Neste 2017 comemoramos 100 anos da
animação no Brasil – comemoração que passou praticamente invisível. Apesar de
nossa rica história, a produção brasileira hoje contempla o esquecimento, como
se ameaçou acontecer com diversos grandes nomes do cinema, da arquitetura e das
artes plásticas brasileiras.
A história da animação no Brasil é uma
história de sobrevivência. Há cem anos, em 1917, a charge animada Kaiser, de
Álvaro Martins (Seth), era lançada ao público como anúncio para a entrada do
Brasil na Primeira Guerra Mundial, firmando o marco inicial da história da
animação no Brasil.
Hoje, o Brasil é reconhecido
internacionalmente, com premiações consecutivas no festival de animação mais
importante do mundo, Annecy – festival realizado anualmente na cidade de
Annecy, na França, criado em 1960 e organizado pela Associação Internacional de
Filmes de Animação (Association d'International du Film d'Animation). Por dois
anos consecutivos, longas brasileiros venceram o prêmio Cristal do festival.
De acordo com a Associação Brasileira de
Cinema de Animação (ABCA), 373 filmes de animação foram produzidos no Brasil
entre 2000 e 2004. Enquanto 216 filmes foram produzidos no Brasil nos anos
1990. Ou seja, foram produzidos 72% a mais do que na década anterior. Segundo
Cândida Luz Liberato, integrante da ABCA, contribuem para o desenvolvimento do
mercado as inúmeras iniciativas governamentais, por meio de programas de
fomento ao setor audiovisual. Leis de incentivo, editais, o Fundo Setorial do
Audiovisual (FSA) e o aumento da demanda de distribuidoras e canais de
televisão por conteúdo nacional (filmes, séries e animações), consequência da
Lei 12.485/11 (a Lei da TV Paga), corroboram nesse sentido.
A força do setor de animação nacional é
cada dia maior, conforme avalia a Associação Brasileira de Cinema de Animação
(ABCA). Uma prova foi a compra da animação Lino, de Rafael Ribas, pelos
estúdios Fox. O filme, dublado por Selton Mello, Paolla Oliveira e Dira Paes,
tem estreia prevista para 7 de setembro em mais de 400 salas do Brasil.
Outro destaque da animação é o estúdio
brasiliense Anim’all, que tem feito sucesso nas redes sociais desde que começou
a animar tirinhas do quadrinista Caio Gomez. Com relação à exportação de
talentos, um dos nomes mais lembrados é o de Matias Liebrecht. O paulistano
trabalhou com o londrino Tim Burton em Frankenweenie, filme da Disney de 2012.
O brasileiro também atuou no longa Isle of dogs, do americano Wes Anderson. Com
previsão de lançamento em 2018, o filme terá as vozes de Edward Norton, Bill
Murray, Tilda Swinton e Scarlett Johansson, dentre outros nomes estrelados.
Apesar de competirmos com gigantes da
animação internacional, como Estados Unidos e Japão, o mercado nacional, já há
100 anos, vem construindo seu espaço e ganhando cada vez mais espaço e
conteúdo. Temos um longo caminho a percorrer, inúmeros frames para desenhar e
prêmios a conquistar, mas o cenário é otimista para os profissionais
brasileiros. Carlos Saldanha foi ao mercado internacional dirigir A Era do Gelo
3 (2009) e Rio (2011). Rosana Urbes foi animadora em Mulan (1998), na Disney.
Fabio Lignini é animador sênior da Dreamworks, tendo participado dos filmes
Como Treinar seu Dragão (2010), O Gato de Botas (2011), entre outros.
E, na própria televisão brasileira, já
podemos assistir a várias séries produzidas nacionalmente (e algumas até
exportadas para vários países), como Peixonauta, O Amigãozão, Tromba Trem e O
Irmão do Jorel.
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