28 agosto 2017

100 anos da animação brasileira (01)

Neste 2017 comemoramos 100 anos da animação no Brasil – comemoração que passou praticamente invisível. Apesar de nossa rica história, a produção brasileira hoje contempla o esquecimento, como se ameaçou acontecer com diversos grandes nomes do cinema, da arquitetura e das artes plásticas brasileiras.

A história da animação no Brasil é uma história de sobrevivência. Há cem anos, em 1917, a charge animada Kaiser, de Álvaro Martins (Seth), era lançada ao público como anúncio para a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, firmando o marco inicial da história da animação no Brasil.


Hoje, o Brasil é reconhecido internacionalmente, com premiações consecutivas no festival de animação mais importante do mundo, Annecy – festival realizado anualmente na cidade de Annecy, na França, criado em 1960 e organizado pela Associação Internacional de Filmes de Animação (Association d'International du Film d'Animation). Por dois anos consecutivos, longas brasileiros venceram o prêmio Cristal do festival.



De acordo com a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA), 373 filmes de animação foram produzidos no Brasil entre 2000 e 2004. Enquanto 216 filmes foram produzidos no Brasil nos anos 1990. Ou seja, foram produzidos 72% a mais do que na década anterior. Segundo Cândida Luz Liberato, integrante da ABCA, contribuem para o desenvolvimento do mercado as inúmeras iniciativas governamentais, por meio de programas de fomento ao setor audiovisual. Leis de incentivo, editais, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e o aumento da demanda de distribuidoras e canais de televisão por conteúdo nacional (filmes, séries e animações), consequência da Lei 12.485/11 (a Lei da TV Paga), corroboram nesse sentido.

A força do setor de animação nacional é cada dia maior, conforme avalia a Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA). Uma prova foi a compra da animação Lino, de Rafael Ribas, pelos estúdios Fox. O filme, dublado por Selton Mello, Paolla Oliveira e Dira Paes, tem estreia prevista para 7 de setembro em mais de 400 salas do Brasil.



Outro destaque da animação é o estúdio brasiliense Anim’all, que tem feito sucesso nas redes sociais desde que começou a animar tirinhas do quadrinista Caio Gomez. Com relação à exportação de talentos, um dos nomes mais lembrados é o de Matias Liebrecht. O paulistano trabalhou com o londrino Tim Burton em Frankenweenie, filme da Disney de 2012. O brasileiro também atuou no longa Isle of dogs, do americano Wes Anderson. Com previsão de lançamento em 2018, o filme terá as vozes de Edward Norton, Bill Murray, Tilda Swinton e Scarlett Johansson, dentre outros nomes estrelados.

Apesar de competirmos com gigantes da animação internacional, como Estados Unidos e Japão, o mercado nacional, já há 100 anos, vem construindo seu espaço e ganhando cada vez mais espaço e conteúdo. Temos um longo caminho a percorrer, inúmeros frames para desenhar e prêmios a conquistar, mas o cenário é otimista para os profissionais brasileiros. Carlos Saldanha foi ao mercado internacional dirigir A Era do Gelo 3 (2009) e Rio (2011). Rosana Urbes foi animadora em Mulan (1998), na Disney. Fabio Lignini é animador sênior da Dreamworks, tendo participado dos filmes Como Treinar seu Dragão (2010), O Gato de Botas (2011), entre outros.


E, na própria televisão brasileira, já podemos assistir a várias séries produzidas nacionalmente (e algumas até exportadas para vários países), como Peixonauta, O Amigãozão, Tromba Trem e O Irmão do Jorel.


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