No dia 31
de outubro de 2012 marca os 110 anos de nascimento de Carlos Drummond
de Andrade. E o poeta ganhou casa nova, ou seja, depois de 27 anos
tendo seus livros publicados pela Record, a Companhia das Letras
reeditou toda a obra do escritor, com novo projeto gráfico e
conselho editorial próprio. O poeta mineiro foi o homenageado da
Flip em 2012, quando o evento completou dez anos.
A Festa
Literária Internacional de Paraty (Flip) em sua décima edição que
aconteceu em julho, elegeu o poeta itabirano como o homenageado do
evento. O Instituto Moreira Salles lançou o DVD Consideração do
Poema: Leituras de Carlos Drummond de Andrade, em que poemas de
Drummond são lidos por Caetano Veloso, Cacá Diegues, Adriana
Calcanhoto, Milton Hatoum entre outros.
O poeta e
pesquisador Eucanaã Ferraz lançou em 2011 pelo Instituto Moreira
Salles o livro “Versos de Circunstância”. O abra traz 295
poemas, sendo 229 inéditos, produzidos entre 1951 e 1968. Os textos
foram retirados de três cadernos de Drummond, nomeados como versos
de circunstâncias. A Companhia das Letrinhas publicou a versão
ilustrada de Menino Drummond, que reúne 22 poemas do mineiro. A
Globo Livros lançou Cyro e Drummond – Correspondência entre Cyro
dos Anjos e Carlos Drummond de Andrade reunindo 50 anos de cartas
entre os poetas. A editora também editou sua biografia Os Sapatos de
Orfeu, escrita pelo jornalista José Maria Cançado.
Carlos
Drummond de Andrade – Coleção Encontros é um livro de
entrevistas concedidas entre 1927 e 1987 organizado por Larissa
Ribeiro para a Azougue Editora. A obra compõe perfil divertido e
surpreendente de Drummond. A Palavra Mágica: Certa palavra dorme
na sombra/de um livro raro./Como desencantá-la?/É a senha da vida/a
senha do mundo./Vou procurá-la.//Vou procurá-la a vida inteira/no
mundo todo./Se tarda o encontro, se não a encontro,/não
desanimo,/procuro sempre.//Procuro sempre, e minha procura/ficará
sendo/minha palavra.
A obra do poeta mineiro começou a ser reeditada pela Companhia das
Letras. Os primeiros volumes já estão nas livrarias: A Rosa do Povo
(1945), Claro Enigma (1951), Contos de Aprendiz (1951) e Fala,
Amendoeira. Os próximos volumes: Sentimento do Mundo, As Impurezas
do Branco, Antologia Poética e Contos Plausíveis.
Poeta,
contista e cronista, Drummond é considerado um dos maiores poetas da
língua portuguesa e da literatura latino-americana. É respeitado
por críticos nacionais e estrangeiros como um dos grandes poetas
universais. Funcionário público, homem de natureza reservada,
avesso principalmente às entrevistas, só mesmo no fim da vida o
mineiro de Itabira, Minas Gerais, se liberou para as manifestações
pessoais. Cada vez mais frequentes, elas foram uma voz lúcida e
iluminada. Ao longo de sua vida, produziu mais 40 livros, muitos
deles traduzidos para países como França, Inglaterra, Itália,
Alemanha, Suécia, Argentina, Chile, Peru, Cuba, Estados Unidos,
Portugal, Espanha e Tchecoslováquia.
Poema
de Sete Faces: Quando nasci, um anjo torto/desses que vivem na
sombra/disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.//As casas espiam os
homens/que correm atrás de mulheres./A tarde talvez fosse azul,/não
houvesse tantos desejos.//O bonde passa cheio de pernas:/pernas
brancas pretas amarelas./Para que tanta perna, meu Deus,/pergunta meu
coração./Porém meus olhos/não perguntam nada.//O homem atrás do
bigode/é sério, simples e forte./Quase não conversa./Tem poucos,
raros amigos/o homem atrás dos óculos e do bigode.//Meu Deus, por
que me abandonaste/se sabias que eu não era Deus,/se sabias que eu
era fraco.//Mundo mundo vasto mundo/se eu me chamasse Raimundo/seria
uma rima, não seria uma solução./Mundo mundo vasto mundo,/mais
vasto é meu coração.//Eu não devia te dizer/mas essa lua/mas esse
conhaque/botam a gente comovido como o diabo.
