A primeira
qualidade do humor
é precisamente escapar
a todas as definições,
ser inacessível, como
umespírito que passa.
O conteúdo pode ser
variável: há uma
multiplicidade de humor,
em todos os tempos
e em todos os
lugares, desde o
movimento em que,
na mais remota pré
história, o homem
tomou consciência dele
mesmo, de ser aquele
e ao mesmo tempo
de não o ser
e achou isso muito
estranho e divertido.
O humor surge quando
o ser humano se dá
conta de que é
estranho perante si
mesmo.
A função
do humor não é,
imediatamente, provocar o
riso, como supõe a
razão, mas é, também,
de se contrapor
a ela como instância
privilegiada e exclusiva
da verdade. O humor
é uma casa de
muitas portas, sendo a
mais séria a do
não sério, aquela que
se abre como oposição
à razão cotidiana.
O não
sério exprime verdades que
têm valor universal.
Numa sociedade condicionada
pela razão, é interessante
notar como tudo que
não é sério dá
prazer.
Humor
é coisa
séria
Na
Grécia Antiga, o filósofo
Aristóteles foi o
primeiro a estudar
a arte e, dentro
dela, a tragédia e
a comédia. Ele é
o autor da célebre
frase, “o homem é
o único animal que
ri”. A risada
é o mote por
trás do mistério que
ronda o livro “O
Nome da Rosa”,
de Umberto Eco. Na
trama, uma obra de
Aristóteles, sobre o
riso é mantida escondida
a sete chaves na
biblioteca de um
mosteiro para evitar
que os religiosos
sejam contaminados pelas
ideias do filósofo.
Segundo o abade
que se empenha em
manter o riso trancafiado
na torre, quem ri
não teme, e quem
não teme não tem
Deus. A obra se
passa na era medieval,
tempo no qual a
risada era coisa de
herege.
O
filósofo do século
XVII, Spinoza também já
estudava a alegria
na trajetória da vida.
O sociólogo alemãoNorbert
em sua obra “O
Processo Civilizatório”,
mostrou como os
bons modos reprimiam
o riso na Europa
ao longo dos últimos
séculos. A associação
entre a contenção
do riso e as
vontades reprimidas
foi pontuada por Freud.
Em um artigo de
1928, intitulado Humor, ele
tratou o riso como
uma forma de driblar
a repressão dos impulsos.
Assim, durante muitos anos,
no campo religioso
o riso era considerado
coisa do diabo. Já
no campo intelectual
predominou o pensamento
cartesiano lógico, metódico
e pragmático.
O
riso é o melhor
remédio para curar
doenças e aliviar
as tensões do cotidiano.
Está provado que a
ausência do riso
é um dos fatores
que contribuem para o
surgimento de câncer.
A técnica do riso
vem sendo usada em
vários países como recurso
medicinal para combater
vários males.
O
indivíduo que não
ri é prisioneiro
da raiva, da frustração
e da tristeza,
emoções consideradas
negativas. Com energia
positiva, o indivíduo
pode reverter emoções negativas,
alterando o condicionamento
depressivo. Ver filmes
cômicos, ouvir piadas
são bons recursos para
se reaprender a rir.
O
colunista do Folha
de S.Paulo, Josué Gomes
da Silva escreveu no
dia 18 de setembro
de 2011 (Humor é
coisa séria, pag. A2):
“O humor é forma
vigorosa de impactar
as pessoas, fazendo captar
– pelo riso – o que
é sério, está errado
e precisa ser corrigido.
É impressionante a
capacidade do criador
gráfico que, em
reduzido espaço, abre
a ferida do momento
político, econômico
e social (…)
Desde o século 19,
quando nos fizeram rever
o ranço social deixado
pelo Império, passando pela
República e até
os dias de hoje,
com poucos traços e
palavras, seus desenhos
denunciam impostores,
censuram maus políticos
e administradores públicos,
ridicularizam o nonsense,
mas também aplaudem os
positivos efeitos da
humanidade”.
“Chargistas
e cartunistas são
legítimos porta vozes
do sentimento popular. Seus
trabalhos são um
canal onde o povo
se manifesta, demonstrando
sua opinião contra ou
a favor. Cartuns e
charges sempre enfrentam
adversidades. No início,
na Europa, foram respeitados
no universo da arte
por desrespeitarem as
leis da estética e
serem ' meros provocadores'.
Até hoje, seus autores
enfrentam agressões
físicas e conceituais
nos regimes totalitários”.
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