Há 175 anos surgia o saxofone,
mas o novo instrumento de sopro só foi patenteado dois anos depois.
Criado no
século 19 pelo belga Adolphe Sax, o instrumento não foi valorizado pelas
orquestras sinfônicas. Do início nas bandas marciais ele acabou
transformando-se no símbolo do jazz, depois caiu na boca do rock, das trilhas
de cinema, da publicidade e de uma nova geração que ganha a vida e se diverte
explorando a sensualidade de seu som.
Sendo um instrumento híbrido
(corpo de metal, mas a palheta é de fibra de madeira), sua sonoridade típica e
seus múltiplos recursos cativaram os músicos, que nele encontraram meios para
expressar seu talento. Muitos afirmam que o saxofone é o instrumento que mais
se aproxima da voz humana. O soprano tem dois formatos: reto (o mais comum) e
curvo (pouco usado)
O músico Coleman Hawkins teve a
primazia de popularizar o instrumento e ficou conhecido como o pai do saxofone
no jazz. Já no jazz moderno, Charlie Parker (um dos criadores do estilo bebop)
deu início a uma nova era, influenciando milhares de músicos em todo o mundo.
Parker mudou tudo no jaz com uma sonoridade e fraseado sinuoso e a inserção de
uma torrente de notas inimagináveis. Em cada solo novos rumos para o
instrumento e o jazz. Sua energia e paixão pelo sax fez escola. Em seguida veio
Lee Konitz com novas sonoridades, Lester Young e seu cool jazz. Outros nomes
importantes no jazz: Dexter Gordon, Wardell Gray, Stan Getz, Sonny Rollins e
John Coltrane. Este último trouxe ao instrumento uma velocidade até então
jamais imaginada.
QUEM É QUEM NA BAHIA
Eis alguns nomes de músicos da
Bahia que têm intimidade com o instrumento
Rowney Scott eleito pelo Troféu Caymmi como o melhor
instrumentista de 1985, época do auge do saxofone no mundo. A sensualidade e a
melodia harmoniosa estavam no ar.
Paulinho Andrade além de saxofone toca também flauta. Já
gravou com diversos artistas, foi professor da Academia de Música Atual. Sua
formação musical é erudita. Cursou a Escola de Música da UFBa e enveredou pelo
jazz nos anos 80 por questão de preferência.
Tuzé de Abreu se apaixonou pelo instrumento por causa do
disco do saxofonista americano Paul Desmond. Tuzé tinha 13 anos e já tocava
violão, piano e quis aprender sax e resolveu estudar o instrumento.
Luciano Queiroz acostumou desde criança a ouvir o
instrumento pelo pai e passou então a toca-lo. Já tocou com diversos grupos
como o Tríade, Sexteto do Beco, Oficina de Frevos e Dobrados, Banda Sinfônica
da UFBa, entre outros.
Jeová Nascimento começou estudando violão. Depois entrou
para a faculdade e começou a estudar instrumento de sopro. Inicialmente
desenvolveu um trabalho com o grupo Operanóia. Fora da Bahia estudou com Paulo
Moura, Nivaldo Ornellas, entre outros.
Zeca Freitas primeiro se interessou pela flauta, em seguida
sax e foi tocar no Sexteto do Beco, do qual foi um dos fundadores. Foi também
um dos fundadores da Academia Música Atual.
Vivaldo Conceição teve contato com a música desde os sete
anos e tocou em muitas orquestras.
NA LITERATURA E CINEMA
A paixão pelo jazz acompanhou o
escritor Fernando Sabino desde a juventude e sua andança pelo mundo lhe
possibilitou se aproximar de inúmeros grandes mitos jazzísticos. Em muitas
crônicas, Sabino já falou de sua paixão pelo jazz e pelo sax. No desenho
animado da família Simpson a garotinha Lisa é apaixonada pelo saxofone. Em “On
The Road” o escritor Jack Kerouac apresenta uma passagem em transe de uma
saxofonista em altas doses de suspense.
No cinema, o cineasta Clint
Eastwood dirigiu em 1988 o filme “Bird”, biografia do saxofonista Charles
"Bird" Parker, um dos mais famosos jazzmen americanos. A fita conta
sua vida, cheia de drogas, álcool, amores e sua brilhante arte. Três anos antes
Joel Schumacher dirige o “Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” onde um grupo
de jovens pretende se manter unido após sua formatura, enfrentando junto as
alegrias e problemas da nova fase de suas vidas. O sax tem ponto alto.
No filme “A Estrada Perdida”, de
David Lynch (1997) o ator Bill Pullman faz o papel de um saxofonista de jazz
vanguardista que é casado com Renee (Patricia Arquette). Ele suspeita que Renee
pode ser infiel a ele, mas percebe que tem coisas maiores para se preocupar quando
alguns vídeos aparecem na porta da sua casa, provando que alguém está observado
a casa por fora e por dentro. Quando Renee é encontrada morta, Fred é preso e
condenado por homicídio em primeiro grau. Entretanto em uma manhã não está mais
em sua cela e se transformou aparentemente em Pete Drayton, um jovem mecânico
de automóveis que é libertado mas tolamente se envolve com a mulher de Dick
Laurent, um gangster, chamada Alice Wakefield, uma loira bem sensual que é
exatamente igual a Renee. Complicado? Nada disso, é sensualidade do sax a toda
prova.
E o sax continua seduzindo o
mundo e sendo um dos principais astros na música, cinema, teatro, televisão,
publicidade. Para aprender a tocá-lo basta possuir o instrumento e dispor de
determinação e tempo.
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