21 setembro 2012

Wanderley Pinho, um santamarense que deixa saudade

Há 45 anos, no dia 07 de outubro, morria um dos mais importantes figuras do Estado da Bahia, o historiador e político José Wanderley de Araújo Pinho. O texto a seguir está no meu livro Gente da Bahia, volume dois: Nasceu a 19 de março de 1890 em Santo Amaro, Bahia. Filho de João Ferreira de Araújo Pinho, presidente da Província de Sergipe, em 1876 e Governador da Bahia de 1908 a 1911. Pela linha materna era neto do Barão de Cotegipe, João Maurício Wanderley, um dos mais prestigiosos chefes do Partido Conservador no tempo do Império. O rico acervo do arquivo do Barão, conservado pela família materna, o gosto do seu pai pelas letras, levaram o jovem Wanderley a ingressar nas lides da História. 
 
Wanderley formou-se em Direito, pela Faculdade Livre de Direito da Bahia, em 1910, quando o governo Araújo Pinho estava em pleno prestígio político, mas foi logo surpreendido com a inesperado renúncia do velho santamarense, o bombardeio da Bahia, e a perda do mandato de promotor público. Em 1917 no salão do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia ele pronuncia uma conferência sobre Costumes Monásticos-Freiras e Recolhidas onde indagava entre curioso e malicioso, se o namoro alí se limitava apenas àquele estimar sem consequência. Seriam puros ou pecaminosos os amores destas freiras?. A conferência surpreendeu a sociedade da época. E a partir de 1929 porém, ele faz sua verdadeira profissão de fé como historiador, da qual não mais se afastaria até 1967, data de sua morte.

Foi diversas vezes relator na Câmara do Orçamento da Marinha e ocupou vários cargos representativos no Ministério Público. Entre 1924 e 1930 foi Deputado Federal. No governo Otávio Mangabeira exerceu a prefeitura da cidade do Salvador (1947/1951). Sua presença no cargo deu grande importância às comemorações do 4º Centenário da Cidade. A História da cidade marchou pelas ruas em apoteose, desde Tomé de Souza até aquele momento. Foi iniciativa sua o desfile do quarto centenário. Foram empreendimentos de sua administração como prefeito, a abertura da primeira pista da Avenida Centenário, o asfaltamento da Estrada da Liberdade, início da construção da Avenida Vasco da Gama, abertura e asfaltamento da Avenida Amaralina e de outras vias urbanas, reforma dos jardins do Terreiro e do Campo da Pólvora. Com o governador Mangabeira, colaborou para a construção do Hotel da Bahia.

Professor de História do Brasil na Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia, marcou época no estudo da disciplina, tendo animado a pesquisa histórica entre seus discípulos. Os alunos eram constantemente incentivados a realizar pesquisas inéditas, procurar material novo, dar novas dimensões aos estudos, especialmente de História da Bahia, com ricos arquivos à disposição. Lutou pela proteção aos monumentos históricos da Bahia. Era presidente de honra do instituto Geográfico e Histórico da Bahia, além de 1º vice-presidente do Instituto Geográfico e Histórico Brasileiro. Era membro da Academia de Letras da Bahia ocupante da cadeira nº1, cujo patrono é o historiador Frei Vicente de Salvador, Wanderley Pinho substituiu ali a Afrânio Peixoto, de quem foi grande amigo. Foi também Ministro do Tribunal de Contas do Estado, cargo no qual se aposentou.

Como historiador, deixou uma obra que pode ser considerada notável. Alguns dos seus livros, estudos definitivos na historiografia brasileira, como História de um Engenho no Recôncavo, Cotegipe e o seu Tempo e Salões e Damas do Segundo Reinado. Pesquisador criterioso, seguro, tinha a preocupação de consultar as melhores fontes para chegar às conclusões. Seu estilo era claro. Ele escreveu algumas páginas verdadeiramente antológicas na literatura histórica brasileira. Deixa inéditos alguns trabalhos de História, inclusive um importante estudo sobre a História Social da Bahia. Entre suas obras estão Política e Políticos no Império (1930); A Sabinada (1930); Cartas do Imperador D.Pedro II ao Barão de Cotegipe (1933); Cotegipe e seu Tempo - Primeira fase -1815/1867 (1937) importante estudo do aspecto político de nossa História; D. Marcos Teixeira - Quinto Bispo do Brasil (1940); Testamento de Mem de Sá (1941); Salões e Damas do Segundo Reinado (1942) onde encontramos as bases do estudo social de um grupo de elite dedicado aos seus prazeres, seus luxos, seus devaneios; História de um Engenho do Recôncavo - Matoim, Novo, Caboto, Freguesia - 1552/1944 (1946), onde ele faz um perfil da economia agrária açucareira do Recôncavo baiano desde o início de sua produção, suas fases de maior desenvolvimento, como também suas fases de depressão; Abertura dos Portos na Bahia (1961); História Social da Cidade do Salvador, 1549/1650 (1968 - edição póstuma sem revisão do autor), entre outros. Vale lembrar a síntese do século XIX, de 1808 a 1856, publicado na História Geral da Civilização Brasileira, sob a direção de Sérgio Buarque de Holanda. Além de livros e muitas obras relativas ao serviço do estado, publicou inúmeros artigos jurídicos, literários e históricos, em jornais e revistas do Brasil.

