Em um momento em que apenas brancos
brincavam dentro das cordas e os negros só eram aceitos como cordeiros, Antônio
Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, então com 20 anos, desceu o Curuzu no
Carnaval de 1974 acompanhado de umas 100 pessoas negras que levavam cartazes
exaltando a beleza negra e outras frases importadas do movimento negro dos
Estados Unidos. Era a resposta ao fato de que jovens negros tinham suas fichas de inscrição rejeitadas pelas agremiações carnavalescas.
Esperavam-se pelo menos 500 pessoas, mas o medo da repressão fez a maioria
recuar. Qualquer menção a direitos humanos soava como coisa de comunista, e,
para diminuir o risco de confronto com a polícia, Vovô foi convencido a abrir
mão do nome que havia decidido para o bloco, Poder Negro. Depois de uma
consulta a um pesquisador belga amigo, chegou-se a Ilê Aiyê, que em iorubá
significa mundo negro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário