Para
marcar os 90 anos de morte do baiano Manuel Querino será realizado
no dia 14 de fevereiro, às 18h na Igreja da Venerável Ordem
Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo, missa
solene em sua memoria. No dia 19 de fevereiro, a partir das 14h no
auditório do Centro de Estudos Afro Orientais, diversas
personalidades baianas (diretor do CEAO, prof. Jeferson Afonso
Bacelar, diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias,
profa Arany Santana, presidente do IGHB, profa Consuelo Pondé de
Sena, presidente da SPD, Dr. Pedro do Nascimento, prior da Irmandade
dos Homens Pretos, Dr. Ubirajara Santa Rosa) estarão debatendo sobre
o pesquisador Manuel Querino. Em seguida, 16h15 nova mesa redonda
sobre Manuel Querino e o negro no pensamento social brasileiro. Em
tempos de discussão sobre inclusão social e a contribuição do
negro na formação do povo brasileiro, Manuel Raimundo Querino
emerge como figura de destaque no rol dos que cumpriram papel
relevante na sociedade brasileira
Essa
homenagem busca marcar de forma significativa a passagem de Manuel
Raimundo Querino. Escritor, jornalista, historiador, político,
desenhista, músico, pintor, professor do Liceu de Artes e Ofícios e
do Colégio dos Órfãos de São Joaquim, sócio fundador do
Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, aluno fundador da
Academia de Belas Artes da Bahia (hoje Escola de Belas Artes da
UFBA), antropólogo autodidata, por fim um dos mais importantes
pesquisadores da História da Bahia, Querino foi precursor dos
estudos da contribuição africana para a formação da sociedade
brasileira. Na mesa redonda, será discutida essa personalidade ímpar
e multifacetada, ressaltando a sua importância no cenário
intelectual da Bahia e do Brasil.
TRAJETÓRIA
- Manuel Raimundo Querino nasceu no dia 28 de julho de 1851, em Santo
Amaro da Purificação, Bahia. A sua infância foi atribulada, como
de resto toda a sua vida. A epidemia de cólera de 1855, em Santo
Amaro, matou-lhe os pais. Foi confiado então aos cuidados de um
tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras
letras. Tendo apenas o curso primário, Manuel Querino, aos 17 anos
(1868), foi convocado como recruta no Exército, viajando pelos
sertões de Pernambuco e Piauí, e aí se unindo a um contingente que
se destinava ao Paraguai, não foi mandado para a frente de batalha
por motivos de saúde. Foi para o Rio de Janeiro no mesmo ano,
servindo no serviço burocrático no escritório do quartel. Em 1870,
foi promovido a cabo de esquadra, e logo depois deu baixa no serviço
militar.
Ao voltar
para a Bahia, começou a trabalhar nas fainas modestas de pintor e
decorador. Sobrava-lhe tempo, porém, para estudar francês e
português, no Colégio 25 de Março e no Liceu de Artes e Ofícios,
de que foi um dos fundadores. Em virtude de sua grande habilidade
para o desenho, matriculou-se na Escola de Belas Artes, onde se
distinguiu entre os alunos. Obteve o diploma de desenhista em 1882.
Seguiu depois o curso de arquiteto, com aprovações distintas.
Obteve várias medalhas em concursos e exposições promovidos pela
Escola de Belas Artes e pelo Liceu de Artes e Ofícios.
DESENHO -
Foi lente de desenho geométrico no Liceu de Artes e Ofícios e no
Colégio dos órfãos de S. Joaquim. Em 1903, publicou Elementos de
Desenho Geométrico, e logo depois Desenho Linear das Classes
Elementares. Interessou-se pela política. Foi republicano, liberal,
abolicionista. Com outros do grupo da Sociedade Libertadora Sete de
Setembro, assinou o manifesto republicano de 1870. Fundou os
periódicos "A Província" e "O Trabalho", onde
defendeu os seus ideais republicanos e abolicionistas. Manuel Querino
foi um dos mais ativos trabalhadores do grupo. Escreveu para a
"Gazeta da Tarde" uma série de artigos sobre a extinção
do elemento servil.
Tornou-se
um verdadeiro líder das classes populares, em campanhas memoráveis
pelas causas trabalhistas e operárias que o conduziram ao Conselho
Municipal (hoje Câmara Municipal), como o primeiro conselheiro negro
da história daquela Casa Legislativa. E assim foi toda a sua vida.
No seu modesto cargo de 3°. Oficial da Secretaria da Agricultura,
sofreu os mais incríveis vexames. Foi consecutivamente preterido em
todas as ocasiões em que lhe era de justiça a promoção.
Esqueciam-no os poderosos do momento. Secretários e chefes de
serviço desinteressavam-se da sua sorte.
HISTÓRICO
- Em paralelo ao exercício de suas atividades profissionais dedicou
muito de seu tempo e energia a estudos históricos, em particular à
pesquisa e ao registro das contribuições dos Africanos ao
crescimento do Brasil. Ao concentrar sua atenção para os estudos de
História, buscava reabilitar a participação da mão negra na
construção da experiência civilizatória no Brasil, tendo em vista
que até então nenhum estudioso de qualquer origem étnica havia
feito estudos sob essa perspectiva. Manuel Raimundo Querino, faleceu
em Salvador no dia 14 de Fevereiro de 1923, tendo dado uma
inestimável contribuição aos diversos ramos da atividade a que se
dedicou. Depois da sua morte, foi publicada a sua A arte culinária
na Bahia.
Sem
sombra de dúvida, foi no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia
que Manuel Raimundo Querino mais exercitou o seu potencial enquanto
pesquisador e historiador da cultura e da sociedade baiana. Ao
publicar seus artigos na Revista do IGHB, pôde expor aos seus pares
de agremiação e aos demais apreciadores do quanto se veiculava
naquele respeitado periódico os resultados de sua laboriosa e
profícua produção intelectual. Ao reeditar tais artigos, a Casa da
Bahia reafirma a sua missão de promover a pesquisa das atividades da
vida da gente baiana em suas mais diversas áreas, buscando resgatar
o passado para o orgulho do presente e a esperança no porvir.
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Bom descanso para todos nesses dias de folia. Volto na quinta, dia 14, com muita força.
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nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
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Um comentário:
É sempre bom saber um pouco de história, eu acho que nós precisamos começar a ler essas coisas, eu gosto de ler sempre que eu sair para comer em restaurantes de Santo Amaro
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