Ele sabia que o homem está intimamente ligado à época em que vive, ao conjunto de circunstâncias sociais, econômicas, ecológicas ou mesmo antropológicas que traçam o seu destino, e as indagações que ele fez à História, são determinadas pelos problemas de que tem vivência. Wanderley Pinho escreveu biografias e monografias porque eram as indagações do seu tempo. Havia necessidade de apresentar a História das gentes brasileiras, de biografias que nos entusiasmassem pelas qualidades invulgares da pessoa em foco. Em 07 de outubro de 1967 ele faleceu, no Rio de Janeiro, mas sua obra ficou reunida no Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, instalado no Engenho Freguesia, e inaugurado em 1971. O museu proporciona uma verdadeira viagem ao passado, apresentando coleções de mobiliário, imaginária, pinturas e instrumentos agrícolas, dos séculos XVIII e XIX. O museu mantém oficinas, seminários, cursos, palestras e uma série de ações integradas com grupos da terceira idade. Ainda em 1971 O governo do Estado, através da Secretaria de Educação e Cultura instituiu o Prêmio de História e Biografia Wanderley Pinho. E no bairro do Itaigara tem uma rua com seu nome.

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Maurício de Sousa lança gibi da Turma da Mônica com personagens soropositivos


Maurício de Sousa lançou na última segunda-feira (17) seu primeiro gibi com personagens que têm o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Por meio de Igor e Vitória, o criador da Turma da Mônica vai abordar questões como forma de contágio, o que é o vírus, como viver com crianças soropositivas e o impacto social da síndrome.

A ideia dos personagens foi da ONG Amigos da Vida, que atua na prevenção e combate ao HIV/aids. Christiano Ramos, presidente da ONG, diz que o trabalho resolver um problema existente nas mídias voltadas para crianças. “ O Maurício tem uma linguagem bem acessível, bem leve. Ele vem fazer um papel inédito, que é trabalhar a aids com muita leveza, tranquilidade e naturalidade para as crianças”, disse.

Não é a primeira vez que o autor utiliza personagens de seus quadrinhos para levar informação e conscientizar seus leitores. Humberto, que é mudo, Dorinha, que não enxerga, e Luca, que não anda, mostraram que crianças com restrições físicas são crianças normais e devem ser tratadas como tal.

Vamos usar a credibilidade da Turma da Mônica e nossa técnica de comunicação para espantar esse preconceito, principalmente do adulto, que muitas vezes sugerem medo à criançada. Vamos mostrar que a criança pode ter uma vida normal, com a pequena diferença de ter de tomar remédio a tal hora e, caso venha a se ferir, tem que ter alguém cuidando do ferimento. Fora isso, é uma vida normal”, diz Maurício.


O autor diz que Igor e Vitória podem vir a fazer parte do elenco permanente da Turma da Mônica, não necessariamente citando o fato de eles serem soropositivos. Ele explica que o gibi é também voltado para os pais. “É uma revista única no mundo. E também é voltada para os pais. Criança não tem preconceito, são os pais que inoculam”, diz.

Cláudia Renata, que é professora, levou seus filhos Maria Teresa e Lourenço para o lançamento. Ela diz que os filhos, antes de lerem o gibi, perguntaram quem eram aqueles novos amiguinhos. Para Lourenço, de 5 anos, são crianças normais. “Eles têm uma doença e têm que tomar um remédio. Só isso.”

No gibi, Igor e Vitória, que aparecem ao lado dos personagens da Turma da Mônica, têm habilidades com esportes e levam uma vida saudável. A professora na história é quem explica que eles precisam tomar alguns remédios e que, no caso de se machucarem, um adulto deve ser chamado para tomar os cuidados adequados.

São 30 mil exemplares do gibi, que serão distribuídos gratuitamente nas brinquedotecas do Distrito Federal, na pediatria dos hospitais da Rede Amil (um dos patrocinadores do projeto) e nos hospitais públicos do governo do Distrito Federal.

O objetivo da ONG Amigos da Vida é que em 2012 as histórias de Igor e Vitória cheguem também a São Paulo, ao Rio de Janeiro, a Porto Alegre, a Curitiba, a Salvador e ao Recife. (Fonte: Agência Brasil)
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