O carnaval da Bahia é hoje a segunda maior festa campal do mundo. Uma festa anual com a duração de uma semana, mobilizando milhões de pessoas que se comprimem ou se espalha por todos os municípios. Blocos, afoxés, trios elétricos e grupos diversos passam exibindo-se e são as maiores atrações da festa, levando milhares de pessoas para as ruas de diversas cidades baianas que realizam a maior manifestação da cultura popular do país. Misto de alegria e festa, o Carnaval hoje é uma grande indústria, com grandes centrais de produção. “Nem quero saber/se o diabo nasceu/foi na Bahia/foi na Bahia/o trio elétrico o sol rompeu/no meio de/no meio dia” canta Caetano Veloso.
O
Carnaval da Bahia é um mosaico de culturas e ritmos afro-brasileiros. No século XIX os baianos cantavam ópera. “Não havia música carnavalesca”, conta o pesquisador Paulo Miguez, da UFBa. “Cantavam-se trechos operísticos na rua”. A influência do batuque negro ainda era tímida. Mas a folia baiana sempre teve algum reflexo da cultura dos escravos, “pela forma de se exibir, desfilando e cantando, que lembrava os traços das festividades nigerianas do Damurixá e do Gueledé”, segundo o sociólogo Antônio Risério, autor de Carnaval de Ijexá. Só que, no começo, os descendentes de africanos ainda estavam confinados à periferia de Salvador.
Em 1895, sete anos depois da abolição da escravatura, a cidade parou, quando um grupo de negros da etnia nagô vestiu batas da África e desfilou, pelo centro, no Embaixada Africana, o primeiro afoxé. A partir daí os afoxés tomaram conta do pedaço.
Até
os anos 50, o Carnaval branco corria dentro dos clubes e o negro, na rua. Houve, então, uma revolução tecnológica do trio elétrico. Atrás dele, surgiram multidões enlouquecidas, pulando e misturando frevo, marchinhas e música popular em geral. Em 1987 o bloco Olodum aderiu ao caminhão eletrificado, e a inspiração africana juntou-se à cultura pop dos trios. Nasceu, assim, o Carnaval do axé. Uma fusão escaldante de culturas e ritmos de várias origens, mas com a raiz africana dando o tempero geral.
A
cada ano o Carnaval baiano se renova com a vitalidade extraída da raiz africana. Não por acaso, axé, palavra que significa força, energia e saúde em ioruba, virou símbolo de festa.
São
inúmeras as opções para quem quer curtir o carnaval no interior do Estado. Muitas cidades oferecem o antigo carnaval, com bandinhas, fanfarras e desfile de fantasias e máscaras, sendo ótimas opções para famílias e crianças. A cidade de Maragojipe, a cerca de 140 km de Salvador (via BR-324) tem um Carnaval à moda antiga, com direito a máscaras e fantasias. Em 2009 sua folia foi reconhecida como Patrimônio Imaterial pelo governo baiano. Lá é sede de uma das mais tradicionais festas carnavalescas da Bahia, que detém uso de máscaras, instrumentos musicais típicos e fantasias diversas, entre outras alegorias.
A celebração da festa momesca em Itacaré agrada não só os nativos, mas também os turistas que estão na cidade passando o feriado. Eles aproveitam as praias e as trilhas pela mata durante o dia e tem diversão garantida à noite. Para a prefeitura, o carnaval traz benefícios não apenas como alternativa de lazer, mas também ajuda a incrementar a economia local.
O Carnaval de Juazeiro é realizado desde 1914. Já o CarnaPorto, em Porto Seguro
tem muitos
dias de folia.
O
Carnaval de Palmeiras é um dos mais importantes da Chapada Diamantina. Foi introduzido na cultura da Chapada Diamantina em 1926. Eram exibidos pelas ruas da cidade sete cordões acompanhados por bandas próprias, sendo os mais importantes o Cordão das Fadistas e o Cordão dos Torcedores da Folia. Hoje a folia de Palmeiras comemora 90 anos.
OLHO:
“Ah! imagina só que loucura essa mistura/Alegria, alegria é o estado que chamamos Bahia/De Todos os Santos, encantos e Axé, sagrado e profano, o Baiano é carnaval/Do corredor da história, Vitória, Lapinha, Caminho de Areia/Pelas vias, pelas veias, escorre o sangue e o vinho, pelo mangue, Pelourinho/A pé ou de caminhão não pode faltar a fé, o carnaval vai passar/Da Sé ao Campo-Grande somos os Filhos de Gandhi, de Dodô e Osmar/Por isso chame, chame, chame, chame gente/Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta/É um verdadeiro enxame, chame chame gente/Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta” (Chame Gente, de Moraes Moreira)
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