No dia 29
de setembro de 1997 (há 15 anos), morria o pintor americano Roy
Lichtenstein. Ele seguiu a herança duchampiana e instalou
curto-circuito na pintura virtuosística. E soube ironizar a alta
cultura. Embaralhando as pinturas entre alta e baixa cultura, ele fez
uma série de telas que traduz mestres modernos como Cézanne,
Matisse, Léger e Van Gogh. Tudo por meio da linguagem das histórias
em quadrinhos. Um dos pioneiros da art pop, Lichtenstein ajudou a
manter o pop vivo através de uma série de experiências e atitudes
filosoficamente subversivas na arte moderna e na vida. Foi muito
criticado, mas décadas depois elogiado e reconhecido.
A Pop art
norte americana bebeu em fontes dadaístas. Ficou tão famosa que
ofuscou a origem britânica do movimento. O termo pop se referia à
expressão “popular culture”, reunindo as linguagens das mídias,
da TV, da publicidade, do cinema e das histórias em quadrinhos. Essa
cultura de massa foi inicialmente execrada pelos teóricos da
comunicação. A Pop veio fazer o contrário. Lichtenstein se fez
notar pela utilização das histórias em quadrinhos e dos clichês
que, pinçados da arte comercial, se transformam em objetos de arte:
socos, tiros, lágrimas pelo amor perdido, com frases e textos de
apoio. Com certa ironia deu a esta fase o nome de "Grande
Pintura".
Uma das
melhores definições do movimento veio do próprio Roy: "O que
marca o pop é - antes de mais nada - o uso que é dado ao que é
desprezado".
A pop art
é considerada, na cultura ocidental, o marco de passagem do
modernismo para o pós-moderno. Como nos anos 60 já usava o tema da
ironia, que marcou os 90, Roy é considerado pioneiro, mestre e uma
figura proeminente da arte americana. Entre 1957 e 1960, oscilou
entre o impressionismo abstrato e as histórias em quadrinhos e
cartuns até que se decidiu pelo uso dos elementos típicos da
propaganda em seus desenhos e pinturas. A primeira exposição em
Nova York (1962) o torna pioneiro da pop art com o emprego de tudo
que era usado como material publicitário. Mickey, o Coelho
Pernalonga e Pato Donald se transformam em inspiração constante, em
telas gigantes.
Brinca
com os efeitos da trama ótica e com a composição convencional. Com
James Rosenquist e Andy Warhol, transforma-se num crítico feroz da
sociedade norte americana, tomada pelo consumismo institucionalizado
pela publicidade. Um vento de revolta contra o expressionismo
abstrato, que vinha se tornando acadêmico, soprava em Nova York
neste momento.
Em 1963 a
arte comercial era odiada e Lichtenstein trouxe essa arte – a única
forma de arte que ninguém considerava realmente arte – para o foco
de atenção e a transformou no único objeto de seu trabalho. Ao
mesmo tempo, Andy Warhol e James Rosenquist, sem sequer se
conhecerem, estavam fazendo a mesma coisa. Aquilo estava cheirando a
uma revolução. Todos os quadros de sua primeira individual de
pintura pop, em 1962, foram vendidas antes da inauguração.
Com o
sucesso, em 1964, Roy Richtenstein passou a se dedicar exclusivamente
à arte. Seus primeiros trabalhos pop, que davam impressão de serem
cópias inexpressivas de Mickey Mouse, Donald e de desenhos
grosseiros de beldades de maiô com suas bolas de praia, pareciam
frios, provocantes e impessoais. Na verdade, suas pinturas sempre
foram discretamente marcadas por observações afiadas com humor e
inteligência. Suas imagens, provindo originalmente da reprodução
em massa, retornam a ela com a maior facilidade, preenchendo a
memória com pequenos clones Lichtenstein.
Em 1965
ele parou de usar quadrinhos. Parodiou tudo, da art déco ao cubismo
sintético, e até parodiou paródias. Apropriando-se do processo de
impressão e reprodução, Roy foi um técnico em psicologia de
massas. Conhecia o poder da produção como objeto do desejo. Ele
reciclou o lixo cultural elevando-se ao status de arte. O seu papel
foi o de reagir contra a supremacia do expressionismo abstrato que
dominou a América nos anos 50. E serviu para derrubar o mito do
artista, simulacro de criador que desceu ao planeta para ser
glorificado pelos mortais. Ele criou um mundo de imagens essenciais,
eliminando tudo que julgasse supérfluo. Mas a pop art estava muito
ligado a valores do mundo materialista e hedonista. Passou.
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FÉRIAS
A
partir de segunda-feira (dia 01) estarei de férias. Volto em
novembro quando estarei comentando sobre os negros nos quadrinhos, a
percussão na Bahia, Maria Felipa, Negro Fugidio, Rubem Valentim,
Besouro da Bahia, entre outros temas. Vou organizar minha biblioteca
que está um caos com cerca de dez mil livros, depois me refugiar
numa localidade aqui perto, longe de todos com diversos livros, DVDs,
CDs para devorar. Me aguarde, volto com sede de amar...letras,
palavras, imagens, e toda esse zum zum zum em nossa volta nas voltas
que o mundo dá. Até lá
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Quem desejar adquirir o livro Bahia um Estado D´Alma, sobre a cultura do
nosso estado, a obra encontra-se à venda nas livrarias LDM (Brotas),
Galeria do Livro (Boulevard 161 no Itaigara e no Espaço Cultural Itau
Cinema Glauber Rocha na Praça Castro Alves), na Pérola Negra (Barris em
frente a Biblioteca Pública) e na Midialouca (Rua das Laranjeiras,28,
Pelourinho. Tel: 3321-1596). E quem desejar ler o livro Feras do Humor
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Vermelho 32, Rio Vermelho. Tel: 3347-4929)
Um comentário:
Uma boa síntese!!!
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