29 agosto 2017

100 anos da animação brasileira (02)

O mercado brasileiro se aqueceu nos últimos anos, mas profissionais brasileiros já vem demonstrando qualidade há algum tempo. Tanto que exportamos alguns talentos para grandes estúdios americanos. Alguns deles são: Leo Matsuda (Operação Big Hero), Rosana Urbes (Mulan), Ennio Torresan (Madagascar, Kung Fu Panda, Megamente, Bob Esponja e outros), Fabio Lignini (Como Treinar Seu Dragão, Gato de Botas e outros), Céu d’Ellia (Pateta – O Filme) e Carlos Saldanha (Rio e a Era do Gelo).

Um dos desafios no Brasil é estruturar o ensino profissional de animação. São dezenas de cursos, mas ainda são poucos para a nossa demanda. Apesar dos cursos existirem, uma pesquisa feita pela mestre em design Cristiane Fariah mostrou que cerca de 54% dos profissionais da área não têm uma formação superior no ramo — boa parte tem cursos técnicos. Segundo o Guia do Estudante, as empresas estão buscando cada vez mais profissionais da área. Ainda segundo a publicação, os melhores cursos disponíveis na área são na UFMG (Cinema de Animação e Artes Digitais) e na UFPel  (Cinema de Animação).



Origem (1900-1917)

A animação brasileira não nasceu da criação de grandes estúdios, e sim da vontade de pioneiros e entusiastas. Nas primeiras décadas do século 20, os primeiros a se aventurarem no cinema de animação foram os chargistas. É nesse contexto, em que charges animadas eram exibidas após os cinejornais, nas sessões de cinema, que surgem as primeiras animações nacionais.   “Kaiser”, de Álvaro Martins, é o filme que marca essa primeira fase.


Impulso (1920-1939)

Animações continuaram a ser produzidas no país, lançando mão de referências internacionais, principalmente americanas. Produto dessa influência são as linhas arredondadas dos desenhos, como as de Mickey Mouse, da Disney. O segundo curta destacado é “Macaco feio... Macaco bonito”, de 1929, dirigido por Luiz Seel e João Stamato.


Criador dos personagens Reco-Reco, Bolão e Azeitona que, durante anos, apareceram na revista infantil O Tico-Tico, Luiz Sá foi também responsável pela criação de uma série de curtas de animação que ficou perdida por anos, As Aventuras de Virgulino. Produziu ainda desenhos humorísticos para jornais cinematográficos. Sá também foi responsável pela criação de O Bonequinho, personagem usado na seção de crítica de cinema do Jornal O Globo.


Experimentação (1940-1959)

Nesse momento, artistas brasileiros experimentavam diversas técnicas na produção de filmes animados. Um deles era Roberto Miller, que produziu dezenas de curtas animados desenhando e pintando diretamente sobre a película do filme. Em 1953, é lançado o primeiro longa-metragem de animação brasileiro: “Sinfonia Amazônica”, de Anélio Latini. O filme, em preto e branco, mostra sete lendas amazônicas, entre elas a que narra a criação da noite e a lenda da Iara.


Expansão (1960-1979)

Ao longo dessas duas décadas, houve o primeiro festival internacional de cinema de animação realizado no Brasil, em 1965, a formação de grupos de atuação na área, a criação de mostras e as animações criadas para comerciais.



Em 1972, é lançado o segundo longa brasileiro de animação: “Piconzé”, de Ypê Nakashima, primeiro longa-metragem colorido de animação do país. O filme começou a ser desenvolvido em 1966, o animador coloca um anúncio em um dos jornais onde trabalhou, o São Paulo-Shimbun, a fim de conseguir mão de obra para o projeto, o artista plástico Ayao Okamoto fez a arte-final durante 3 anos, a animação é finalmente concluída em 1972 e lançada em 24 de janeiro de 1973.

Dentre os maiores difusores da animação no Brasil não podemos deixar de destacar Maurício de Souza, que deu vida aos quadrinhos da Turma da Mônica já na década de 1960, no que podemos considerar a primeira série de animação nacional, inicialmente transmitindo na televisão e, mais tarde, a partir dos anos de 1980, produzindo filmes para cinema e vídeo. Natal da Turma da Mônica  é de 1976


Contemporâneos (1980-2016)

Otto Guerra fazia histórias em quadrinhos. Em 1978 fundou seu próprio estúdio, Otto Desenhos Animados. Seu primeiro curta-metragem foi O Natal do burrinho, lançado em 1984. Em 1995, Guerra lançou o longa Rocky & Hudson- Os Caubóis Gays, baseado na tira de Adão Iturrusgarai. E foi vencedor do prêmio especial do júri no festival de Brasília e selecionado para os festivais de Havana e Hiroshima. Em 2006, exibiu Wood & Stock: sexo, orégano e rock’n’roll no 10º Cine-PE, onde o longa ganhou o prêmio especial do júri. No ano de 2013, o diretor lançou o longa Até que a Sbórnia nos Separe, baseado na dupla musical Tangos e Tragédias.


Chico Liberato ,pioneiro do cinema de animação na Bahia, produziu o terceiro filme de animação de longa metragem feito no Brasil – Boi Aruá, que documenta o cotidiano do Nordeste do Brasil, mais especificamente do sertão catingueiro, através do mito do Boi Aruá. O filme foi premiado pela Unesco. Entre os temas principais dos trabalhos de Chico Liberato estão o sertão e o sertanejo, a arte popular e as figuras místicas presentes no candomblé.


Marcos Magalhães é autor de diversos curtas-metragens em animação, entre os quais “Meow!”, ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes 1982 e “Animando”, filmado no National Film Board of Canada em 1983 Animando. “Animando” ganhou o Prêmio de Melhor Filme Didático no Festival de Espinho, Portugal, e até hoje é frequentemente exibido em programas de TV, escolas e cursos de animação do mundo inteiro.


É o criador e animador do ratinho de massinha do programa de TV “Castelo Rá-Tim-Bum”. Desde 1993, Marcos é um dos fundadores e diretores de Anima Mundi, Festival Internacional de Animação do Brasil, hoje um dos cinco principais eventos de animação no mundo. Que está completando 25 anos de existência em 2017.


A animação brasileira no panorama mundial mudou recentemente, com premiações consecutivas no festival de animação mais importante do mundo, o de Annecy, na França, e uma indicação ao Oscar em 2016, por “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu. A partir da década de 1990, a indústria de animação passou a existir de fato, com editais de fomento especificamente voltados à produção de animações. Rosana Urbes foi a única mulher brasileira premiada em Annecy, com o curta “Guida” (2015) . Nas edições anteriores, em 2013 e 2014, o prêmio de melhor longa-metragem do festival havia sido concedido às animações brasileiras “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi e “O Menino e o Mundo”.




Um comentário:

Unknown disse...

Boas dicas. Pessoalmente acho que O Que Será de Nozes 2 é um dos filmes infantis mais divertidos que já vi, gostei muito como se desenvolve a história, o roteiro é muito divertido para pequenos e grandes, em todo momento nos fazem rir. O Que Será de Nozes filme tem entretenimento que faz o tempo passar suave principalmente na primeira hora. É um filme que sem importar o estado de animo em que você se encontre, irá lhe ajudar a relaxar um pouco.