Do
musculoso Elmo Lincoln, o primeiro rei das selvas, até o esguio e
elegante Christopher Lambert, nada menos que 20 diferentes
homens-macaco passaram pelas telas. O mais famoso foi Johnny
Weissmuller, um dos maiores atletas da história da natação,
bicampeão olímpico e com o recorde de 67 marcas mundiais do nado
livre. Ele ficou 17 anos (de 1932 a 1948) e 12 filmes como Tarzan.
Foi em janeiro de 1918 que Tarzan surgiu pela primeira vez no cinema.
Ele saiu das páginas das novelas de Burroughs para os filmes de
aventuras. “Tarzan dos Macacos”, com Elmo Lincoln no papel
principal, foi o primeiro filme da história a obter uma renda bruta
de mais de US$1 milhão. Enid Markey personificava a companheira fiel
do rei das selvas e com ele respirava-se um pouco de vida selvagem e
pura das florestas com seus animais e seus perigos. Seu lançamento
deu-se na National Film of América.
Em 1920,
Gene Polar vive o papel do homem-macaco. Esses dois Tarzans eram do
cinema mudo. Depois, vieram outros, como James H. Pierce, Frank
Mervil. Em 1932, o campeão olímpico de natação, Johnny
Weissmuller, deixou as piscinas para ingressar nas selvas africanas,
acompanhado pela suave Mauren O´Sullivan. O som chegara ao cinema e,
pela primeira vez, seria ouvido o grito de triunfo de Tarzan. Foi o
grito do herói que impressionou as platéias. Quando Tarzan levava a
mão à boca e soltava seu poderoso berro, a selva tremia. Ele podia
estar contando vitória, advertindo bandidos ou chamando seus amigos
elefantes para livrá-lo de alguma encrenca. A Metro-Goldwin-Mayer
fez grande esforço para criar um som extraordinário. Trilhas
sonoras que registravam o rosnar de um cão, uivos de hienas, notas
de um violino desafinado foram misturados com a trilha do próprio
Weissnuller gritando. Além de Weissmuller, somente Lex Barker sabia
imita-lo.
Os
intérpretes do herói foram escolhidos mais por sua capacidade
atlética que por qualquer consideração artística. James H. Pierce
(que se casou com a filha de Burroughs) tinha sido craque de futebol
na Universidade de Indiana. Johnny Weissmuller, o melhor de todos,
bateu 75 recordes mundiais de natação e foi a vedete das Olimpíadas
de 1924 e 1928. Os Jogos Olímpicos foram uma sementeira de Tarzan:
Buster Crabe, campeão olímpico de natação, e Herman Brix (depois,
mudou o nome para Bruce Bennett), campeão de arremesso de peso. Glen
Morris foi o campeão de decatio, em 1936. Gordon Scott, antigo
cowboy e salva-vidas, foi o único a filmar na África (Tarzan e a
Expedição Perdida, primeiro filme em technicolor). Já Dennis
Miller, jogador de basquete, foi considerado o pior Tarzan de todos
os tempos. Mike Henry, jogador de futebol americano, fugiu de uma
vaca e foi agredido por Chita quando filmava no Rio. Desde então,
produziram-se 50 filmes de Tarzan, cada um, eles com grande êxito.
Embora gostasse de caçoar das películas, Burroughs ficou
amargamente desapontado com os filmes de Tarzan. Muitas vezes nem ia
vê-los. O seu Tarzan era um homem civilizado, herói, belo e, acima
de tudo, livre. O mundo conhece bem a caricatura semi-analfabeta que
Hollywood fez de Tarzan.
O
personagem não enfrentou apenas os bandidos nas selvas. A censura
foi um inimigo imbatível para o herói. O autor proibia Tarzan de
dar gargalhadas nos filmes. O Código Hays (severa imposição das
ligas de decência) cortou cenas de Tarzan e Jane nadando nus em A
Companheira de Tarzan; censurou o ataque de vampiros em A Fuga de
Tarzan e a morte de Jane em O Filho de Tarzan. E teve que vestir o
jovem Eric Langlois com uma fina malha cor de carne nas cenas em que
ele fazia um Tarzan nu e adolescente em Greystoke, a Lenda de Tarzan.
Depois de
realizarem dezenas de filmes, novelas radiofônicas, discos, peças
teatrais, quadrinhos, os produtores e diretores partiram para os
filmes seriados a tevê – nova forma de explorar o mito de Tarzan.
Ron Ely foi o primeiro Tarzan da televisão. Mais tarde uma série de
Tarzan para a tevê foi levada em mais de 300 estações nos Estados
Unidos e fora dele. Todos os dias, em quase todo o mundo, exibe-se um
filme de Tarzan ou uma tira de quadrinhos. Oitenta anos depois, o
mesmo intenso sucesso permanece. Tarzan continua venerado pelos
velhos que o viram “nascer”, pelos adultos que o recordam e ainda
se divertem com suas aventuras, e também pelas crianças que o têm
como um ídolo sempre presente em suas brincadeiras.
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