Em 1912,
com a ficção científica conquistando grande público, Edgar Rice
Burroughs (1875-1950) escreve Sob a Lua de Marte, que enviou para a
revista All Story, de grande tiragem a época. Para sua surpresa, a
história foi publicada e o editor enviou-lhe US$400 e o pedido de
outra novela. Escreveu, então, O Proscrito de Tom. Que foi
sumariamente rejeitada. Após ler The Darkest África, de Stanley e O
Livro de Jângal, de Kipling, Burroughs criou seu personagem que
viria a tornar-se um verdadeiro mito: Tarzan. Tratava-se de um mito
diferente de tudo o que se editava na época. Era o ideal humano,
puro, autêntico, sem covardias, belo e inteligente. Sua publicação
teve tamanha repercussão e as cartas recebidas pelo editor e pelo
autor foram inúmeras. A maioria pedia a continuação da história.
Mas Burroughs não se encontrava interessado em Tarzan, mas no seu
herói John Carter de Marte. Somente a pressão do editor e dos
leitores é que possibilitou novas publicações. O personagem
conquistou definitivamente o público. De sua criação até 1947,
nada menos do que 20 volumes foram editados.
Burroughs
baseou-se na estória de Rômulo e Remo que, abandonados por sua mãe,
foram amamentados por uma loba. Tarzan, deixado na selva africana,
fora criado por uma macaca e tornou-se o rei entre os grandes gorilas
da selva. Desta forma, não tendo qualquer ligação com a sociedade,
estava liberto dos defeitos e limitações da vida social. Burroughs
criou todo um cenário grandioso e colorido, misturando sua fantasia
ao estilo de Verne e aos fantásticos episódios de um livro de
aventuras de caçadores africanos.
A
história de Tarzan inicia-se quando, na sequência de um naufrágio,
o casal aristocrático inglês, Lord Greystoke, esposa e filho
conseguem chegar a uma praia, na costa africana. Os seus pais morrem
pouco tempo depois e deixam órfão o pequeno branco indefeso, que é
recolhido e protegido por Kala, uma grande fêmea gorila que o livra
de uma morte certa. Criado no seio dos símios superiores na mais
completa liberdade, o jovem Tarzan vai, progressivamente, adquirindo
uma notável robustez e agilidade físicas e aprende, inclusivamente,
a linguagem dos animais.
Mais
tarde, Tarzan conhece a jovem Jane, que se torna a sua inseparável
companheira de muitas aventuras pelos quatro cantos do planeta,
penetrando em mundos fantásticos, como, por exemplo, quando descem
ao centro da Terra ou visitam civilizações míticas perdidas na
alvorada dos tempos. Entretanto, Tarzan adquire um profundo sentido
de humanidade e de justiça, pondo-se ao serviço dos indefesos e de
causas nobres, combatendo tribos selvagens e homens brancos
gananciosos e desonestos. Quando um dia, ele descobre as suas
próprias origens, regressa a Inglaterra e a Londres para uma curta
estadia, mas rapidamente chega à conclusão de que o mundo dito
civilizado e os costumes burgueses não são feitos para ele e
decide, assim, regressar definitivamente à selva africana.
EXOTISMO
O sucesso
chegou e com o passar do tempo, Burroughs tornava Tarzan mais
grandioso e magnífico. Para isso, usava dois ângulos: o exótico
dos ambientes e os estranhos personagens lutando contra Tarzan. Dessa
maneira, criou vilões que pareciam sair da Odisséia ou de
continentes submersos. Nasciam para o dia-a-dia de pacatos cidadãos
da era contemporânea as sereias misteriosas de Opar, o mundo
submarino, as amazonas guerreiras, os homens alados, rainhas envoltas
em pedrarias e ouro, sábios e magos, humanóides com rabo, selvagens
adoradores do fogo em templos paleolíticos. Brilhavam, sob nova luz,
cidades sepultas no esquecimento, altares de sacrifícios humanos,
deuses mitológicos e a maravilhosa Paul-Ul-Don, a terra
antidiluviana. Todo um vocabulário requintado, inexistente, foi
criado para conduzir Tarzan aos mais estranhos caminhos da
imaginação: o búfalo era “gogo”, a tribo “hohotan”,
“numa”era o leão, e a ordem para matar, o grito de guerra dos
Tarzan do cinema e quadrinhos era “bandolo”. Os livros de Tarzan
apareceram no Brasil através da Companhia Editora Nacional e sua
Coleção Terramarear em 1935. Sucesso absoluto. Por que tanto
sucesso?
Quem
responde é o grande especialista em quadrinhos e romance popular,
Francis Lacassin: “O fabuloso charme de Tarzan decorre,
basicamente, do fato de que ele reinventou as origens e a potência
integral do homem-macaco. Num século cada vez mais desoxigenado,
urbanizado e submerso ao cimento armado, Tarzan recriou espaços de
sonho. Ele encarnou, durante décadas, o fantasma coletivo da vida ao
ar livre, sem qualquer constrangimento ou coerção social. A força
da selva o fez herói permanente, apesar das novas figuras
interplanetárias surgidas no cinema e nas histórias em quadrinhos”.
Quando
Edgar Rice Burroughs procurava um local calmo onde pudesse escrever
suas novelas, escolheu um longínquo ponto no Vale de São Fernando,
nos arrabaldes de Los Angeles. Lá, comprou uma extensa faixa de
terreno e construiu sua casa e escritório. E foi lá que ele
visualisou muitas das fantásticas aventuras de Tarzan. Anos depois,
a localidade progredia e os moradores, em homenagem ao seu vizinho
mais famoso, cognominaram a cidade de Tarzana, Califórnia. Edgar
Rice Burroughs morreu em março de 1950, com 75 anos. Pouco antes de
seu fim, declarou que “nada poderia fazer Tarzan morrer”. O autor
de Tarzan morreu sem nunca ter colocado os pés na África.
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