01 outubro 2017

80 anos sem Theodoro Sampaio

Há 80 anos morria o engenheiro, geógrafo, urbanista, historiador, cartógrafo, arquiteto, etnólogo e gravurista Theodoro Sampaio (1855-1937). Ele combinou a precisão técnica com aguçado olhar antropológico e sociológico. O homem que nomeia duas cidades – uma na Bahia e outra em São Paulo – era filho de uma escrava (ou ex-escrava) do Engenho Canabrava, no Recôncavo Baiano, de propriedade dos Costa Pinto. Desenvolveu trabalho marcante no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), instituição que presidiu enquanto esteve na Bahia.

Suas obras sobre navegação, povos indígenas e saneamento, apesar de datadas, converteram-se em registros eloquentes de um Brasil que começava a se desenvolver e conhecer. O intelectual negro que, sem negar sua cor, silenciou sobre o passado e naturalizou uma certa igualdade, mesmo às custas da história que conheceu tão bem.


Após 18 anos em São Paulo, em 1905 ele volta à Bahia, onde permaneceu por 32 anos. Na trajetória profissional, somam-se suas contribuições ao desenvolvimento da região do São Francisco, criação de infraestrutura para o desenvolvimento de São Paulo, e a reforma e ampliação da rede de esgotos em Salvador. Foi presidente do IGHB, de 1922 a 1937 e reformou prédios como a Faculdade de Medicina e a Igreja da Vitória. Também projetou o bairro da Pituba (Cidade Luz) em 1919.
União

Da união entre a escrava Domingas da Paixão e do engenheiro Antônio da Costa Pinto nasceu Theodoro Sampaio. Negro, nascido em 1855, no Engenho Canabrava, local que hoje pertence ao município baiano que leva o nome desta personalidade, ele foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Engenheiro por profissão, também foi geógrafo e historiador, deixando o legado de uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica sobre a contribuição das bandeiras paulistas à formação do território nacional, entre outros temas.


Ainda em Santo Amaro, Theodoro Sampaio estuda as primeiras letras no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado, em 1864 para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda, leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do também baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.


Engenheiro

Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, onde no ano seguinte, compra a carta de alforria de seu três irmãos. Por ser filho de branco, Theodoro Sampaio nunca fora um escravo. Em 1879 integra a “Comissão Hidráulica”, nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses. A convite de Orville Derby, que conhecera na expedição aos sertões sanfranciscanos, participa de nova comissão que realiza o levantamento geológico do Estado de São Paulo (1886).


Antes havia realizado o trabalho de prolongamento da linha férrea de Salvador ao São Francisco (1882). No ano seguinte é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa quando do convite de Derby para ir a São Paulo. Ali, dentre outra realizações, participa em 1990 da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe), é nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1898 a 1903). Theodoro Sampaio também participou da fundação da Escola Politécnica.


Entre seus livros e artigos estão: O rio São Francisco e a chapada Diamantina, O tupi na geografia nacional, Atlas dos Estados Unidos do Brasil, Dicionário histórico, geográfico e etnográfico do Brasil, História da Fundação da Cidade do Salvador, Os kraôs do Rio Preto no Estado da Bahia, com um vocabulário e uma carta etnográfica, e Contribuição para a história da catequese e civilização dos índios do Brasil.


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