A Festa da Puxada do Mastro de São
Sebastião em Olivença (Ilhéus) é muito antiga, acontece desde o período
colonial. Naquele período havia festas para N. S. da Escada, S. André, S.
Miguel e Santa’Ana, cujas despesas eram das custas dos índios. Não se fazia
festa para São Sebastião. O rito que originou a festa é, na verdade, a
sacralização dos gestos que envolviam o trabalho cotidiano de boa parte dos
índios de Olivença na segunda metade do século XVIII e início do XIX: o
trabalho de cortar, amarrar e puxar as toras de madeira que se extraiam
daquelas matas para serem usadas na construção naval. A saída dos jesuítas
liberou a mão-de-obra indígena para ser explorada pelos fabricantes de madeira.
Até mesmo diretores e vigários destinados a organizar a vida dos índios de
Olivença se envolveram nesta lucrativa atividade.
Nos locais onde a exploração da madeira
era organizada pelo próprio estado, como nas feitorias de Cairu, as toras eram
arrastadas da mata para os portos de embarque pela força dos bois e este
processo era chamado de “arrasto dos paus”. Onde a exploração era particular,
como em Olivença, normalmente o transporte se fazia por braços indígenas e era
denominado de “puxada”. Por que, então, “puxada do mastro” e não puxada do pau?
Porque as madeiras que se extraíam das matas ao redor de Olivença, a exemplo do
jequitibá, do jacarandá e do potumuju, eram empregadas na confecção de peças
para a mastreação de embarcações. A propósito, um dos primeiros testemunhos
conhecido sobre a Festa data de 1818 e foi emitido pelos cientistas holandeses
Spix e Von Martius. Mais acostumados com a sobriedade dos ritos religiosos
calvinistas, os estrangeiros se impressionaram com o batuque e o frenesi que
envolviam a festa de Olivença, vista por eles como uma fronteira fluida entre o
sagrado e o profano. A Puxada do Mastro de São Sebastião tem grande importância
histórica e encanta quem visita principalmente o balneário de Olivença no
período do evento. A tradição da puxada do mastro atrai milhares de curiosos, a
exemplo de turistas e nativos, estimulando trabalhos acadêmicos e livros sobre
o evento que acontece há três séculos.
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