esqueciam-no os poderosos do momento. Secretários e chefes de serviço desinteressavam-se da sua sorte.
HISTÓRICO - Em paralelo ao exercício de suas atividades profissionais dedicou muito de seu tempo e energia a estudos históricos, em particular à pesquisa e ao registro das contribuições dos Africanos ao crescimento do Brasil. Ao concentrar sua atenção para os estudos de História, buscava reabilitar a participação da mão negra na construção da experiência civilizatória no Brasil, tendo em vista que até então nenhum estudioso de qualquer origem étnica havia feito estudos sob essa perspectiva. Manuel Raimundo Querino, faleceu em Salvador no dia 14 de Fevereiro de 1923, tendo dado uma inestimável contribuição aos diversos ramos da atividade a que se dedicou. Depois da sua morte, foi publicada a sua A arte culinária na Bahia.

Sem sombra de dúvida, foi no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia que Manuel Raimundo Querino mais exercitou o seu potencial enquanto pesquisador e historiador da cultura e da sociedade baiana. Ao publicar seus artigos na Revista do IGHB, pôde expor aos seus pares de agremiação e aos demais apreciadores do quanto se veiculava naquele respeitado periódico os resultados de sua laboriosa e profícua produção intelectual. Ao reeditar tais artigos, a Casa da Bahia reafirma a sua missão de promover a pesquisa das atividades da vida da gente baiana em suas mais diversas áreas, buscando resgatar o passado para o orgulho do presente e a esperança no porvir.
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Bom descanso para todos nesses dias de folia. Volto na quinta, dia 14, com muita força.
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Um comentário:

Sara disse...

É sempre bom saber um pouco de história, eu acho que nós precisamos começar a ler essas coisas, eu gosto de ler sempre que eu sair para comer em restaurantes de Santo Amaro