05 março 2021

Cognomes nos quadrinhos (05)

Álvaro de Moya, o Forrest Gump dos quadrinhos:

 


Álvaro de Moya (1930-2017) tido como o Forrest Gump dos quadrinhos brasileiros, desenhista, chargista, jornalista. Ex-diretor de TV e um dos principais estudiosos de quadrinhos no mundo. Organizou a primeira exposição do gênero no mundo em São Paulo, em 1951. Acreditava no potencial do gênero em expressar emoção, sentimento, e no campo teórico Moya foi autor do clássico Shazam! (1970), primeiro livro brasileiro inteiramente dedicado à análise de HQs. Em vez de discutir só aspectos práticos dos quadrinhos, a obra também debate as influências pedagógicas do gênero e defende que as HQs devem ser levadas mais a sério pela academia. O profissional era considerado o maior especialista de Histórias em Quadrinhos do país, uma inspiração para muitos, e atuava na área desde o final dos anos 1940. Trabalhou como desenhista de HQs e como ilustrador de livros para várias editoras e tinha ainda uma rica história em outros segmentos, como jornalista, escritor de livros e realizador de mostras, exposições e eventos culturais. É autor de Shazam, O Mundo de Disney, História da História em Quadrinhos, Vapt Vupt, além de ter participado com artigos em diversos outros livros sobre o assunto. O último, da Editora Criativo, celebrava seus 70 anos de carreira e sua amizade com Will Eisner (1917-2005) e foi lançado em agosto de 2017: Eisner / Moya – Memórias de Dois Grandes Nomes da Arte Sequencial.

 

Alex Raymond, Gustave Doré dos quadrinhos

 


Alexander Gillespie Raymond (1909-1956) foi criador de quatro dos mais importantes personagens de quadrinhos: Flash Gordon, Jim das Selvas, Agente Secreto X-9 (1934) e Rip Kirby (no Brasil, Nick Holmes). Seu virtuosismo e realismo nos desenhos inspirou o estilo de vários artistas e até muitos anos depois da sua morte, continua a influenciar o trabalho dos artistas de quadrinhos. Seu traço refinado marcou época e inspirou uma geração de artistas, elevando a arte seqüencial a um novo patamar de sofisticação e elegância. Sua principal criação, o aventureiro Flash Gordon, começou a ser publicado nos Estados Unidos em 1934. As aventuras do herói para derrotar o tirano Ming no Planeta Mongo se transformaram num marco das histórias espaciais. “Decidi, honestamente, que as histórias em quadrinhos são uma forma de arte“, disse certa vez o excepcional desenhista, complementando: “Ela reflete a vida e o tempo com mais esmero e é mais artística que as ilustrações de revistas, desde que seja inteiramente criativa. Um ilustrador trabalha com câmera e modelos; um artista de quadrinhos começa com uma folha de papel em branco e imagina tudo: ele é, ao mesmo tempo, escritor, roteirista, diretor, editor e artista“. Ele fez essa declaração aos 28 anos; quatro anos depois de ter criado Flash Gordon.

 

Flash Gordon surgiu exuberante, provocando um grande salto entre realidade e fantasia, graças à beleza dos desenhos de seu criador, o jovem Alex Raymond, que, em poucos meses fez sua arte evoluir vertiginosamente, a ponto de atingir um elevado grau artístico que os intelectuais comparam ao dos pintores renascentistas. Com Flash Gordon o artista Raymond, auxiliado pelo roteirista Don Moore, molda o que viria a ser o protótipo do super-herói americano: forte, ágil, viril, incansável, justo e democrático. Ele é o gigante ariano da Era Roosevelt. Sob sua liderança, diferentes grupos se aliam contra um vilão implacável: o Imperador Ming. Flash Gordon foi o grande herói da Era de Ouro dos Quadrinhos. O culto ao herói de Raymond extrapolou o universo dos comics. Flash Gordon foi um dos escolhidos pelo conceituado escritor e comunicólogo Umberto Eco quando o convidaram a eleger as obras mais representativas da Cultura Ocidental. Foi também uma das principais referências do cineasta Federico Fellini, principalmente em seu filme Satyricon. Flash Gordon foi, ainda, a grande motivação para a franquia Star Wars. O diretor George Lucas, inclusive, tentara adquirir os direitos de filmagem do personagem, antes de iniciar sua famosa saga interestelar. Ele foi considerado o Julio Verne do Século XX. Álvaro de Moya, professor de comunicação social e um apaixonado pelos quadrinhos, autor de HQs e inúmeros livros sobre o assunto, cognominou Alex Raymond de Gustave Doré dos quadrinhos.

 

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