No dia 03
de setembro de 1821 realizaram-se as eleições para a escolha dos
deputados brasileiros às Cortes Portuguesas. Cipriano Barata foi o
grande vencedor. Desde a posse, procurou demonstrar ali estar para
defender, incondicionalmente, os interesses de sua terra. Deixou
patenteado não se considerar português e, sim, brasileiro.
Enfrentou
o clima de coação. Sua coragem e até mesmo audácia na defesa das
coisas do Brasil o tornaram, desde logo, conhecido e odiado por
todos. Não era só a coragem no debate que marcava sua qualidade de
brasileiro.
Também
sua indumentária constituía-se numa afirmação de brasilidade e se
tornava uma verdadeira provocação aos portugueses, pois calçado e
vestido desde os pés até a cabeça com fazendas manufaturadas na
Bahia. Em 09 de abril de 1823 saía o primeiro número do seu jornal,
Sentinela da Liberdade. É eleito deputado à Assembleia
Constituinte, mas recusou e acabou sendo preso. Pretexto: obrigá-lo
a assumir a cadeira de deputado à Assembleia Legislativa.
Cipriano
foi, por sentença de 22 de novembro de 1825, condenado à prisão
perpétua, sendo solto em 1830, após haver a Relação da Bahia
modificado a sentença condenatória e proferindo a absolvição. Foi
necessária, ainda, a intervenção da Assembleia Legislativa para
que, depois de absolvido, fosse posto em liberdade.
A prisão
não o intimidava. Mal se instalou, cuidou de lançar seu jornal. No
dia 12 de janeiro de 1831 circula o Sentinela da Liberdade. Era o
mesmo jornalista corajoso e destemido, o mesmo inimigo da tirania e
do absolutismo. Mais uma vez ele é preso na madrugada do dia 28 de
abril de 1831. E começara a surgir protestos contra a prisão. A
imprensa liberal do Rio se pôs, por inteiro, ao lado de Cipriano.
Também os liberais pernambucanos se puseram ao lado do velho lutador
da causa democrática.
Para se
ter uma ideia do prestígio que gozava junto às massas, basta
atentar-se no relato do próprio Ministro da Guerra, na sessão do
dia 20 de maio de 1833 da Câmara dos Deputados, segundo o qual, na
Bahia, as pessoas que não queriam ser molestadas, colocavam nas
portas de suas casas o letreiro Barata. Esse prestígio era
facilmente constatável em todo o território nacional.
Ao ser
libertado, estava coberto de glórias e admirado pelos liberais, mas,
estava, também, impossibilitado de continuar residindo na Bahia,
dadas as perseguições sofridas e em virtude do clima de hostilidade
contra ele armado pelos poderosos. Libertado em princípios de 1833,
mantinha, praticamente intacto, o prestígio junto aos baianos, mas,
devido ao ódio que lhe votavam os ricos e poderosos, retornou em
junho de 1834 a Pernambuco, berço de sua vida de jornalista. E ali
voltou a publicar seu jornal, agora com o título de Sentinela da
Liberdade em sua primeira Guarita, a de Pernambuco, onde hoje brada
Alerta!.
Foi
rápida sua passagem por Pernambuco. Antes de findar o ano de 1835,
já velho, doente, desiludido e pobre, transfere residência para
Natal. Lá abriu uma farmácia que era gerida por sua filha, reabriu
seu consultório e, depois de muitos anos, voltou a clinicar.
Lecionou francês no Ateneu, tendo fundado um colégio primário e
secundário. Faleceu no dia primeiro de junho de 1838, aos 76 anos de
idade.
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Um comentário:
O seu texto resgata um pouco da memória deste herói e, mais ainda, celebra-o como tal.
É tão difícil se ouvir falar de um herói brasileiro...
Por fim, acredito que a História é feita por todos, mas, por alguns em especial.
Parabéns pelo blog!
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