Carlos
Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e
morreu no Rio de Janeiro, em 1987, aos 85 anos. Passa boa parte da
infância na fazenda da família, "sozinho, entre mangueiras"
, como diria, mais tarde, em seu poema Infância, publicado em Alguma
Poesia. É tido como um dos mais maiores poetas que o Brasil já
teve, comparado aos maiores poetas estrangeiros. Drummond foi redator
do Diário de Minas. Mais tarde foi responsável pela abertura no
jornal de textos modernistas. Depois de haver completado o curso de
Farmácia, atividade profissional que não exerceu, foi convidado
pelo amigo Augusto Capanema, então Ministro da Educação, para
chefiar o referido gabinete, em 1930.
O
mundo é grande: O mundo é grande e cabe/nesta janela sobre o mar./O
mar é grande e cabe/na cama e no colchão de amar./O amor é grande
e cabe/no breve espaço de beijar.
Mais
tarde, Drummond tornou-se chefe do Serviço do Em 1930 lança Alguma
Poesia e, em 1934, Brejo das Almas, ambos com textos carregados de
fina ironia. Foi uma fase que, enquanto ironizava os costumes e a
sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto,
entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação
estética desse modo de ser do poeta de Itabira. Em 1987, doze dias
depois da morte de sua única filha Maria Julieta, Drummond morria a
17 de agosto, deixando obras inéditas como O Avesso das Coisas, O
Amor Natural e Moça Deitada Na Grama.
O nome de
Drummond está associado ao que se fez de melhor na poesia
brasileira. Pela grandiosidade e pela qualidade, sua obra não
permite qualquer tipo de análise esquemática. Para compreender e,
sobretudo, sentir a obra desse escritor, o melhor caminho é ler o
maior número possível de seus poemas.
Mãos
Dadas: Não serei o poeta de um mundo caduco./Também não cantarei o
mundo futuro./Estou preso à vida e olho meus companheiros/Estão
taciturnos mas nutrem grandes esperanças./Entre eles, considere a
enorme realidade./O presente é tão grande, não nos afastemos./Não
nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.//Não serei o cantor de
uma mulher, de uma história./não direi suspiros ao anoitecer, a
paisagem vista na janela./não distribuirei entorpecentes ou cartas
de suicida./não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins./O
tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,/a
vida presente.
Muitos
poemas de Drummond funcionam como denúncia da opressão que marcou o
período da Segunda Grande Guerra. A temática social, resultante de
uma visão dolorosa e penetrante da realidade, predomina em
Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945), obras que não
fogem a uma tendência observável em todo o mundo, na época: a
literatura comprometida com a denúncia da ascensão do
nazi-fascismo.
Obras
Poesia:
*
Alguma poesia (1930)
*
Brejo das almas (1934)
*
Sentimento do mundo (1940)
*
Poesias (1942)
* A
rosa do povo (1945)
*
Claro enigma (1951)
*
Viola de bolso (1952)
*
Fazendeiro do ar (1954)
* A
vida passada a limpo (1959)
*
Lição de coisas (1962)
*
Boitempo (1968)
* As
impurezas do branco (1973)
* A
paixão medida (1980)
*
Corpo (1984)
*
Amar se aprende amando (1985)
* O
amor natural (1992)
Prosa:
*
Confissões de Minas (1944) - ensaios e crônicas
*
Contos de aprendiz (1951)
*
Passeios na ilha (1952) - ensaios e crônicas
*
Fala, amendoeira (1957) - crônicas
* A
bolsa e a vida (1962) - crônicas e poemas
*
Cadeira de balanço (1970)
* O
poder ultrajovem e mais 79 textos em prosa e verso (1972) - crônicas
*
Boca de luar (1984) - crônicas
*
Tempo vida poesia (1986)
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