O diretor, tradutor, cenógrafo, figurinista,
crítico, jornalista e professor pernambucano Eros Martim Gonçalves (1919-2019) morou
durante cinco anos na Bahia. Mais do que
emprestar o nome ao teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Martim foi
fundador da primeira Escola de Teatro do país ligada a uma instituição de
ensino superior. Com a criação da Escola de Teatro da Ufba, nos anos 1950,
marcou a trajetória de atores como Othon
Bastos, Nilda Spencer (1923- 2008) e Antonio Pitanga, além do cantor Caetano
Veloso e do cineasta Glauber Rocha (1939-1981). Foi também um dos fundadores do
Teatro Tablado no Rio de Janeiro. O diretor falava quatro línguas e tinha
conexões em mais de 20 países. E No final dos anos 1950, conseguiu se articular
de tal forma que a Escola reuniu um inédito poder, uma capacidade técnica que
nenhuma outra instituição tinha. Daí vem o estigma. Ele teve uma contribuição
decisiva na criação do Museu de Arte Sacra e do Centro de Estudos Afro-
Orientais. Além disso, foi ele quem influenciou a criação do Museu de Arte
Moderna da Bahia no Solar do Unhão, com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi
(1914-1992). Durante sua passagem pelos Diários Associados, Martim conheceu o
fotógrafo e etnólogo Pierre Verger (1902-1996), sendo responsável por promover
suas pesquisas em solo africano. Eles articularam viagens juntos,
detalhadamente para Nigéria e Senegal e, graças a Martim e ao dinheiro da
[Fundação] Rockefeller, Verger conseguiu gravar no palco da escola a roda de
xirê completa, que hoje está no acervo da Fundação Pierre Verger. Outro impasse
que marcou a passagem de Martim Gonçalves pela Bahia foi com a primeira turma
de atores profissionais que chegou perto de se formar na Escola de Teatro da
Ufba, mas rompeu o vínculo com a instituição e fundou a Companhia Teatro dos
Novos. Foi essa mesma companhia que criou, em 1964, o Teatro Vila Velha (TVV). A
importância de Martim Gonçalves para o teatro baiano e brasileiro é
inquestionável.
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