09 março 2021

HQ brasileira está mais autoral (01)

 Nas últimas décadas, a HQ nacional ficou mais autoral, com mais variedade de estilos. A lista de grandes quadrinistas brasileiros é enorme, mas podemos citar o carioca MARCELLO QUITANILHA (foto), aclamado em países como Espanha e França, um dos principais nomes brasileiros no exterior. É autor do premiado Tungstênio (2014), Talco de Vidro (2015), Almas Púbicas, Sábado dos meus amores. Os gêmeos paulistanos FABIO MOON e GABRIEL BA premiados internacionalmente pela série Daytripper, de 2010. Depois vieram a série Casanova, Dois Irmãos, etc.





O carioca ANDRÉ DINIZ surgiu com Subversivos (1999) que abordava sobre resistência armada contra a ditadura militar no Brasil. Seguiu-se Moro da Favela, O Idiota e muitos outros. A carioca radicada em Curitiba BIANCA PINHEIRO é mais conhecida pela série Bear, as aventuras da pequena Raven e de um urso simpático e mal humorado. Ela também é autora de Dora (2014) e Meu pai é um homem da montanha (2015). Outro curitibano, GUSTAVO RAVAGLIO traz a saga da Planta, um bípede entre plantas onde discute os limites entre magia e ciência, além de outras coisas.

 



A mineira CAROL ROSSETTI tem mais de300 mil curtidas em sua página no Facebook e é reconhecida internacionalmente pela série de imagens Mulheres. Também mineiro, LELIS traz magníficas aquarelas em Anuí, trabalho 100% autoral com sentimentos amorosos e sutis ou mesmo Saíno a procura, obra que trata de temas regionais, mas com uma sensibilidade universal. O paulistano GUSTAVO DUARTE é um mestre dos quadrinhos sem falas (Co, Birds e Monstros). LU e VITOR CAFAGGI são os donos de traços delicados e autores do sucesso Turma da Mônica-Laços (2013) da série Graphic MSP. Esses irmãos mineiros mantiveram a qualidade em seus trabalhos posteriores: Turma da Monica-Lições e nos trabalhos individuais Valente e Quando tudo começou.

 

O artista paulistano MARCELO D´SALETE coloca o dedo na ferida de um problema no Brasil – o racismo. Cumbe fala sobre o assunto. Tem ainda Noite Luz e Encruzilhada. FELIPE NUNES fez sucesso com Klaus em 2014 e Dodô em 2017. O gaúcho RAFAEL SICA também explora situações paradoxais em quadrinhos mudos como Ipsilone (2018) em uma obra simples e incisiva. A carioca radicada em São Paulo ALINE ZOUVI mostra uma profunda impressão poética no premiado Dente, seguido de Óleo Sobre Tela.

 


Na lista de quadrinistas tem Pedro Cobiaco, Shiko, Wagner Willian, João Pinheiro, Gidalti Junior, José Aguiar, Andre Dahmar, Pedro Vergano e Diogo Bercito, Alexandre S. Lourenço e muitos outros. Mesmo com todos eles publicando com muitas dificuldades, o problema de nosso mercado está concentrado no preconceito e falta de conhecimento de boa parte dos leitores com obras de brasileiros, distribuição ruim e localizada, dificuldade e falta de opções para comprar as HQs, e o pequeno interesse de grandes editoras em trabalhos autorais. O quadrinho brasileiro é resistência, algumas editoras pequenas dão força como a Marsupial, Zarabatana, Draco, Balão, Jambô, Mino, Venetta, Devir e HQM.   


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