Juarez Paraiso (1934 - ) professor,
pintor, escultor, gravador, fotógrafo, muralista, publicitário, cenógrafo,
figurinista, decorador e artífice. Artista gráfico de todas as técnicas
(xilogravura, metal, serigrafia, offset), pintor de todas as tintas (do pincel
à pistola) assim respondeu em dezembro de 1999:
“O pornográfico surge quando desaparece o
sentimento estético. A ausência do estético, portanto, qualifica o
pornográfico. E nos parece claro que a prevalência do instinto também elimina o
pornográfico. Uma situação onde o instinto sexual é predominante, portanto, não
é uma situação pornográfica. O pornográfico seria a exposição do sexo ou de
situações sexuais de forma exageradamente frontal, sem a solicitação do
instinto sexual ou da presença da idealização artística, do sentimento
estético. A pornografia só existe pela
banalização do sexo, pela sua exposição bizarra e escandalosa. O instinto
sexual é uma condição primaria e natural. Fora os preconceitos sócio-culturais
e os sentimentos de culpa impostos principalmente pela religião cristã, a
pratica instintiva do sexo elimina o pornográfico. E mais ainda quando gera um
prazer associado com o amor, a integração de sentimentos recíprocos e
benfazejos. O erótico encarna o sentimento onde o sexo ultrapassa o simples
sentimento de prazer sexual, por encontrar-se enriquecido com a vivencia do estético,
isto é, com a construção do prazer associado com o sentimento do belo, ou da
expressividade artística. (...) O erótico pode existir através de qualquer
assunto, tornando-se o verdadeiro tema do artista. Também varia o grau de erotismo,
a depender do assunto e da força expressional dos diversos artistas”.
O artista plástico, fotógrafo e crítico de
arte César Romero em março de 2000 respondeu por email: “O erotismo está ligado
a sensualidade, ao dengo, ao brincalhão e travesso. É suave e insinuante, não é
imediatista, nem choca. No erotismo o libido é mostrado de forma lasciva e
terna e pornografia é imediatista e por vezes na Arte, até grosseiro”.
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista,
entalhador e cenógrafo baiano Calasans Neto (1932 – 2006) em 1999 respondeu: “O adjetivo erotismo que é
relativo ao amor com toda conotação de sugestão ao desejo bolindo com o mais
escondido dos libidos e o que tem de lubrico, lascivo é sempre sutilmente
representado das imagens plásticas ou na literatura, é uma forma delicada de
bolir com sentimentos sensuais e fazer o espectador participar de sonhos
eróticos. Já a pornografia é outra vertente sem sutileza, grosseira, obscena
onde o jogo do prazer é visto sob a ótica da devassidão sem a poesia sugestiva
da paixão. Ela vem da forma mais chocante para o espectador. Para mim,
infinidades de pintores e escultores já participaram de um erotismo poético e
reputo como o mais perfeito símbolo do erotismo o quadro `Le Bain Turc´de
Ingres hoje no Louvre – Paris”.
O jornalista Marcos Rodrigues, autor do
livro Pasolini ainda vive?, em dezembro de 1999 assim se expressou: “Quando
penso em erotismo a primeira ideia que me ocorre é a da sensualidade através de
imagens, gestos, provocações, enfim a exploração do desejo (....). A
pornografia consiste na publicação extravagante da nudez ou do ato sexual, sem
nenhuma conotação de provocar ou chamar atenção, mas sim de escancarar. É o
sexo do sistema que sugere a exploração a fundo de aspirações e fantasias. Na
pornografia nenhum gesto é contido, executado mecanicamente, instantâneo,
implicando na sacanagem explícita, na libertinagem, uma vez que o homem supõe
sentir a interferência social nas suas atitudes sexuais. O que vale é dar vazão
ao instinto (...) A pornografia tem a função da televisão, que atrai a atenção
do espectador/leitor pelo produto que oferecessem direito de recusa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário